Inovação
RS instala equipamentos para mapear infiltração de água no solo
Equipamentos automáticos geram dados para otimizar o manejo do solo e mitigar os impactos da seca e do excesso de chuva
Paloma Custódio | Brasília | paloma.custodio@estadao.com
22/03/2025 - 08:00
O Rio Grande do Sul tem enfrentado chuvas irregulares e prejuízos na produção agrícola por conta do déficit hídrico nos primeiros meses do ano. Para avaliar a taxa de infiltração da água no solo, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi/RS) e a Embrapa Trigo estão espalhando alguns infiltrômetros eletrônicos pelo estado para fazer essa medição de forma automática. O objetivo é criar um banco de dados detalhado sobre as características de infiltração de diferentes tipos de solo no estado, visando qualificar os sistemas de produção e promover um manejo do solo e da água mais preciso.
O engenheiro agrônomo da Embrapa Trigo, Giovani Faé, destaca que a porosidade do solo é um fator fundamental para amenizar os impactos da seca, ao facilitar a infiltração da água. “É muito importante o produtor entender [a importância de] um solo poroso, com poros que vão favorecer a infiltração da água, sem perda de escorrimento superficial”, explica, em vídeo enviado à reportagem. Ele também esclarece que, enquanto há uma maior taxa de infiltração no solo, as plantas também se aproveitam desse bioporo, perfurado pela água, para aprofundar suas raízes e, com isso, resistir por mais tempo à estiagem.
No vídeo a seguir, o engenheiro agrônomo, Giovani Faé, explica como funciona o infiltrômetro:
Ao Agro Estadão, o coordenador do Plano ABC+RS da Seapi, Jackson Brilhante, ressalta que o equipamento também é muito útil em períodos de excesso de chuva — cenário registrado no primeiro semestre do ano passado no Rio Grande do Sul. “Todos os solos têm um limite para infiltrar água. Gerar essa informação é importante, porque, no momento em que houver excesso de chuva, a água que exceder a capacidade de infiltrar no solo vai escoar pela lavoura e, ao escoar, vai provocar uma erosão”.
Jackson Brilhante afirma que os dados gerados pela análise dos solos gaúchos serão repassados aos produtores por meio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS-Ascar) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), auxiliando na adoção de estratégias mais eficientes de manejo, como rotação de culturas, terraceamento e uso de plantas de cobertura. Além de orientar as práticas no campo, as informações servirão de base para a formulação de políticas públicas voltadas à conservação do solo e da água.
Parceria com outras instituições que trabalham com solo
No dia 17 de fevereiro, a Embrapa Trigo e a Seapi promoveram uma demonstração técnica do uso dos cinco novos infiltrômetros eletrônicos adquiridos nos Estados Unidos, por meio do programa Recupera Rural RS. O evento reuniu instituições ligadas ao solo nas áreas de pesquisa, extensão e setor público, como a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Emater-RS/Ascar e Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Além dos cinco equipamentos adquiridos pela Embrapa, a Seapi deve receber mais dez infiltrômetros ainda em março. Os aparelhos serão distribuídos pelo estado nos próximos meses, em uma ação coordenada com a UFRGS, Emater-RS e o Departamento de Pesquisa da Secretaria da Agricultura. “Vamos instalar em áreas de unidades de referência tecnológica, de tecnologias do Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC+RS), para que consigamos qualificar essas unidades e mostrar os benefícios que as tecnologias de agricultura de baixa emissão de carbono têm”, destaca Brilhante.
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