AGRISHOW 2024
Agrishow 2024: somente um Plano Safra virtuoso pode recuperar setor no segundo semestre, declara presidente da feira
João Carlos Marchesan diz que terá encontro com Ministro da Fazenda em breve e reafirma a necessidade de juros de "um dígito” no próximo Plano Safra
4 minutos de leitura 02/05/2024 - 12:49
Por: Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com
A dois dias do fim da Agrishow 2024, o clima ainda é de otimismo para a organização do evento – mesmo que nos estandes, vendedores e até visitantes comentem que o movimento está mais fraco nesta edição. O presidente da Agrishow, João Carlos Marchesan, aposta na recuperação das vendas de máquinas agrícolas no segundo semestre do ano, depois que o Plano Safra 2024/2025 for anunciado. É que a expectativa do setor – e de outros ligados ao agronegócio – é de uma taxa de juros mais baixa e de mais recursos para custeio e investimento.
Em conversa com o Agro Estadão, Marchesan afirma que é necessário renovar o maquinário brasileiro, mas para isso, o custo do dinheiro precisa ser compatível com a capacidade de retorno das empresas. O presidente da feira e também da Abimaq, fala sobre a estrutura do evento e adianta que, em 2025, serão criados mais dois acessos para facilitar a entrada dos visitantes.
Agro Estadão – A expectativa para a Agrishow segue a mesma, de manter os resultados de 2023? Como está a avaliação até o momento?
João Carlos Marchesan – O agricultor é aquela pessoa que está sempre procurando algo novo, algo que vai resolver o problema dele porque está em busca de redução de custo e melhoria de produtividade e aqui eles encontram isso. E, também, 50% das máquinas do Brasil têm de 10 a 15 anos de idade. Mesmo assim, nós vamos, nos próximos 10 anos, crescer dois milhões de hectares por ano para atingir 100 milhões de hectares plantados. [Os produtores] Deverão produzir 450, 500 milhões de toneladas de grãos. O agro não vai parar; não é um ciclo que teve problema climático que impede. o que teve é uma acomodação. Se bem que o Brasil planta 80 milhões de hectares, mas usa 45 milhões, porque tem duas safras e alguns lugares até a terceira safra. Isso é uma virtude que o Brasil tem que ninguém tem no mundo.
Agro Estadão – Qual sua avaliação sobre a queda nas vendas de máquinas agrícolas registrada neste primeiro trimestre de 2024?
João Carlos Marchesan – O custo do dinheiro para investimento está além da capacidade que o produtor consegue gerar de retorno. Por isso, estamos trabalhando com o governo sobre a forma como as máquinas são financiadas hoje. Nós dependemos, exclusivamente, do Finame e para comprar uma máquina, se paga de 15% a 18% ao ano [de juros]. Não tem nada que retorne isso aí. Agora foi aprovado no Congresso [Nacional] a depreciação acelerada, onde você compra uma máquina, em vez de depreciar em 10 anos, você pode depreciar em dois. Isso ajuda, mas não vai resolver enquanto não tiver um custo do dinheiro compatível com a capacidade de retorno das empresas.
Agro Estadão – O setor espera uma queda de 15% nas vendas de máquinas agrícolas. É possível recuperar no segundo semestre?
João Carlos Marchesan – Olha, dependendo de um Plano safra, se for virtuoso, principalmente com volume de recursos suficientes e custo do dinheiro no máximo de um dígito, nós entendemos que haja recuperação. Porque, por outro lado, os preços dos insumos, fertilizantes, defensivos e máquinas baixaram bastante e chegaram ao nível de pré-pandemia. Os ganhos estão melhorando, o produtor vai pegar a safra de milho em junho, julho e agosto e vai fazer dinheiro. Ele está comercializando a soja que está sendo colhida – embora a preços baixos, mas ele vai acabar fazendo dinheiro. E a safra que será plantada em outubro, novembro, essa sim vai viabilizar o negócio no segundo semestre, em que estamos esperando uma recuperação.
Agro Estadão – O governo está falando em um Plano Safra 2024/2025 recorde de recursos. O senhor já tem alguma informação mais concreta?
João Carlos Marchesan – É a promessa de um Plano Safra recorde. Estamos trabalhando nisso, estamos confiantes, temos conversado com todas as autoridades. Essa semana vamos conversar com o ministro [Fernando] Haddad para equacionar o Plano Safra. Ainda não temos informação nenhuma, temos conversado com técnicos, temos dito: nós precisamos de um Plano Safra onde o custo do dinheiro seja de um dígito. Do jeito que está hoje, a 12,5%… e não existe esse dinheiro. O custo do dinheiro que captamos nos bancos particulares e oficiais, é 15% ao ano. É exorbitante.
Agro Estadão – Este ano tem recorde de expositores na Agrishow, com 800 empresas. E para o ano que vem, o que o senhor pode adiantar de mudanças na estrutura para comportar mais?
João Carlos Marchesan – Já começamos as tratativas agora, assim que terminar Agrishow, já começa para o ano que vem. A ideia é ampliar mais, porque ficaram muitos países de fora… Nós temos China, Itália e Alemanha de expositores. Mas temos Índia, Turquia e outros países que queriam participar.
Agro Estadão – Sobre a infraestrutura, há intenção de melhorar os acessos à feira?
João Carlos Marchesan – Nós fizemos muita melhoria, triplicamos o volume de banheiros, aumentamos a quantidade de restaurantes, com food trucks para quem quer fazer um lanche rápido. Foi desenvolvido o aplicativo para facilitar a mobilidade nos 25 km de ruas. Criamos mais três acessos de entrada e mais quatro de saída. Mas acontece que temos um problema viário dentro de Ribeirão Preto. O Anel Viário Duarte Nogueira não comporta mais o fluxo da cidade. Para o ano que vem, vamos fazer mais dois acessos para facilitar a entrada.
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