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Uso de bioinsumos aumenta produtividade de feijão em até 193 kg por hectare

Resultado foi obtido em estudo da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul em parceria com a Emater

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Paloma Custódio | Brasília

03/12/2024 - 09:10

Foto: Emater/Divulgação
Foto: Emater/Divulgação

Uma pesquisa realizada em duas propriedades rurais no Rio Grande do Sul demonstrou a eficiência do uso em conjunto de bioinsumos e nutrientes no cultivo de feijão. Nas lavouras de feijão preto (cultivar Triunfo) houve um aumento de 193 kg de grãos por hectare, enquanto nas plantações de feijão rajado (cultivar RS Centenário), o aumento foi de 158 kg por hectare. 

O estudo foi conduzido pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul, em parceria com a Emater Regional de Santa Maria.

Para alcançar os resultados, os pesquisadores combinaram o uso de um inoculante (Rhizobium tropici SEMIA 4077 e 4080), com um produto à base de fungos e bactérias (fungos Trichoderma harzianum e Trichoderma asperellum e bactéria Bacillus amyloliquefaciens) que agem no crescimento da planta e na proteção contra patógenos. A técnica também combina o enraizador à base de algas marinhas, ácidos húmicos, ácidos fúlvicos, cobalto, molibdênio e silício. 

Em entrevista ao Agro Estadão, a pesquisadora da área de microbiologia agrícola da Seapi, Gerusa Steffen, explicou que o aumento da produtividade é resultado da somatória dos efeitos que os bioinsumos proporcionaram às plantas, como:

  • aumento significativo do sistema de raízes;
  • fixação biológica de nitrogênio;
  • solubilização de nutrientes;
  • controle biológico de doenças.

Segundo a pesquisadora, as plantas com raízes mais desenvolvidas são capazes de explorar mais o solo e, com isso, absorver mais água e nutrientes. Isso faz com que elas consigam resistir melhor a períodos de seca e altas temperaturas. 

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Além disso, a ampliação das raízes e a boa relação com bactérias fixadoras de nitrogênio possibilitaram melhor desenvolvimento da parte aérea das plantas de feijão, como o aumento da estatura, do diâmetro da haste e do número de folhas. “Com isso, elas foram mais eficientes em realizar a fotossíntese, produzindo maior número de vagens e grãos por planta, o que resultou no aumento expressivo da produtividade”, detalha Gerusa Steffen.

O agrônomo e extensionista da Emater Regional de Santa Maria, Luiz Fernando de Oliveira, explicou à reportagem que qualquer cultivar de feijão pode se beneficiar da técnica. “Os bioinsumos melhoram a eficiência dos insumos agrícolas, trazendo para as plantas melhores condições fitossanitárias e, dessa forma, mais condições de expressarem seu potencial genético”, esclarece.

Bioinsumos na agricultura familiar

O estudo foi realizado nas propriedades dos agricultores familiares Ângelo Severo e Edenir Schmengler, no município de Agudo, na região central do Rio Grande do Sul. Ambos são produtores de feijão há alguns anos e foram indicados pela Emater para participar da pesquisa.

“Precisávamos da parceria de agricultores que estivessem dispostos a mudar os seus manejos agrícolas usuais para experimentarem novas ferramentas, com o objetivo de melhorar a qualidade biológica do solo e, com isso, aumentar a produtividade do feijão de uma forma sustentável”, ressalta a pesquisadora da Seapi, Gerusa Steffen.

Em entrevista ao Agro Estadão, o produtor Edenir Schmengler disse que foi a primeira vez que usou bioinsumos com inoculação de semestres e notou a diferença no aumento da produtividade. Ele afirma que pretende repetir os testes junto com a Seapi e a Emater. “Como o ano passado teve estiagem primeiro e depois excesso de chuva, não deu para ver a eficiência fora do ciclo normal”, explica.

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Apesar de os testes terem sido feitos só em lavouras de feijão, Edenir recomenda o uso dos bioinsumos para os produtores de outras culturas, como milho e soja. 

O extensionista da Emater Luiz Fernando de Oliveira ressalta que o acesso às informações sobre essas ferramentas, relativamente novas para os produtores, ainda é um desafio. O argumento foi corroborado pela Seapi.

“Embora o Brasil seja reconhecido mundialmente pelo uso de bioinsumos na agricultura, o uso destas tecnologias ainda está pouco difundido na agricultura familiar. E foi justamente este o objetivo deste trabalho. Unimos esforços da pesquisa agropecuária, da extensão rural e de empresas de bioinsumos para difundirmos os benefícios do uso de bioprodutos na agricultura familiar”, afirma a pesquisadora Gerusa Steffen.

Os resultados do estudo foram apresentados a agricultores, técnicos, estudantes e à comunidade de Agudo em duas tardes de campo nas propriedades testadas. Na ocasião, os participantes também puderam trocar experiências e observar na prática os benefícios do uso de bioinsumos na cultura do feijão. 

“Os frutos deste trabalho seguem sendo colhidos, tanto que, nesta safra, os agricultores estão usando novamente os bioinsumos em suas propriedades com o apoio e o acompanhamento das equipes da Emater e do DDPA”, destaca Steffen.

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Marco regulatório dos bioinsumos

Na última quarta-feira, 27, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 658/21 que regulamenta a produção, o uso e a comercialização dos bioinsumos. A matéria segue agora para o Senado. 

Para a Gerusa Steffen, é importante o avanço de normas que incentivem a adoção de práticas mais sustentáveis e promovam incrementos produtivos por meio da melhoria da qualidade dos sistemas produtivos. “No entanto, é fundamental que as leis promovam o uso seguro e sustentável dos bioinsumos, garantindo a eficiência e a segurança destas ferramentas na agricultura”, ressalta.

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