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4 métodos para proteger a lavoura da lagarta-verde
Praga afeta os principais cultivos do Brasil, mas pode ser combatida de diversas formas

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20/07/2023 - 10:00

.A lagarta-verde, também conhecida como mandarová ou mandarová-do-fumo, é o nome popular da Phlegethontius carolina paphus. Lagarta é o termo usado para designar o estágio inicial dos insetos da ordem Lepidóptera (entre eles borboletas e mariposas).
Esse tipo de lagarta é bastante comum em toda a América do Sul, e causa grandes problemas para produtores agrícolas nos mais diversos cultivos. Seus hábitos herbívoros e desfolhadores atrapalham o desenvolvimento da lavoura e diminuem a qualidade do produto final.
A Phlegethontius carolina paphus tem cerca de 70 milímetros de comprimento e se diferencia de outras lagartas pelas faixas brancas e finas nas laterais, e por ter pernas abdominais e terminais. Ela também é bastante encontrada em diversas plantas como coqueiros, bananeiras, algodão, fumo, cana-de-açúcar, milho, alfafa, entre outras.
No agronegócio, a lagarta-verde é uma praga importante principalmente nas culturas de soja, milho, cana-de-açúcar, algodão e arroz. As principais dificuldades para o seu controle são sua camuflagem em meio à folhagem e seus hábitos noturnos. Apesar desses problemas, existem diversos métodos para combater a praga nos principais cultivos, seja por meios físicos, seja por meios químicos, seja por controle biológico.

Como combater a lagarta-verde?
1. Aplicação de inseticidas
O uso de inseticidas é um método bastante eficaz de controle, mas são necessários alguns cuidados. É importante conhecer a região, o histórico de ataques e realizar a rotação de produtos para evitar a criação de pragas resistentes ao químico.
A tecnologia de aplicação é crucial para garantir que o inseticida atinja o alvo (a lagarta) de forma eficaz. Fatores como tamanho de gota, volume de calda e condições climáticas (temperatura, umidade, vento) influenciam a eficácia da aplicação.
É fundamental utilizar Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) durante a aplicação de inseticidas.
Também é importante realizar a identificação correta da praga. Existem diversos tipos de lagartas que afetam as grandes culturas, como a soja, e muitas têm hábitos diferentes de alimentação, concentrando-se em diferentes partes do desenvolvimento da planta.
Realizar a identificação correta é fundamental para otimizar o uso do defensivo e garantir a sua eficácia contra a real ameaça para a lavoura.
2. Controle biológico
A liberação de insetos benéficos pode ajudar a controlar as lagartas-verdes. Parasitas endógenos como a Apanteles sp. e a Belvosia bifasciata, além da vespa Cotesia congregata, que põe ovos que parasitam as lagartas, são alguns dos predadores naturais da lagarta-verde.
O controle biológico é mais eficaz quando as lagartas estão em fase inicial de larva. Explore o uso de produtos biológicos à base de Bacillus thuringiensis (Bt). O Bt é uma bactéria que produz toxinas que são letais para lagartas.
Ele pode ser aplicado via pulverização e é uma opção mais amigável ao meio ambiente do que os inseticidas químicos. Monitore a população de predadores naturais na lavoura e evite o uso de inseticidas de amplo espectro que podem prejudicá-los.

3. Sementes modificadas
A compra de sementes geneticamente modificadas para a criação de plantas mais resistentes também é eficaz. É possível adquirir sementes ricas em silício, ou utilizar fertilizantes que causem esse efeito, para criar plantas com fibras mais rígidas que desgastam a mandíbula das lagartas.
As sementes geneticamente modificadas com tecnologia Bt expressam proteínas tóxicas para as lagartas, protegendo a planta de dentro para fora. Siga as recomendações de manejo de resistência (MR) para prolongar a vida útil da tecnologia Bt, como o plantio de áreas de refúgio com plantas não-Bt.
4. Manejo Integrado de Pragas (MIP)
O MIP é uma técnica que reúne diferentes maneiras de proteção da lavoura, sejam químicas, sejam naturais. No MIP, além do planejamento de inseticidas, também ocorre a utilização de técnicas como a rotação de culturas, adubação equilibrada e plantios de ciclo curto.
Além disso, pode-se realizar o controle cultural, como a retirada de plantas espontâneas, que podem servir de abrigo para as lagartas que estejam próximas ao cultivo. O monitoramento constante da lavoura é crucial para identificar a presença de lagartas em seus estágios iniciais.
O MIP envolve a tomada de decisões baseada no Nível de Dano Econômico (NDE), que é o ponto em que o dano causado pela praga justifica a aplicação de medidas de controle. Utilize armadilhas luminosas ou de feromônio para monitorar a presença de adultos (mariposas) na área.

5. DICA BÔNUS: Plantio na Janela Favorável
O plantio na janela favorável, definida pelo zoneamento agroclimático de cada região, é uma estratégia importante para minimizar o ataque de pragas como a lagarta-verde. Ao plantar na época recomendada, a planta encontra condições mais favoráveis para o seu desenvolvimento, tornando-se menos suscetível ao ataque de pragas e doenças.
Além disso, o plantio na época certa pode reduzir a pressão de pragas, pois muitas vezes o ciclo de vida da praga não coincide com o período de maior vulnerabilidade da cultura.
Consulte o zoneamento agroclimático da sua região para identificar o período ideal de plantio para cada cultura e, assim, reduzir os riscos de infestação da lagarta-verde.
Importância da identificação das lagartas
Existem diversas espécies de lagartas que apresentam real ameaça para os grandes cultivos do Brasil, entre as mais comuns:
- lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda);
- lagarta-preta-da-soja (Spodoptera cosmioides);
- lagarta-das-folhas (Spodoptera eridania);
- lagarta-falsa-medideira (Chrysodeixis includens);
- lagarta-helicoverpa (Helicoverpa armigera);
- lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis).
Só no ciclo da soja, por exemplo, é normal a ocorrência de diversas lagartas em diferentes fases de desenvolvimento das plantas, a lagarta-elasmo e a lagarta-rosca são comuns nas fases iniciais. A lagarta-da-soja (Anticarsia gemmatalis) e a falsa-medideira (Chrysodeixis includens) se desenvolvem nas fases do meio, enquanto as Spodoptera spp, Heliothis virescens e lagarta-do-velho-mundo (Helicoverpa armigera) em todas as fases.
A identificação correta é fundamental para escolher os inseticidas e herbicidas corretos, além de planejar o manejo integrado de pragas.
Para isso, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) disponibiliza o Manual de identificação de insetos e outros invertebrados da cultura da soja. Também é possível encontrar materiais para a identificação de pragas comuns a outras culturas.
Fonte: Embrapa, Terra Magna, Syngenta, Mais Soja

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