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Índigo: como cultivar a planta que dá origem à cor do ano?
O cultivo do índigo é pouco conhecido no Brasil, mas tem grande importância no mercado de corantes naturais

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27/07/2022 - 10:00

O índigo é um dos corantes naturais mais antigos do mundo; os primeiros relatos relacionam o surgimento na Índia, que se apresenta como o centro mais longevo a aplicá-lo. Utilizado como corante azul em fibras naturais como algodão, o índigo é uma excelente opção sustentável para o mercado de tingimento.
Como cultivar índigo?

A leguminosa é um pequeno arbusto que pode chegar a até 1 metro de altura, uma planta de clima tropical, muito ramificada e cultivada a pleno sol, preferindo solos férteis e soltos com potencial hidrogeniônico (pH) entre 5 e 6.
Apesar de se reproduzir por meio de sementes, a planta apresenta dificuldades na germinação, causadas pela impermeabilidade do tegumento. Alguns pesquisadores recomendam o uso de ácido sulfúrico para a quebra de dormência das sementes.
O espaçamento utilizado para a cultura é de 0,5 metro por 1,5 metro, e a colheita das folhas e das hastes é feita antes do período de floração. Após isso, as folhas podem ser retiradas ainda uma segunda e terceira vez depois de 40 dias. O rendimento fica entre mil gramas por hectare a 1,2 mil gramas por hectare, correspondendo a uma colheita de aproximadamente 335 quilos por ano. Do plantio da semente até a extração do pigmento, são necessários 365 dias.
O gênero Indigofera spp compreende mais de 200 espécies entre variedades nativas e cultivadas. As principais espécies que dão origem ao corante são Indigofera sitmatrana, Indigofera arrela, Indigofera anil e Indigofera tinctoria.
Conhecida também como anileira, índigo japonês, índigo natural e anil-de-pasto, a planta chegou ao Brasil no século 18 e ainda hoje conquista uma pequena parcela de produtores interessados no cultivo. No passado, o pau-brasil também era utilizado como corante, mas para a cor vermelha, sendo muito famoso na Europa no século 16.
Peculiaridades da cultura do índigo

A cor do índigo não pode ser observada na planta viva, sendo obtida apenas a partir da fermentação das folhas frescas em água, após uma série de processos de oxidação que se precipitam como o pigmento azul-índigo. Após o processamento, a comercialização da planta é feita em pequenas pedras de giz em blocos ou em extratos em pó com coloração azul.
No Brasil, o Ceará é um dos principais Estados produtores, mas o índigo também vem sendo plantado na região serrana de São Paulo. O anil ainda é cultivado na Índia, em partes da Ásia e da África, mas, atualmente, boa parte do índigo é produzida de forma sintética, o que faz a fabricação natural ter alto valor agregado.
Um dos principais usos é na indústria têxtil, já que dá a cor azulada ao jeans, sendo o único corante natural a colorir o algodão. O anil sintético, feito a partir do petróleo, ganha no quesito produção, mas quanto à sustentabilidade o índigo natural assume a liderança por ser biodegradável.
A cadeia de produção do corante é composta primariamente de agricultores familiares que, ao cultivarem um produto natural, colaboram com a manutenção do meio ambiente para as futuras gerações.
Com o aumento do apelo sustentável aos produtos no mercado da moda, a tendência é que a planta comece a ser produzida em maior quantidade. Essa substituição vai valorizar a produção do índigo natural, minimizando os impactos ambientais e melhorando a renda dos agricultores.
Fonte: Etno Botânica – Corantes e pigmentos naturais, Índigo natural – O azul de origem vegetal, Brasil ensaia produzir índigo natural

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