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Interior de São Paulo registra primeiro clone de cavalo da raça BH

Potra Magnólia Mystic Rose TN1, da raça Brasileiro de Hipismo, tem genética de campeã

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Igor Savenhago | Ribeirão Preto (SP)

27/06/2025 - 08:48

Magnólia Mystic Rose TN1 nasceu em outubro de 2024 e foi registrada agora em junho. Foto: Haras Rosa Mystica/Divulgação 
Magnólia Mystic Rose TN1 nasceu em outubro de 2024 e foi registrada agora em junho. Foto: Haras Rosa Mystica/Divulgação 

O Haras Rosa Mystica, de Salto de Pirapora (SP), anunciou o registro do primeiro clone da raça Brasileiro de Hipismo (BH). Magnólia Mystic Rose TN1 (Transferência Nuclear 1) tem a carga genética idêntica à de Magnólia Mystic Rose, mãe de Miss Blue, que representou o Brasil em diversas provas equestres no mundo — entre elas, as Olimpíadas de Paris em 2024 — e foi considerada uma supercampeã mundial. 

Quem está à frente do haras, que tem 70 hectares, é o advogado Nilson da Silva Leite, que também é membro do Conselho Deliberativo Técnico da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos BH (ABCCBH). Ele começou no hipismo ainda na adolescência, aos 15 anos, após ler uma reportagem de jornal. Trinta anos depois, é um dos maiores incentivadores e divulgadores da BH, uma mistura de raças europeias desenvolvida no Brasil com vocação para saltos e que, por isso, é destinada a competições esportivas. 

A família Leite é criadora de BH há mais de duas décadas. Possui 120 animais e foi a primeira a importar sêmen de cavalos do ex-atleta alemão Paul Schockemöhle, que fez sucesso nas décadas de 1970 e 1980, participando de Jogos Olímpicos, campeonatos europeus e mundiais, e depois se tornou criador e treinador de cavalos para a prática de esportes. 

A história dos Leite tem raízes em Brumado, na Bahia, onde os bisavós de Nilson — um coronel e uma escrava — se conheceram. Um dos filhos deles, o avô paterno de Nilson, saiu da Bahia para Marília (SP), onde nasceu o pai de Nilson, Sr. Jozias – que, por sua vez, foi para São Paulo, onde trabalhou como metalúrgico.  

“Quando meu pai se aposentou, quis voltar para o interior e comprou uma propriedade em Salto de Pirapora. Como meus irmãos e eu já montávamos nas hípicas, passamos a investir em cavalos para esporte”, conta Nilson. “Quando comecei a montar, queria ir para as Olimpíadas, mas percebi que não tinha o dom para ser um cavaleiro. Resolvi partir, então, para criar cavalos olímpicos”, lembra.   

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Magnólia

Nilson explica que a decisão de clonar Magnólia Mystic Rose teve dois motivos. Uma afetiva, já que a égua chegou aos 15 anos, idade considerada limite para práticas esportivas de alto nível, e outra estratégica: além de Magnólia ter sido finalista dos Jogos Pan-americanos representando a Guatemala, a filha dela, Miss Blue – que morreu nesta semana, após um problema intestinal -, foi o único animal brasileiro a vencer grandes competições na Europa, como o Grand Prix Longines de Hamburgo, na Alemanha, em 2024, e o GP Rolex, de Roma, na Itália, em maio deste ano.  

Nas Olimpíadas de Paris, ela foi montada pelo cavaleiro Yuri Mansur. Apesar de o conjunto não ter conseguido se classificar às finais, Nilson afirma que Miss Blue foi um “marco genético”. “E por que clonar a mãe da Miss Blue e não a própria Miss Blue? Porque, na criação, o mais importante é ter a matriz que gera cavalos campeões. E a Magnólia demonstrou que consegue gerar uma filha campeã. O clone é uma maneira, então, de ter uma cópia de segurança da minha ‘galinha dos ovos de ouro’. Esse clone vai permitir, ao longo do tempo, que eu possa cruzar com garanhões mais novos sem preocupação com a idade [da fêmea]”, conta Nilson Leite. 

O processo 

No haras em Salto de Pirapora, Magnólia e seu clone dividem o mesmo piquete. Foto: Haras Rosa Mystica/Divulgação

A clonagem foi feita pela empresa In Vitro, de Mogi Mirim (SP). Veterinários coletaram material genético do pescoço do animal a ser clonado, a Magnólia. Em laboratório, uma linha genética desse material foi separada e conservada em botijões de nitrogênio líquido — o que permite produzir novos clones a qualquer tempo. 

O DNA dessa linha genética foi inserido, então, em oócitos — células reprodutivas das fêmeas —, que receberam uma espécie de choque para que começassem a se multiplicar, já que não houve fecundação. Ao se tornarem um embrião, foi feita a transferência para uma égua receptora, preparada com hormônios para uma gestação. 

Todo esse processo custou ao proprietário cerca de R$ 500 mil. Investimento que espera recuperar rápido. Segundo ele, o clone, que foi registrado neste mês de junho, mas nasceu em outubro, já vale R$ 500 mil. Conforme as características que forem sendo observadas no desenvolvimento da potra — que divide um piquete no haras com a Magnólia original —, ela poderá participar de competições ou se voltar à reprodução, já que terá uma genética altamente valorizada no mercado. 

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O otimismo é tamanho que Leite já planeja mais um clone da Magnólia. “A proposta é cumprir um planejamento para continuar tendo uma cópia de segurança. Até porque, se eu iniciar um novo procedimento agora, só vou ter retorno dentro de quatro a cinco anos”. 

Por outro lado, ele garante que o objetivo não é que clonagem concorra com a reprodução convencional, mas que seja um suporte para permitir a continuidade do bom desempenho da raça. “[A clonagem] é uma ferramenta que vem para agregar à criação. Não para sair clonando qualquer animal, mas para ser usada para algo que realmente faça sentido”, diz. 

Clonagem no Brasil

Em em 13 de novembro de 2024, foi sancionada Lei nº 15.021/2024, que permite e regulamenta a clonagem de animais no país. Essa legislação estabelece normas para a produção, manipulação, importação, exportação e comercialização de material genético e clones de animais, especialmente os criados para atividades ligadas à agropecuária e ao melhoramento genético.

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