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Pesquisa da USP identifica planta nativa que combate a doença da abobrinha 

Extrato do limoeiro-do-mato evitou desenvolvimento do vírus do mosaico amarelo na abobrinha italiana

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Igor Savenhago | Ribeirão Preto

29/11/2024 - 08:00

Planta de abobrinha infectada com o vírus do mosaico amarelo: doença foi totalmente combatida em laboratório. Foto: Arquivo Pessoal
Planta de abobrinha infectada com o vírus do mosaico amarelo: doença foi totalmente combatida em laboratório. Foto: Arquivo Pessoal

Uma pesquisa desenvolvida no Departamento de Botânica da Universidade de São Paulo (USP) identificou uma planta nativa brasileira capaz de combater o vírus do mosaico amarelo da abobrinha, até hoje sem antídoto. O biólogo Elielson Rodrigo Silveira, doutorando em Fitoquímica, conseguiu demonstrar que o extrato do limoeiro-do-mato (Seguieria langsdorffi) evita o aparecimento do mosaico. 

A variedade usada foi a abobrinha italiana (Cucurbita pepo), uma das mais comuns do país e cultivada, principalmente, no estado de São Paulo, por agricultores familiares. Em 2023, as propriedades paulistas colheram, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 57 mil toneladas da hortaliça, movimentando um valor estimado em R$ 144 milhões na economia.

“A abobrinha italiana é um produto fundamental para a agricultura brasileira. É facilmente cultivada e costuma dar um retorno rápido. Quarenta dias após o plantio, já pode ser colhida. Apesar disso, sofre muito com os danos provocados pelo vírus. E, até, então, não havia uma forma de combatê-lo, a não ser arrancar os pés infectados”, afirma Silveira. 

Se as providências não forem imediatas, a doença, que é transmitida por pulgões, pode se espalhar rapidamente, provocando danos graves, como formação de mosaicos amarelos nas folhas, deformações e frutos inviáveis para comercialização. O resultado é uma queda drástica da produtividade da abobrinha. 

Na tentativa de eliminar os pulgões, os produtores utilizam inseticidas. A estratégia, porém, pode comprometer, segundo Silveira, a biodiversidade, já que pode provocar a morte de outros organismos, como as abelhas, importantes na polinização, além de contaminar a água que abastece a propriedade. 

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Solução na natureza

Diante disso, a pesquisa, orientada pela professora Déborah Santos e desenvolvida em colaboração com o Instituto Biológico de São Paulo (IB), com apoio de um pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal, se debruçou sobre a possibilidade de desenvolver uma solução natural eficaz no combate ao vírus. 

“Nosso grupo de pesquisa já trabalhava com um grupo de plantas capazes de induzir respostas. E identificamos que o limoeiro-do-mato é eficaz no caso da abobrinha italiana”, explica o doutorando. 

Para chegar ao resultado, ele observou dois grupos de plantas infectadas com o vírus zucchini yellow mosaic virus (ZYMV), causador do mosaico. Um desses grupos recebeu pulverização com o extrato e outro não. No que recebeu, nenhuma das plantas de abobrinha manifestou a doença – o que foi comprovado com testes imunológicos.

abobrinha pesquisa
Elielson Rodrigo Silveira explica que, por ser natural, o extrato de limoeiro-do-mato não oferece riscos de contaminação ambiental. Foto: Arquivo Pessoal

Com o sucesso em laboratório, o próximo passo é fazer experimentos no campo. Apesar de não ser o foco do estudo, Silveira espera que o extrato se torne acessível aos produtores familiares. “O objetivo é oferecer uma ideia de produto que possa ser facilmente integrado às práticas agrícolas existentes, sem a necessidade de tecnologias complexas ou custos elevados”, avalia.

Por ser natural, o extrato não oferece risco de contaminação do solo nem dos recursos hídricos, ajudando a preservar a biodiversidade local e promover uma agricultura mais sustentável. “Isso é especialmente importante em um mercado que valoriza cada vez mais alimentos saudáveis e livres de resíduos químicos”, conclui o pesquisador. 

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