Summit Agro
Pecuária: aumento da produção de grãos pode reduzir custos?
O aumento da expectativa da safra de grãos não significa necessariamente uma redução de custos para a pecuária
08/04/2022 - 11:46
A pecuária brasileira tem enfrentado custos altos de produção, impulsionados principalmente pelas cotações recordes de soja e milho. Os principais grãos utilizados para a ração animal dobraram de preço nos últimos dois anos, de acordo com informações dos indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
O aumento é resultado do crescimento do consumo global, associado à restrição na oferta provocada, principalmente, por adversidades climáticas nos principais produtores mundiais. A consequência disso foi uma queda nos estoques. Isso pressionou as cotações das commodities utilizadas na alimentação animal.
Como o Brasil é o maior produtor mundial de soja e o maior exportador global de milho, qualquer alteração no volume produzido de grãos do País tem impacto direto na cotação das commodities — tanto no mercado doméstico quanto no internacional. Por isso, a cadeia produtiva da pecuária deve acompanhar de perto as expectativas sobre a safra.
Crescimento da produção de grãos
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em seu último Levantamento da Safra de Grãos 2021/2022, elevou as estimativas para a produção de grãos. De acordo com o órgão, o volume produzido nesta temporada será de 268,2 milhões de toneladas, o que significa crescimento de 5% em relação à safra anterior.
Esse aumento na produção, entretanto, não será linear para todas as culturas. A expectativa da Conab é de que o País colha 112,3 milhões de toneladas de milho, uma alta de 29% em relação a 2020/2021. A estatal indica que haverá recuperação na produção, que foi prejudicada pelas adversidades climáticas enfrentadas na primeira safra.
Já para a soja, o cenário é totalmente diferente. Mesmo com o plantio durante a janela ideal na maioria das regiões produtoras, o que gerou expectativas positivas, a oleaginosa deverá ter redução de quase 10% no volume produzido. A interferência climática do La Niña deverá limitar a produção a 125,5 milhões de toneladas.
Aumento da demanda
Ainda que a situação do milho pareça mais confortável do que a da soja, o Brasil poderá enfrentar um balanço apertado do cereal em 2022. O consumo interno ultrapassará 76 milhões de toneladas, impulsionado pela indústria de proteína animal e pela produção de etanol, segundo estima a Conab. Isso representa alta de 10% em relação a 2020/2021.
As exportações de milho também devem crescer, passando de 20,9 milhões de toneladas na safra anterior para 35 milhões de toneladas na temporada 2021/2022. A elevação superior a 67% nos embarques é explicada pela desvalorização do real em comparação ao dólar, o que torna o produto brasileiro mais competitivo no mercado global.
Por outro lado, as projeções da Conab apontam para uma retração de 41% nas importações. Enquanto 2,9 milhões de toneladas entraram no País na safra 2020/2021, a estatal estima que apenas 1,7 milhão de toneladas serão importadas na temporada atual.
Alternativas para a nutrição animal
A cadeia produtiva da pecuária tem procurado alternativas de nutrição animal para fazer frente à elevação das cotações da soja e do milho. Qualquer alteração na alimentação dos rebanhos deve ser acompanhada por profissionais especializados para garantir o atendimento às demandas nutricionais.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) aponta que o arroz pode ser viável para reduzir os custos de ração na criação de suínos e aves. No caso da pecuária bovina, as polpas cítricas, o caroço de algodão e o trigo podem ser opções para a nutrição animal.
Fonte: Agro Bayer Brasil, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
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