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Sustentabilidade

Produtores de cana querem ajuste na paridade internacional da gasolina

Orplana estima safra 25/26 de cana com 10% de redução, ficando entre 605 e 618 milhões de toneladas. Entidade reivindica mais uso de etanol

Nome Colunistas

Daumildo Júnior | Brasília | daumildo.junior@estadao.com

04/04/2025 - 13:30

Foto: Cana Summit/Divulgação
Foto: Cana Summit/Divulgação

Mais de 600 produtores de cana estiveram reunidos em Brasília (DF) entre os dias 02 e 03 de abril para tentar uma aproximação com Legislativo e Executivo tanto da esfera federal como estadual e municipal por meio do Cana Summit 2025. Na pauta dos pedidos, pelo menos dois aspectos são destacados: revisão do preço de paridade internacional da gasolina e mais incentivo ao uso de etanol nos carros flex. 

O evento foi capitaneado pela Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana). O CEO da entidade, José Guilherme Nogueira, explicou os dois pontos. No caso da paridade internacional da gasolina, a queixa é de que há uma defasagem em relação aos preços internacionais, impactando no preço do combustível e, consequentemente, do etanol. 

“Com isso, o preço da gasolina fica represado como no ano passado e o preço do etanol não sobe, consequentemente, a remuneração do produtor fica represada. A Petrobrás é quem determina o preço da paridade internacional. E a gente tem monitorado isso mês a mês, não só da gasolina, mas do diesel também. Sabemos da volatilidade dos preços, entendemos isso, mas a importância é colocar o etanol como protagonista, como principal condutor da matriz”, disse Nogueira ao Agro Estadão.

Já no aspecto do uso do etanol, a intenção dos produtores é de que haja mais estímulos para utilização do biocombustível por parte da população. “A cada dez carros abastecidos no Brasil hoje, somente três colocam etanol hidratado. Poderia ser o inverso. Então, políticas públicas de incentivo do etanol, não somente no governo federal, mas nos estados, esse certamente é outro ponto importantíssimo”, destacou. 

CEO ORPLANA José Guilherme Nogueira
CEO da Orplana, José Guilherme Nogueira, defende mais uso de etanol. Foto: Cana Summit/Divulgação

Segundo o CEO, esses pleitos serão entregues ao poder público através da Carta de Brasília. “A gente formaliza essa carta e aí endereça para quem é de responsabilidade. Cada ponto vai para os seus respectivos responsáveis”. 

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Revisão dos parâmetros do Consecana

A cada cinco anos, o Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do estado de São Paulo (Consecana-SP) passa por uma revisão dos parâmetros que balizam os preços pagos pela cana aos produtores. No ano passado, os estudos começaram com a contratação da FGV para a realização dos novos parâmetros. Se esperava que os parâmetros já estivessem prontos em março, mas um pedido de mais informações técnicas postergou a implementação. 

“A revisão está acontecendo e deve chegar nos itens finais agora no mês de abril, no máximo no mês de maio, para que a gente finalize esse processo, mas ele já está 90% encaminhado”, comentou o CEO. Ele também garante que as novas bases vão valer retroativamente para a safra 2024/25 que encerrou em março. 

Uma das mudanças que pode acontecer é o pagamento aos produtores de cana pelo bagaço, que muitas vezes é utilizado na produção de energia, por exemplo. “A inserção do bagaço nos estudos é um pedido da Orplana para verificar se a gente consegue ter a participação do bagaço no valor pago ao produtor”, afirmou Nogueira. E ponderou: “a gente precisa de um acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia) para chegar num denominador final e conseguir a inclusão do bagaço”.

Preços e aumento da mistura do etanol na gasolina

Nesta quinta-feira, 03, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, projetou que ainda neste semestre o Brasil deve aumentar a mistura de etanol na gasolina de 27,5% para 30%. Na avaliação da Orplana, a medida é positiva e traz um estímulo ao setor, mas a tendência é que os efeitos de valorização do etanol sejam anulados ao longo do tempo. 

“A gente tem o etanol de milho aumentando na mesma proporção, então, deve equalizar. No curto prazo, o produtor de cana pode se beneficiar com os preços, mas com o etanol de milho entrando, os preços se equalizam. Os efeitos ficam no zero a zero [no médio prazo]”, pontuou o CEO. 

Nogueira não demonstra preocupação com uma possível concorrência com o etanol de milho. Segundo ele, a solução passa por mais destinação da cana para o açúcar e da abertura de novos mercados internacionais. Neste último caso, ele cita Canadá e China como países que precisam colocar mandatos de mistura de etanol na gasolina, o que seria uma oportunidade para o Brasil.  

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