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Queimadas no Brasil em 2023 atingiram 2,15 milhões de hectares
Levantamento do MapBiomas mostrou que o número de queimadas no primeiro semestre de 2023 caiu 1% em relação ao mesmo período do ano passado
4 minutos de leitura 31/08/2023 - 10:00
Um levantamento feito pelo MapBiomas Brasil mostrou que, no primeiro semestre de 2023, 2,15 milhões de hectares no Brasil foram queimados. O instituto, formado por organizações não governamentais (ONGs), universidades e empresas de tecnologia, apontou que o número representa uma diminuição de 1% do total da área queimada no mesmo período do ano passado. Apesar disso, o volume de queimadas na Amazônia e a expectativa do fenômeno El Niño preocupam especialistas.
Áreas mais afetadas pelas queimadas
Segundo o levantamento, 68% de todas as queimadas aconteceram na Amazônia. O bioma teve 1,45 milhão de hectares queimados, um aumento de 14% em relação ao mesmo período do ano passado. 84% das áreas queimadas em todo o País representavam zonas de mata nativa.
O cerrado foi o segundo bioma mais afetado; na área, foram 639 mil hectares destruídos, o que representa 30% do total de queimadas no País. O número de hectares afetado foi 2% superior ao primeiro semestre do ano passado. Vale lembrar que no cerrado algumas queimadas são realizadas como estratégia de prevenção de incêndios florestais do Manejo Integrado do Fogo (MIF).
O cerrado é uma das áreas mais preocupantes para os especialistas, isto porque o período da seca ainda está começando e o bioma é bastante suscetível a incêndios florestais, sejam de causas naturais ou não. Além disso, este ano deve ser marcado pelo início do fenômeno El Niño, que deve diminuir a média de precipitações em boa parte dos Estados que abrigam o cerrado.
Outros biomas do Brasil trouxeram a boa notícia de uma redução significativa de queimadas. A Mata Atlântica e o Pantanal tiveram o menor índice de queimadas dos últimos cinco anos, foram 10.220 hectares e 13 mil hectares queimados, respectivamente.
A Caatinga e os Pampas também continuaram a tendência de queda iniciada no ano anterior, com 818 hectares e 7 mil hectares atingidos respectivamente.
Porcentagem de queimadas por Estado
Roraima concentrou quase metade das queimadas do primeiro semestre de 2023, só no Estado foram quase 1 milhão de hectares destruídos. As cidades mais afetadas foram Normandia, Pacaraima e Boa Vista.
Além de Roraima, os outros destaques negativos ficam para Mato Grosso, com 258 mil hectares queimados, e Tocantins, com 254 mil hectares. Apenas os três Estados são responsáveis por 82% do total das áreas queimadas no período.
Segundo o MapBiomas, a atividade agropecuária que mais foi responsável por queimadas foram as pastagens. No total, a prática respondeu por 8,5% de todas as queimadas no País no período, cerca de 183 mil hectares.
Preocupação com o mês de junho
Mesmo com dados estáveis em relação ao ano anterior, os números de junho foram preocupantes. Segundo o MapBiomas, houve um aumento de 203% nas queimadas em relação a maio de 2023. Ao total, foram 503 mil hectares queimados no mês, 81% destes eram de áreas de vegetação nativa. No período, o Cerrado foi o bioma mais afetado, com 425 mil hectares queimados. Em seguida está a Amazônia, com 102 mil hectares queimados em junho.
Muitas queimadas acontecem em unidades de conservação e estações ecológicas, dificultando o trabalho de combate aos incêndios. As áreas que mais sofreram em junho foram a Estação Ecológica Serra Geral do Tocantins, o Parque Nacional dos Campos Amazônicos e o Parque Nacional do Araguaia.
Consequências das queimadas
As queimadas têm sérias consequências para o Brasil, tanto em termos ambientais quanto sociais e econômicos. Um dos principais problemas é a extinção de plantas, que muitas vezes têm potencial medicinal que sequer chegaram a ser exploradas. Vale lembrar que a Amazônia e a Mata Atlântica são alguns dos biomas com maior diversidade biológica do planeta.
Além disso, muitas espécies de animais ficam sujeitas à diminuição da população e ao risco da extinção, o que afeta grande parte das cadeias alimentares dos biomas.
A destruição da mata nativa afeta todo o regime climático do País, sendo responsável pela diminuição das chuvas em várias áreas do território nacional. Como consequência, a temperatura é alterada, tanto na região diretamente afetada, pela ausência de sombras, mas também em regiões distantes, seja pela ausência de chuva, seja pelo transporte da poluição decorrente de queimadas.
Além dos problemas ambientais, as queimadas afetam a qualidade de vida e a produção brasileira. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), durante a época de queimadas, diversas pequenas localidades na Amazônia apresentam uma qualidade do ar menor do que a de São Paulo. Muitas dessas áreas não têm infraestrutura para tratar os problemas respiratórios da população, levando a uma verdadeira crise humanitária.
A alteração do meio ambiente afeta diretamente a produção agropecuária brasileira. Como foi visto nos últimos anos, com a presença do fenômeno La Niña, a estiagem pode ser potencializada pela falta de vegetação nativa, que não produz mais os rios voadores que abastecem todo o País com chuva. A maioria das principais safras de commodities brasileiras é afetada por essas consequências.
Com uma preocupação ambiental crescente no mundo, muitos países estão deixando de cumprir acordos comerciais com produtores ligados à destruição ambiental. Tudo isso demonstra que a luta pelo fim das queimadas deve envolver o poder público, a iniciativa privada, produtores rurais e a sociedade civil, a fim de melhorar o meio ambiente e a economia de forma geral.
Fontes: EBC, CG Ambiental, Ciclo Vivo
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