Sustentabilidade
Em MT, reflorestamento atinge meta, mas falha em diversidade
Embrapa registra cobertura superior a 80% em Sinop, mas regeneração natural ainda não cumpre critérios legais

Paloma Santos | Brasília
23/06/2025 - 17:47

Um estudo, publicado pela Embrapa Florestas, avaliou uma área experimental de reflorestamento de Reserva Legal (RL) implantada em 2012 no município de Sinop, no norte de Mato Grosso. A pesquisa faz parte das ações iniciadas após o Novo Código Florestal e pretende apoiar a regularização ambiental das propriedades rurais.
Após oito anos de monitoramento, os resultados indicam que a cobertura de copas superou os 80% em três dos quatro tratamentos, atendendo à meta mínima estabelecida pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema-MT). No entanto, os indicadores de regeneração natural — densidade e riqueza de espécies — ainda estão aquém do exigido pela legislação.
A maior densidade registrada foi de 1.083 indivíduos por hectare, quando o mínimo legal é de 3.000. Já a riqueza máxima observada foi de 10 espécies por tratamento, abaixo do parâmetro de 20 espécies nativas por hectare. Em relação à diversidade, os dois reflorestamentos com melhor desempenho apresentaram dez espécies, enquanto o de menor desempenho registrou apenas cinco.
O pesquisador da Embrapa Florestas, Ingo Isernhagen, destacou, por meio de comunicado enviado à imprensa, que a avaliação foi realizada doze anos antes do prazo final estipulado para o cumprimento dos critérios. Segundo ele, os resultados já servem como base para intervenções técnicas em áreas similares.
“Este é o único experimento com esse nível de monitoramento e com essa idade que tenho conhecimento em Mato Grosso. É importante termos esses parâmetros para pensar em possíveis intervenções que contribuam para o alcance dos indicadores definidos pela Sema. Mas isso não significa que, se nenhuma ação for feita, a regeneração não ocorrerá”, afirmou no texto.
De acordo com a estatal, entre as intervenções discutidas estão podas de árvores para aumentar a entrada de luz no sub-bosque, plantio de novas mudas e semeadura direta de espécies nativas. “Nosso objetivo é contribuir com os produtores que precisam recuperar suas áreas — seja para cumprir a legislação, seja para gerar renda com produtos como madeira, frutos e essências florestais”, completou Isernhagen.

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