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Mexerica, tangerina, poncã, bergamota: entenda os tipos e as diferenças

Entenda as variedades da fruta e por que os nomes geram tanta confusão

6 minutos de leitura 09/03/2023 - 10:00

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Quando o clima começa a esfriar, uma fruta de cheiro forte e cítrico domina várias partes do País. Poncã, mexerica, morgote, bergamota ou mimosa?

Existe muita confusão em relação a essa fruta, tanto pelas variedades existentes como pelas denominações regionais que recebe. Saiba um pouco mais da tangerina e das variações dela.

Tangerina: Origem e Benefícios

A tangerina (Citrus reticulata) é uma das frutas cítricas mais antigas do mundo, originária do sudeste da Ásia. Há registros de seu cultivo há milhares de anos na China, de onde se espalhou para outras regiões da Ásia e posteriormente para a Europa e América. Foi introduzida no Brasil no final do século XIX, onde encontrou condições ideais de solo e clima para prosperar.

Rica em nutrientes essenciais, a tangerina é um importante aliado para a saúde. Seus benefícios incluem:

  • Riqueza em vitaminas A e C: Fortalece o sistema imunológico, melhora a saúde da pele e combate os radicais livres.
  • Sais minerais: Como potássio, cálcio, magnésio e fósforo, que ajudam na manutenção da saúde óssea, no equilíbrio da pressão arterial e no funcionamento adequado dos músculos.
  • Fibra alimentar: Auxilia no trânsito intestinal, promove saciedade e ajuda no controle do colesterol.
  • Compostos antioxidantes: Ajudam a prevenir doenças crônicas, como diabetes e problemas cardiovasculares, além de combater o envelhecimento precoce.
  • Baixo valor calórico: Com cerca de 50 calorias por 100 gramas, é uma fruta ideal para dietas de controle de peso.

Além de ser consumida in natura, a tangerina é amplamente utilizada em sucos, doces, compotas e até na produção de óleos essenciais, usados na indústria cosmética e farmacêutica.

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Brasil é o 6º maior produtor de tangerina do mundo. (Fonte: Pixabay/Reprodução)

Nomenclatura das Tangerinas

A nomenclatura da tangerina varia consideravelmente, dependendo da região e da influência cultural local:

  • Sul: No Rio Grande do Sul, é chamada de “bergamota” ou “vergamota”.
  • Paraná e Santa Catarina: “Mimosa” é o termo mais comum, especialmente em Curitiba e no litoral.
  • Sudeste e Centro-Oeste: “Mexerica” domina em estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
  • Nordeste: Variam entre “mexerica”, “tangerina” e “laranja-cravo”.
  • Mato Grosso e Mato Grosso do Sul: O termo “poncã” é usado para várias variedades de tangerina.

A origem desses nomes também é diversa: “poncã” vem do japonês, “bergamota” tem raízes árabes, e “mexerica” deriva do verbo português “mexericar”, relacionado à facilidade em separar os gomos.

(Fonte: Pexels/Reprodução)

Tipos de Tangerina no Brasil

O Brasil cultiva diversas variedades de tangerina, cada uma com características distintas que atendem a diferentes preferências e usos. Abaixo, apresentamos os principais tipos:

Poncã

A poncã é a variedade de tangerina mais popular no Brasil. Conhecida por seus frutos grandes, possui uma casca macia e facilmente destacável, característica que facilita o consumo. Sua polpa é suculenta e doce, o que a torna uma das favoritas entre os brasileiros. Cultivada em praticamente todo o País, ela se destaca especialmente nas regiões Sudeste e Nordeste, onde encontra condições ideais de clima e solo.

Mexerica

Derivada da espécie Citrus deliciosa, a mexerica é facilmente reconhecida por seus frutos menores e sabor mais ácido em comparação à poncã. Essa variedade é amplamente apreciada por seu aroma intenso e pela versatilidade no consumo, podendo ser consumida in natura ou utilizada em receitas e sucos. Presente em várias regiões, é uma das tangerinas mais conhecidas e consumidas no Brasil.

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Morgote (ou Murcote)

O morgote, também conhecido como murcote, é um híbrido entre tangerina e laranja. Seus frutos são menores que os da poncã, e a casca é um pouco mais aderente aos gomos, mas ainda assim fácil de descascar. O sabor é uma combinação de doçura e leve acidez, o que torna essa variedade uma escolha popular para sucos e exportação. É amplamente cultivada nos estados de São Paulo e Paraná, onde seu alto rendimento tem atraído produtores.

Montenegrina (ou Mimosa)

A montenegrina é uma tangerina originária da região de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Essa variedade é menor do que a poncã e possui uma casca fina de coloração avermelhada, que se desprende facilmente. Seu sabor é equilibrado, combinando doçura e acidez, o que a torna bastante atrativa para o consumo in natura. Conhecida como “mimosa” em parte do Paraná e de Santa Catarina, a montenegrina é especialmente popular nas regiões Sul e Sudeste.

Tangerina-cravo (ou Laranja-cravo)

Muito comum no Nordeste e Norte do Brasil, a tangerina-cravo destaca-se por seu sabor marcante, com acidez pronunciada. Essa variedade é amplamente utilizada para sucos e receitas regionais, sendo um dos tipos mais encontrados em feiras e mercados dessas regiões. Por sua alta produtividade e resistência ao clima quente, ela é uma escolha frequente entre os produtores dessas localidades.

Dekopon

A dekopon é uma variedade japonesa que tem ganhado espaço no Brasil como uma fruta gourmet. Caracterizada por seus frutos grandes, casca grossa e sabor doce, a dekopon apresenta baixa presença de sementes, o que a torna especialmente apreciada. Seu formato peculiar, com uma espécie de “topete” na parte superior, é uma de suas marcas registradas. Embora ainda seja pouco produzida, vem conquistando espaço nos mercados de alto padrão.

Dancy

A dancy é uma tangerina menor, com cor intensa e casca fina. Seu sabor doce e aroma marcante a tornam uma opção muito valorizada, especialmente para exportação. Apesar de ser menos comum em grandes plantações brasileiras, é cultivada em pequenas propriedades e tem boa aceitação entre consumidores que buscam frutas diferenciadas.

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Outras Variedades

Além das citadas, existem outras variedades, como a Citrus nobilis Lour, conhecida como tangerina-real, que é rara no Brasil, mas muito apreciada por seu sabor extremamente doce e aroma inconfundível. A clementina Clemenules, por sua vez, é uma variedade sem sementes muito popular no mercado internacional, mas ainda pouco difundida no País.

A diversidade de tangerinas no Brasil reflete a capacidade de adaptação da fruta aos diferentes climas e regiões, permitindo que tanto variedades tradicionais quanto híbridas e exóticas prosperem. Esse leque de opções enriquece o mercado interno e fortalece a posição do Brasil no mercado global de cítricos.

Plantio e cultivo da tangerina

Clima e solo ideais

A tangerina prospera entre 23°C e 32°C. Temperaturas extremas prejudicam a produtividade. Solos profundos, bem drenados e ricos em matéria orgânica são os mais indicados. O pH ideal do solo é levemente ácido, entre 5,5 e 6,5.

Propagação e espaçamento

A técnica mais comum de propagação é a enxertia, utilizando porta-enxertos resistentes às condições climáticas da região. O espaçamento padrão é de 7 metros entre as linhas e 3,5 metros entre as plantas.

Pragas e como combatê-las

As principais pragas que afetam os pomares de tangerina incluem:

  • Mosca-das-frutas (Ceratitis capitata): Ataca os frutos maduros, causando queda e danos internos. Combate: uso de armadilhas e pulverizações específicas.
  • Ácaro-da-leprose (Brevipalpus phoenicis): Causa manchas nas folhas e frutos. Combate: aplicação de acaricidas específicos.
  • Pulgões (Aphis gossypii): Transmitem viroses. Combate: controle biológico com predadores naturais, como joaninhas.

Cuidados com Doenças

  • Cancro cítrico (Xanthomonas citri): Prevenção com mudas certificadas e podas regulares.
  • Clorose variegada dos citros (CVC): Causada pela bactéria Xylella fastidiosa. Manejo: controle de vetores como cigarrinhas e uso de porta-enxertos saudáveis.

Colheita e Pós-Colheita

A tangerina começa a produzir no segundo ano e atinge sua capacidade máxima entre o 10º e o 20º ano, com até 250 kg por planta anualmente. A colheita varia conforme a variedade:

  • Tangerina-cravo: Março a abril.
  • Mexerica do rio: Abril a maio.
  • Poncã: Junho a agosto.
  • Morgote: Até outubro.

Após a colheita, os frutos devem ser armazenados em locais frescos e secos. O transporte requer cuidados para evitar amassamento ou danos à casca.

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