Conheça a história da piscicultura e sua importância para o Brasil

O Brasil produziu mais de 800 mil toneladas de peixe em 2020, de acordo com levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR). O resultado significa um crescimento de 38,7% frente ao volume registrado em 2014, quando foram produzidas quase 600 mil toneladas. A maior parte é consumida no mercado interno e apenas 1% é destinada à exportação.

Em 2020, o Brasil foi o décimo terceiro maior produtor mundial de peixes. Quando se trata de peixes produzidos em água doce, o País sobe para a oitava colocação no ranking, especialmente por conta da produção na região Amazônica. A piscicultura brasileira responde, por exemplo, pela quarta maior produção global de tilápia, espécie que representa 60% dos peixes produzidos nacionalmente.

Como a piscicultura se desenvolveu no Brasil?

A piscicultura é praticada há mais de 6 mil anos, e tem suas origens na China, atualmente o maior produtor mundial, e no Egito, onde se cultiva as tilápias do Nilo. Com o passar dos anos, novas técnicas foram sendo introduzidas a partir do conhecimento adquirido, permitindo a redução de incidência de doenças e aumento de produtividade.

No Brasil, a piscicultura surgiu apenas no século XVIII, quando os holandeses começaram a implantar viveiros de peixe no Nordeste. A partir dos anos 1930, as pesquisas científicas ictiológicas começaram a ganhar relevância, com o estudo de espécies nativas para melhorar a tecnologia de indução hormonal de peixes migratórios para a desova em cativeiro.

Somente na década de 1970 foram realizados investimentos mais robustos para utilizar espécies autóctones na piscicultura, com destaques para o tambaqui, o pacu e os piaus. Os projetos comerciais, contudo, só vieram nos anos 1980 com a diminuição do cultivo da pesca extrativista e a introdução de recursos estrangeiros.

Um avanço nas técnicas de piscicultura foi observado ao longo da década de 1990, com a expansão do cultivo de camarão no Nordeste, e de ostra e mexilhões em Santa Catarina. A atividade explodiu no início do século 21, com a chegada de grupos brasileiros e estrangeiros que fortaleceram a cadeia produtiva e trouxeram estabilidade para a atividade.

Qual é a importância socioeconômica da piscicultura?

A criação de peixes funciona como impulsionadora do desenvolvimento socioeconômico ao mesmo tempo que produz alimentos de alto valor nutritivo e ainda pode influenciar na indústria do turismo. Atualmente, a piscicultura gera cerca de 1 milhão de empregos no Brasil, entre diretos e indiretos.

A atividade tem um grande potencial de crescimento no País, podendo se tornar uma fonte relevante de proteína diante da crescente demanda por alimentos no mundo. Isso porque, segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), existem mais de 11 mil rios, riachos e córregos registrados no Brasil, sem contar uma das maiores faixas costeiras do mundo, com mais de 7,4 mil quilômetros. A piscicultura é realizada inclusive no semiárido, onde pode estar associada ao cultivo de outros alimentos.

Fonte: Sansuy, Cultura Mix, Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).