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O que é nicho ecológico?
Entenda o que é, qual é a diferença entre nicho ecológico e hábitat e por que é importante protegê-los

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20/07/2023 - 10:00

Nicho ecológico é um termo fundamental na biologia que descreve o modo de vida de uma espécie dentro de um ecossistema.
Ele abrange todas as interações da espécie com o ambiente, incluindo como ela obtém alimento, se reproduz, evita predadores e compete com outras espécies. Essencialmente, o nicho ecológico representa o “papel” ou a “profissão” de uma espécie em seu ecossistema.
Comumente, o conceito é confundido com o hábitat, que se refere ao local físico onde a espécie vive.
Apesar de relacionados, os termos descrevem situações bastante diferentes, sendo o nicho ecológico mais abrangente, incorporando o conjunto de condições e recursos que permitem a uma espécie sobreviver e se reproduzir em um ambiente.
O que é nicho ecológico?
O termo descreve como as espécies se relacionam com o hábitat, ou seja, quais são seus hábitos de vida, como conseguem alimentos, como fogem de predadores, como se reproduzem, etc.
Nicho ecológico, portanto, se refere aos comportamentos que os seres vivos desempenham em um ecossistema. Além disso, o nicho ecológico inclui as condições físicas e químicas que a espécie necessita, como temperatura, umidade e pH do solo ou da água.
O conceito de nicho ecológico é dividido em duas categorias: nicho fundamental e nicho efetivo.
Nicho fundamental é o conjunto de condições que garante a existência de uma espécie em particular. Nesse caso, não são considerados as competições e conflitos com outros animais. Assim, pode-se pensar nos hábitos animais de um animal em seu hábitat sem ter que lidar com predadores.
O nicho fundamental representa o potencial máximo de uma espécie em termos de utilização de recursos e tolerância a condições ambientais, caso não houvesse competição ou outras limitações.
Já o nicho efetivo é a definição que engloba todas as características de vida de um animal mais as atitudes que ele precisa tomar para competir com outras espécies. Ou seja, além das características de vida, o nicho também engloba o modo como cada animal enfrenta predadores e outras condições adversas do seu hábitat.
O nicho efetivo é sempre menor ou igual ao nicho fundamental, pois reflete as restrições impostas pela competição, predação e outras interações ecológicas.

Qual é a diferença do nicho ecológico e do hábitat?
É praticamente impossível falar do comportamento de uma espécie sem falar sobre o local de sua ocorrência, portanto, o hábitat e o nicho ecológico estão extremamente ligados. A exemplo do rinoceronte: eles são grandes mamíferos que habitam savanas ou florestas, se alimentam de folhas, pastando no solo, são mais ativos à noite e se banham em lama e leitos de rios.
Nessa breve descrição, estão citados o hábitat e o nicho ecológico da espécie, em que o hábitat é a savana e o nicho são os seus hábitos, comportamentos e sua relação com o ecossistema.
Outro exemplo é o do peixe-palhaço, cujo hábitat são os recifes de coral, e seu nicho ecológico envolve a proteção contra predadores proporcionada pelas anêmonas, a limpeza destas e a alimentação de pequenos invertebrados.
Qual é a importância do nicho ecológico?
Os nichos ecológicos são fundamentais para a manutenção da biodiversidade e para o funcionamento dos ecossistemas. A coexistência de diversos nichos no mesmo hábitat molda como cada espécie vai procurar por alimentos e se proteger de predadores.
Assim, o desaparecimento de uma espécie pode afetar toda a cadeia alimentar do ecossistema. A compreensão dos nichos ecológicos é crucial para a conservação da biodiversidade, pois permite identificar espécies vulneráveis e implementar medidas de proteção adequadas.
Os nichos ecológicos também são importantes para a estabilidade dos ecossistemas, visto que as espécies que chegam a um hábitat de forma não natural não encontram predadores, tornando-se similares às pragas agrícolas e consumindo todos os recursos do local, o que afeta a subsistência de outros animais e até de vegetais.
A competição entre espécies com nichos sobrepostos pode levar à exclusão competitiva, onde uma espécie elimina a outra, ou à diferenciação de nichos, onde as espécies evoluem para utilizar recursos diferentes, minimizando a competição.
A manutenção dos nichos ecológicos naturais e equilibrados evita a perda da biodiversidade, pois cada espécie tem uma função vital no funcionamento de um ecossistema.
Diferentes seres vivos podem ter funções como regular populações de outras espécies, dispersar de sementes, polinizar de plantas, predar herbívoros, entre outras.
Além disso, eles desempenham um papel importante na ciclagem de nutrientes nos ecossistemas. Animais, insetos e seres microbiológicos têm funções específicas na decomposição de matéria orgânica, na fixação de nitrogênio, na polinização de plantas, entre outros processos.
Essas interações contribuem com a reciclagem de nutrientes e a manutenção dos ciclos biogeoquímicos. Por exemplo, as minhocas, ao cavarem túneis no solo, melhoram a aeração e a drenagem, facilitando a decomposição da matéria orgânica e a liberação de nutrientes para as plantas.

Quais nichos ecológicos existem no Brasil?
Alguns dos biomas brasileiros são campeões mundiais em biodiversidade, servindo de casa para muitas espécies e fazendo parte de seus nichos ecológicos. Os biomas que mais abrigam espécies no País são:
- Floresta Amazônica — maior floresta tropical do mundo, apresenta nichos ecológicos para animais como macacos, preguiças, aves tropicais, peixes de água doce, insetos e muitos outros; Nessa vasta floresta, existem nichos para polinizadores especializados, como abelhas e beija-flores, e para dispersores de sementes, como macacos e aves frugívoras.
- Pantanal — maior planície inundável do mundo, o Pantanal tem nichos ecológicos únicos para animais como jacarés, capivaras, ariranhas, aves aquáticas, sucuris e uma variedade de peixes adaptados às condições de inundação sazonal; O caranguejo-uçá, por exemplo, possui um nicho ecológico importante nos manguezais, atuando na ciclagem de nutrientes e na aeração do solo.
- Mata Atlântica — tem uma das maiores biodiversidade do mundo, que inclui primatas, aves, anfíbios, répteis e diversas espécies de plantas; A Mata Atlântica abriga nichos para polinizadores de orquídeas, como abelhas e mariposas, e para dispersores de sementes de palmeiras, como a araponga.
- Cerrado — a savana brasileira faz parte de nichos ecológicos para animais como antas, tamanduás-bandeira, lobos-guará, aves de rapina, entre outros; No Cerrado, o cupim possui um nicho ecológico fundamental na decomposição da matéria orgânica e na ciclagem de nutrientes.
- Caatinga — abriga espécies resistentes à seca, como tatus, lagartos, aves xerófilas e mais; O preá, um roedor típico da Caatinga, desempenha um papel importante na dispersão de sementes de plantas nativas.
- Mata de Araucárias — encontrada no Sul do Brasil, essa floresta apresenta nichos para animais como o papagaio-de-peito-roxo, a gralha-azul e mamíferos como o tamanduá-bandeira; A gralha-azul, por exemplo, possui um nicho ecológico importante na dispersão de sementes de araucária, contribuindo para a regeneração da floresta.
- Manguezais — ecossistema encontrado em várias Regiões do Brasil, abriga uma rica biodiversidade com animais como caranguejos, peixes de água salgada, aves migratórias e muito mais. O guaxinim, por exemplo, possui um nicho ecológico importante nos manguezais, alimentando-se de caranguejos e outros invertebrados.
Uma forma de não confundir hábitat com nicho ecológico é pensar o hábitat como o endereço e o nicho como o trabalho do animal. Enquanto o endereço é fixo, o trabalho envolve o deslocamento e as ações que serão realizadas ao longo do dia.
Fontes: Universidade Federal de Goiás, Casa da Ciências, Universidade de São Paulo

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