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Piscicultura: vale a pena iniciar uma criação?

Conheça as principais etapas para começar a criação de peixes

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26/01/2023 - 10:00

Piscicultura vale a pena iniciar uma criação
Piscicultura vale a pena iniciar uma criação

A piscicultura é uma das modalidades da aquicultura. As especificidades dessa criação são o monitoramento e o controle dos peixes, desde o início da vida até o momento em que são atingidas as condições para consumo.

No Brasil, a produção em 2023 alcançou 887.029 toneladas de peixes de cultivo, um aumento significativo em relação às 840 mil toneladas registradas em 2021, segundo o Anuário da Piscicultura 2024 da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

O mercado continua empregando cerca de 1 milhão de produtores e agora movimenta aproximadamente R$ 9 bilhões.

A tilápia mantém sua posição de destaque, sendo responsável por 65% dessa produção, um aumento em relação aos 60% anteriores, alcançando cerca de 576 mil toneladas produzidas por ano.

Com o consumo interno e externo crescendo, mais produtores rurais começam a ver na atividade uma oportunidade de aumentar os lucros. Conheça as etapas do processo de criação de peixes, os gastos e o lucro potencial do negócio.

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Complexo de piscicultura no Acre. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Primeiros passos e estrutura de uma piscicultura

Os primeiros pontos a se considerar na hora de se tornar produtor de peixes são a relação do terreno, a estrutura necessária e as regulamentações legais. É preciso se orientar sobre as normas regulamentadoras da região onde a produção será instalada, já que o empreendimento utiliza recursos naturais e pode causar poluição.

No início do processo, também é importante realizar uma pesquisa de mercado, analisando potenciais concorrentes. Além disso, é necessário analisar a tendência de consumo local e a facilidade para a distribuição e a venda para distribuidores ou varejistas, pois tudo isso influencia diretamente a taxa de lucro final.

A piscicultura pode ser realizada em diferentes lugares: diretamente no mar, em lagos com tanques-redes ou artificiais, em tanques comuns, em barragens e em viveiros. Os métodos mais utilizados são construção de lago artificial, tanque escavado e viveiro.

Espécies para começar uma piscicultura

Decidir as espécies a serem criadas é parte crítica para determinar o sucesso da operação. A escolha precisa levar em consideração o clima, a qualidade da água e da ração, o tamanho do tanque, a preferência do consumidor e a aceitação no mercado.

Algumas das opções mais utilizadas por quem vai começar na piscicultura são tilápia, bagre, carpa capim, carpa colorida e húngara, pacu, curimbatá, dourado, lambari, piaçu e piracanjuba.

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Vale ressaltar que o Brasil é agora o quarto maior produtor mundial de tilápia, demonstrando o potencial dessa espécie no mercado nacional e internacional.

Bagre, tilápia e carpa são as espécies mais indicadas por apresentarem rápido índice de crescimento e alta resistência. O bagre, por exemplo, atinge peso ideal para consumo (de 450 gramas a 700 gramas) entre 15 meses e 18 meses, quando bem alimentado.

O peixe também tem alta resistência, vivendo bem em tanques com baixo índice de oxigênio. Como é predador, desenvolve-se melhor com dietas ricas em proteínas.

A tilápia é o peixe mais produzido em razão do custo-benefício. Ela atinge peso de consumo (de 230 gramas a 450 gramas) em seis meses, desde que o clima seja favorável e a comida seja de qualidade. A manutenção do tanque pode ser pequena, e o peixe tem a fama de comer “qualquer coisa”.

Outra opção comum é a carpa, de diferentes famílias. Algumas podem chegar a mais de 20 quilos, porém são consumidas ao alcançar entre 2,2 quilos e 4,4 quilos. Entretanto, para chegar a esse peso, são necessários dois anos de criação.

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Tilápia, o peixe mais produzido no Brasil. (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)

Manutenção da piscicultura

O investimento para começar a criar peixes varia muito em razão de local, tipos de tanque e espécies escolhidas. Segundo dados de 2018 do site Nação Agro, o investimento para iniciar a criação em tanques e represas poderia variar entre R$ 12 mil e R$ 70 mil por ano.

Os lucros, na época, eram estimados em R$ 10 mil por hectare. Atualmente, os gastos cresceram significativamente.

Como a ração chega a representar 70% do custo da produção, os recentes aumentos das commodities, em razão da pandemia de covid-19 e do conflito na Europa, encareceram o produto final. No entanto, o potencial de lucro também aumentou, especialmente considerando o crescimento das exportações.

A alimentação requer cuidado especial. Os peixes precisam ser separados por idade, já que o número de vezes que se alimentam por dia aumenta conforme o crescimento.

Casais também precisam ser separados para a reprodução, e as ovas devem ficar em tanques específicos até completarem um mês de vida.

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Diferentes espécies têm dietas variadas, então é preciso investir em fornecedores de qualidade para garantir o aproveitamento da produção.

Por fim, vale lembrar que a atividade é regulamentada por legislações ambientais e fiscalizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), assim, é importante cumprir normas de higienização de tanques e garantir a saúde dos animais.

O produtor rural também precisa ter cadastro de piscicultor para realizar a atividade de forma legal.

Novidades da piscicultura

  1. Exportações em crescimento: As exportações da piscicultura brasileira têm mostrado um crescimento expressivo. Em 2023, o setor exportou US$ 24,7 milhões, um aumento de 4% em valor. No primeiro semestre de 2024, as exportações já atingiram US$ 23,7 milhões, equivalente a 96% do total registrado em todo o ano de 2023.
  2. Desafios atuais: O setor enfrenta desafios como o aumento dos custos de produção, especialmente da ração, e a necessidade de adaptação às mudanças climáticas. No entanto, essas dificuldades são contrabalançadas pelo crescimento contínuo da demanda interna e externa.
  3. Inovações tecnológicas: O setor tem investido em tecnologias para aumentar a eficiência da produção, como sistemas de recirculação de água, monitoramento automatizado da qualidade da água e uso de inteligência artificial para otimizar a alimentação e o manejo.
  4. Sustentabilidade: Há uma crescente preocupação com práticas sustentáveis na piscicultura. Produtores estão adotando métodos que reduzem o impacto ambiental, como o uso de probióticos para melhorar a saúde dos peixes e diminuir o uso de antibióticos.
  5. Diversificação de espécies: Embora a tilápia continue dominante, há um interesse crescente em espécies nativas, como o tambaqui, que têm ganhado espaço no mercado nacional e internacional.
  6. Oportunidades de mercado: Com o aumento do consumo de pescado no Brasil e no mundo, abrem-se novas oportunidades para os piscicultores, especialmente nos mercados de produtos processados e de valor agregado.

Fonte: Embrapa, Nação Agro, Engepesca, Egestor, Novo negócio

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