PUBLICIDADE

Inovação

Nova cultivar de feijão combate parasitas e recupera pastagens

Lançada pela Embrapa Pecuária Sudeste, a BRS Guatã também é alternativa de baixo custo para alimentação de bovinos

Nome Colunistas

Paloma Custódio | Brasília

07/02/2025 - 08:00

Foto: Embrapa Pecuária Sudeste/Divulgação
Foto: Embrapa Pecuária Sudeste/Divulgação

A Embrapa Pecuária Sudeste lançou uma nova cultivar de feijão guandu que pode contribuir para a recuperação de pastagens degradadas, auxiliar na alimentação de bovinos, durante a época de seca, e ainda inibir a reprodução dos nematoides no solo. Pesquisas mostram que a BRS Guatã é capaz de controlar até quatro tipos desse parasita que atacam, principalmente, a soja e a cana-de-açúcar: Pratylenchus brachyurus, P. zeae, Meloidogyne javanica e M. incógnita.

Esses pequenos vermes podem afetar significativamente a produção ao parasitar as plantas, retirando substâncias nutritivas e injetando elementos tóxicos no interior da célula vegetal. As larvas penetram nos tecidos da raiz e formam pequenos tumores, podendo chegar até as folhas, as flores e os frutos. Segundo a Sociedade Brasileira de Nematologia, os prejuízos à agricultura nacional podem chegar a R$ 35 bilhões.

CONTEÚDO PATROCINADO

Ao Agro Estadão, a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste, Patrícia Anchão, explicou que esses nematoides não se multiplicam na cultivar BRS Guatã. “Quando cultivada sozinha em rotação de cultura com as espécies de interesse econômico (soja, cana-de-açúcar, milho, feijão entre outras), a BRS Guatã não favorece a multiplicação desses nematoides, reduzindo a população desses patógenos no solo por inanição e, como consequência, os danos que eles causam”, afirma.

Segundo o pesquisador da Embrapa, Frederico Matta, a nova cultivar também pode ser integrada a outros métodos de controle de nematoides, como biopesticidas. “Essa estratégia combinada pode resultar em uma redução mais significativa da população de nematoides no solo, proporcionando benefícios adicionais às culturas subsequentes”, destacou à reportagem.

Nova cultivar é alternativa de baixo custo para suplementação animal

A pesquisa da Embrapa mostra que a nova cultivar de feijão guandu possui cerca de 15% de proteína em sua composição, com alta capacidade de se associar às bactérias que realizam fixação de nitrogênio no solo. Por isso, a BRS Guatã se destaca como uma alternativa de baixo custo para a suplementação volumosa de bovinos durante a seca.

PUBLICIDADE

Seu uso para essa finalidade melhora a oferta de alimento, permitindo um maior número de animais por hectare e reduzindo a escassez de forragem no período da seca. Como consequência, os bovinos apresentam maior ganho de peso, contribuindo para o aumento da produtividade na pecuária.

Patrícia Anchão explica que o mais comum é fornecer a planta inteira em pastejo ou no cocho para os animais. “O uso dos grãos, assim como em outras leguminosas, necessita de acompanhamento técnico especializado para a formulação da dieta, devido, especialmente, aos teores de proteína e de lipídeos, que necessitam ser balanceados de acordo com a categoria animal”, ressalta.

Segundo a pesquisadora, a cultivar BRS Guatã ainda está em avaliação para consumo humano.

Opção de cobertura de solo na rotação de culturas

A nova cultivar de feijão guandu demonstrou ser uma opção viável para a produção de cobertura morta e adubação verde em rotação com outras culturas. Em testes realizados pela Embrapa, ela produziu 3 toneladas de massa seca por hectare na condição de sequeiro e 3,3 toneladas por hectare com irrigação. Segundo os pesquisadores, a pequena diferença evidencia a tolerância da leguminosa ao déficit hídrico.

“A BRS Guatã pode ser usada em plantio direto, usando semeadora de soja pela semelhança no tamanho e formato da semente e profundidade de plantio, produzindo uma boa cobertura do solo contra erosão. Quando roçada para o preparo da cobertura morta, ela produz biomassa remanescente (palhada) suficiente para o plantio da próxima cultura; em média 5,4 toneladas por hectares de matéria-seca”, detalha o pesquisador Frederico Matta.

A utilização da cultivar se mostrou bastante promissora nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país. “Como é uma planta de dia curto, quanto mais próximo o plantio da linha do Equador, menor é a indução ao florescimento, sendo que a biomassa produzida terá menor proporção de grãos e vagens”, ressalta Matta. “De forma geral, qualquer cultivar de feijão guandu não deve ser cultivada em solos com deficiência de drenagem e em regiões frias”, complementa.

Aquisição de sementes

Os interessados em adquirir a BRS Guatã podem entrar em contato com as empresas e produtores de sementes parceiros da Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras (Unipasto). Com sede em Brasília (DF), a associação conta com 50 toneladas em estoque para comercialização.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Castanha-do-brasil vira farinha “turbinada” e rende proteína texturizada

Inovação

Castanha-do-brasil vira farinha “turbinada” e rende proteína texturizada

Pesquisa revela que ingrediente amazônico pode substituir a farinha de trigo em produtos plant-based com boa aceitação do público

Pesquisa quer transformar algas marinhas em atum vegetal; entenda

Inovação

Pesquisa quer transformar algas marinhas em atum vegetal; entenda

A economia ligada ao mar movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão ao ano, com expectativa de dobrar até 2030, aponta a Embrapa

Safra de soja 27/28 deve ter nova geração de semente com maior controle de daninhas e lagartas

Inovação

Safra de soja 27/28 deve ter nova geração de semente com maior controle de daninhas e lagartas

Testes começam na próxima safra, mas ainda faltam autorizações nos países exportadores, o que empurra a comercialização para mais adiante

Manual do irrigante: conheça o guia para quem quer irrigar com precisão e produtividade

CONTEÚDO PATROCINADO

Manual do irrigante: conheça o guia para quem quer irrigar com precisão e produtividade

Desenvolvido pelos especialistas da Netafim, o manual reúne fundamentos essenciais no processo de se tornar um irrigante no Brasil

PUBLICIDADE

Inovação

CB Bioenergia recebe licença para operar usina de etanol de trigo no RS

Com 150 mil metros quadrados, usina tem capacidade produtiva mensal de mais de 1,3 milhão de litros de etanol hidratado e 1,14 milhão de álcool neutro

Inovação

Pesquisa descobre fungo com ação superior a herbicidas como glifosato

Substância inédita isolada do fungo Fusarium demonstra potente ação herbicida e antifúngica 

Inovação

Cana: IAC lança duas novas variedades para o Centro-Sul

Alta produtividade e resistência são destaques das variedades para cultivo mecanizado

Inovação

Baldan conclui primeira venda com criptomoedas e inaugura nova fase digital

Empresa prevê movimentar até R$ 1 milhão mensais em operações com criptoativos e fortalece relações comerciais no exterior

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.