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NPK: tudo sobre o fertilizante

Saiba por que o composto é tão importante para o agronegócio e de que maneira utilizá-lo corretamente

8 minutos de leitura 15/04/2021 - 15:03

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O Brasil ficou conhecido como “a terra onde tudo que se planta dá”. Porém, a exigência por um manejo correto da plantação é cada vez maior. É graças a isso que o País é um dos líderes do agronegócio, com uma produção bruta prevista em mais de R$ 1 trilhão para este ano, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

Nesse sentido, os fertilizantes cumprem um papel fundamental para esse resultado. É por causa deles que há duas safras por ano sem desgastar o solo em definitivo, por exemplo. E o principal deles é o NPK. 

O que é o NPK ?

Tal como as pessoas, as plantas precisam de nutrientes para se desenvolver de forma saudável, e os principais são nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K), que dão nome ao principal composto da agricultura (NPK). Eles estão no topo das necessidades biológicas, sendo considerados macronutrientes primários.

Além deles, há os secundários, como cálcio, magnésio e enxofre, e os micronutrientes, como boro, ferro, zinco, manganês, cobre, molibdênio e cloro. No entanto, o trio NPK se sobressai em relação aos demais. Por isso, os produtores precisam suplementar a terra com as substâncias N, P2O5 e K2O, capazes de levar esses elementos até os vegetais

Entenda o papel que cada um desses elementos cumpre no desenvolvimento das plantas.

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  • O nitrogênio é importante para o crescimento de raízes, brotos, caules e folhas e, quando deficiente, a planta pode ficar amarelada. Como a planta absorve e acumula esse nutriente no início do seu ciclo de vida, deve-se planejar a aplicação antes mesmo do plantio.
  • O fósforo estimula a frutificação e a floração das plantas. A falta da substância em vegetais tende a deixá-los subdesenvolvidos e com uma coloração anormal. Isso ocorre porque o elemento é importante na formação da clorofila, que dá o aspecto verde, além de potencializar a capacidade de absorção de outros nutrientes e o desenvolvimento de raízes, frutos e sementes.
  • O potássio deixa o cultivo mais resistentes à ação de pragas e outros agentes nocivos. Uma planta com baixo potássio é mais fraca e tem menor rendimento. Ele é especialmente importante na formação de tubérculos e plantas rizomáticas, ou seja, que crescem de forma rasteira.

No ciclo natural, os vegetais que morrem e se decompõem oferecem nutrientes ao solo, retroalimentando a fertilidade do local. Entretanto, como as plantas são colhidas na agricultura, é comum que as terras tenham déficit nutricional. Assim, é importante devolver à terra os nutrientes necessários aos novos ciclos de plantio.

Outro fator que justifica a suplementação é o fato de que o solo brasileiro frequentemente apresenta alto teor de alumínio, metal que pode causar toxicidade nas plantas. Diante disso, pode-se optar pela adubação mineral ou orgânica, além de outras formas de manejo para neutralizar esse composto. 

Como saber qual NPK usar?

O produtor conta hoje com diferentes variações de NPK, a depender da dosagem necessária para cada cultivo e solo. Portanto, é importante que o uso seja prescrito por um engenheiro agrônomo, pois ele é quem está habilitado a tomar a melhor decisão em relação a essa utilização.

Entre as variáveis que esse profissional observará, está o período do ano em que as plantas mais demandam nutrientes. Nos meses frios, o metabolismo é mais lento, exigindo menos nutrientes; já nos meses quentes, ocorre o contrário, razão pela qual a fertilização de NPK na primavera e no verão é mais comum.

Seja qual for o uso, o fato é que esses adubos são fundamentais às plantas e, portanto, ao mundo agro. Dessa forma, é importante conhecer como se aplica e quais são os riscos de dosagem. 

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Quais são os tipos de NPK?

Há muitos tipos de NPK e diferentes usos possíveis. Do ponto de vista da origem, os fertilizantes podem ser classificados como orgânicos (ou naturais) e inorgânicos (químicos). Os primeiros são feitos a partir de matéria de origem vegetal ou animal e melhoram a qualidade do solo, oxigenando as raízes, permitindo uma absorção mais lenta e duradoura.

Os adubos químicos, por sua vez, são extraídos de minérios e do petróleo. O benefício desse uso é que os seus nutrientes são absorvidos pelas plantas de imediato. Mas, como ele não penetra na terra, o que não é absorvido acaba sendo desperdiçado. Portanto, é indicado para casos que precisam de resultados rápidos e pontuais.

Em relação às possíveis composições, os fertilizantes podem vir em diferentes proporções, e por isso é importante que se escolha a fórmula mais adequada. As mais comuns são:

  • NPK 4-14-8 (4 partes de nitrogênio, 14 partes de fósforo e 8 partes de potássio): indicada para espécies que produzem flores e frutos, a fórmula deve ser aplicada ainda no preparo do solo, antes do plantio.
  • NPK 10-10-10 (partes iguais dos 3 elementos): ideal para espécies que não florescem e não produzem frutos, é destinada para plantas já formadas. Pode ser aplicada em flores, folhagens, hortaliças e frutíferas.
  • NPK 15-15-20 (15 partes de nitrogênio, 15 partes de fósforo e 20 partes de potássio): rica em potássio, costuma ser usada no cultivo hidropônico e em hortas.

Como aplicar o NPK?

Além disso, os fertilizantes podem ser aplicados de diversas formas e com diferentes percentuais de concentração. A versão líquida, por exemplo, é recomendada para vasos de plantas e não em grandes cultivos.

Nas plantações maiores, como nas culturas de cana, soja e milho, que fazem muito uso do composto, o mais comum é aplicar o modo sólido e não superficial, uma vez que nutre a terra lentamente e tem um efeito a longo prazo. Contudo, a aplicação também pode acontecer em um processo superficial, quando são polvilhados flocos de NPK sobre o solo.

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Quais são os cuidados necessários na aplicação do NPK?

Antes do plantio, deve-se considerar qual é a necessidade daquela terra frente à cultura que ela receberá. Assim, pode-se preparar o solo para render o máximo possível, evitando seu desgaste e gerando plantas sadias. Por isso, a fertilização começa ainda na preparação do solo.

Outro momento que pode receber adubação é após o ciclo da planta: nas fases de colheita ou poda, pode-se balancear a perda de nutrientes. No entanto, isso deve ocorrer de acordo com a necessidade de cada plantio: se uma propriedade trabalha com trigo e maçã, por exemplo, a suplementação de nutrientes será diferente em cada espaço de cultivo.

O excesso de adubo também deve ser observado, pois esse fenômeno pode atrapalhar o desenvolvimento da planta e até causar queimaduras nela. Por isso, deve-se respeitar as indicações dos fabricantes e estar orientado por profissionais capacitados. Agir sem apoio especializado pode levar o “remédio” a se tornar um “veneno”.

É importante ter isso em mente porque a superdosagem de um nutriente pode ser tão danosa quanto à carência para o desenvolvimento das plantas. Ambas as situações podem gerar plantações frágeis, com menor produção, mais suscetíveis a pragas e doenças.

Portanto, economizar no acompanhamento profissional e na aquisição do fertilizante ideal pode encarecer o processo do manejo integrado de pragas, exigindo mais agrotóxicos, inclusive comprometendo a safra.

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O Brasil ainda é deficiente na produção de NPK

O Brasil está perto de ser o maior produtor de alimentos do mundo. Estima-se que isso pode ocorrer até 2025, caso o mercado continue aquecido e a demanda por importação de produtos se mantenha alta. E, em grande medida, o NPK explica essa superprodução.

O Brasil ocupa o quarto maior mercado de fertilizantes, atrás da China, da Índia e dos Estados Unidos. A utilização dos adubos químicos no país cresceu 450% nas três últimas décadas, ao passo que a média mundial não passou de 50%. É graças ao manejo correto do solo que os produtores brasileiros conseguem ter duas grandes safras por ano e responder à demanda mundial.

Segundo uma pesquisa feita em parceria entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, a Embrapa e o Departamento de Biotecnología y Bioquímica do México, o Brasil ocupa um lugar de destaque quando se analisa o balanço de nitrogênio, fósforo e potássio na agricultura da América Latina e do Caribe.

O estudo publicado pela revista Terra Latinoamericana revelou que o Brasil tem 47% das terras cultivadas na América Latina e no Caribe e, em 2016, respondeu por 44% do uso de NPK dessas regiões. Outros países grandes em território e produção agrícola, como Argentina e México, têm índices muito menores.

Por essa razão, considera-se que o Brasil é também o principal exportador de nitrogênio, fósforo e potássio, levando em conta o conjunto solo-planta. Em outras palavras, ainda que a maior parte do composto seja importado, esses elementos saem do país por meio dos produtos produzidos e vendidos ao mundo.

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Apenas a soja, cujas exportações estão em alta, corresponde a 70% de todo o nitrogênio que sai do país. Ela também é responsável por 56% do potássio e 54% do fósforo extraídos de terras brasileiras. 

Portanto, não é difícil entender que a fertilização NPK é importante para a estratégia do agronegócio, para a soberania alimentar e para a balança comercial do País. Porém, também em 2016, quase 80% dos fertilizantes usados na agricultura brasileira eram importados — trata-se de um gargalo que a indústria nacional precisa resolver.

Esse problema permanece no horizonte. O movimento de desindustrialização do Brasil, bem como a demanda internacional de médio e longo prazos e a alta do dólar, ainda pressionam o País a ocupar o lugar de exportador de commodities e importador de agregados tecnológicos de média e alta complexidades

Como resposta a esse movimento, o Brasil criou a maior rede de pesquisa, desenvolvimento e inovação do mundo em fertilizantes: a Rede FertBrasil. Esta é liderada pela Embrapa Solos, mas, por enquanto, os produtores brasileiros seguem dependendo do NPK produzido no exterior. 

Fonte: Scielo, Embrapa, CafePoint. 

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