PUBLICIDADE

Economia

Paratuberculose atinge mais da metade dos rebanhos de ovinos do mundo

Pesquisa da UFCG e da Embrapa alerta para a necessidade de controle sanitário

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão

13/03/2025 - 08:00

Foto: Adilson Nóbrega/Embrapa/Divulgação
Foto: Adilson Nóbrega/Embrapa/Divulgação

Mais da metade (55,51%) dos rebanhos de ovinos do planeta possuem sinais de paratuberculose, essa foi a conclusão do estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Embrapa. A prevalência em rebanhos da América do Sul foi ainda mais alta, chegando a 82,64%, enquanto na Ásia foi de 58,57%. Para se ter uma ideia, o rebanho de ovinos no Brasil é estimado em 27,8 milhões de animais, segundo os dados mais recentes do IBGE. A pesquisa sobre a prevalência da paratuberculose foi publicada na revista científica Small Ruminant Research e evidenciam os desafios globais para diagnóstico e controle da patologia.

A paratuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium avium da subespécie paratuberculosis (MAP). Ela pode afetar ovinos, levando à perda de peso, redução na produção de lã e leite, aumento da mortalidade precoce e comprometimentos reprodutivos — como maior incidência de abortos. Nos sistemas de produção, a paratuberculose também eleva os custos operacionais e provoca prejuízos econômicos. 

CONTEÚDO PATROCINADO

Responsável pelo levantamento de dados — como parte de sua pesquisa para o doutorado pela UFCG, sob co-orientação do pesquisador Selmo Alves, da Embrapa Caprinos e Ovinos — a médica-veterinária Nathália Magalhães explica que a elevada prevalência da doença nessas regiões pode ser atribuída ao sistema de manejo semi-intensivo, caracterizado por altas densidades populacionais e pela ausência de programas eficazes de controle e manejo da doença. “Além disso, o comércio de animais sem regulamentação adequada favorece a disseminação da infecção entre os rebanhos”, alerta em nota.

A pesquisa também elenca alguns outros fatores de risco como a introdução de novos animais em rebanhos sem implementação de quarentena e a deficiência nas condições de higiene e saneamento, permitindo a sobrevivência prolongada da bactéria MAP em solo, água e alimentos contaminados.

Por conta disso, o estudo reforça a importância das medidas integradas de manejo sanitário, como o isolamento e o descarte de animais infectados, para interromper a disseminação do agente causador. “A higienização das instalações, com limpeza frequente e eliminação adequada de fezes, é essencial para minimizar a contaminação ambiental”, enfatiza a médica-veterinária.

PUBLICIDADE

“Além disso, a proteção de neonatos, por meio do fornecimento de colostro e leite de animais livres de MAP e da prevenção de contato com fezes contaminadas e produtos de aborto, é crucial”, completa Nathália, acrescentando que a aquisição de novos animais deve observar se o rebanho de origem está certificado como livre da paratuberculose.

Relação entre a paratuberculose e a doença de Crohn

Segundo a pesquisa, existe uma possibilidade de associação entre a paratuberculose e a doença de Crohn, uma inflamação intestinal crônica que acomete os seres humanos, causando dor abdominal, diarreia, vômito e perda de peso. A Organização Internacional de Saúde Animal não considera a paratuberculose uma zoonose (doença transmissível do animal ao ser humano), mas o agente causador tem sido encontrado ocasionalmente em pessoas acometidas com a doença de Crohn.

Estudos sugerem que a transmissão do agente causador para humanos pode acontecer por meio do contato com animais ou do consumo de leite contaminado, configurando potencial risco para saúde pública. “Entre as principais estratégias para minimizar o risco de transmissão para humanos, destaca-se a garantia do consumo de alimentos seguros e com certificados de qualidade, assegurando a pasteurização do leite e evitando a ingestão de produtos de origem animal crus ou mal processados”, recomenda Nathália. 

Para saber mais sobre a paratuberculose e como adotar medidas de prevenção, acesse o boletim do Centro de Inteligência e Mercado de Caprinos e Ovinos — CIM Zoossanitário.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Alta da carne bovina impulsionou avanço de 8,2% no consumo de peixes no País

Economia

Alta da carne bovina impulsionou avanço de 8,2% no consumo de peixes no País

Com inflação pressionando proteínas tradicionais, pescados ganharam espaço no carrinho de compras de janeiro a setembro; tilápia foi destaque

Suspensão da sobretaxa pelos EUA traz previsibilidade ao setor, avalia Faesp

Economia

Suspensão da sobretaxa pelos EUA traz previsibilidade ao setor, avalia Faesp

Para o presidente da entidade, Tirso Meirelles, medida representa um reconhecido da qualidade dos produtos brasileiros

Decisão dos EUA frustra produtores de mel, pescado e café solúvel; veja a reação do setor

Economia

Decisão dos EUA frustra produtores de mel, pescado e café solúvel; veja a reação do setor

Setores que ficaram de fora da isenção de tarifas dos EUA relatam dificuldades de crédito, perda de mercado e risco da redução de produção

Trump retira tarifa de 40% sobre café, carne e outros produtos brasileiros

Economia

Trump retira tarifa de 40% sobre café, carne e outros produtos brasileiros

Café solúvel, pescado e mel seguem taxados; confira a lista completa dos produtos brasileiros beneficiados com o fim do tarifaço

PUBLICIDADE

Economia

BNDES aprovou R$ 2,45 bi a produtores afetados pelo clima

Linha de liquidação de dívidas rurais soma 8,3 mil operações em 16 estados; 61% dos recursos foram destinados a pequenos e médios produtores

Economia

Como saber se o vinho é seguro para consumo? Veja o que olhar no rótulo

Materiais gráficos reforçam a importância da leitura dos rótulos e contrarrótulos de produtos brasileiros e importados

Economia

Arábia Saudita quer aumentar em 10 vezes sua produção de café

País quer reduzir as importações e agregar valor ao café, gerando renda a pequenos produtores e empregos para jovens no campo

Economia

Shopping digital conecta consumidores a produtos da floresta

Espaço criado pelo Banco do Brasil e Amazon vai reunir itens produzidos por comunidades da Amazônia e Pantanal

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.