Lagarta-do-cartucho: biodefensivo com baculovírus ajuda no controle e promete eficácia de 80% | Agro Estadão Lagarta-do-cartucho: biodefensivo com baculovírus ajuda no controle e promete eficácia de 80% | Agro Estadão
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Lagarta-do-cartucho: biodefensivo com baculovírus ajuda no controle e promete eficácia de 80%

Produto tem atuação prolongada após aplicação e é de fácil armazenagem; lagarta-do-cartucho pode destruir 80% da lavoura de milho

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Daumildo Júnior | daumildo.junior@estadao.com

14/05/2024 - 16:00

 Foto: Gabriel Nunes/Life Biological Control
Foto: Gabriel Nunes/Life Biological Control

 Um produto capaz de matar a lagarta-do-cartucho e não deixar resíduos que afetem outros insetos, animais, solos ou humanos. O Destroyer é um biodenfensivo à base de baculovírus – vírus em formato de bastão – e nasceu a partir de uma pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) com parceria da Life Biological Control

Por se tratar de um tratamento biológico e com vírus, a atuação do produto é específica para um tipo de problema, no caso, a lagarta-do-cartucho, praga presente nas lavouras de milho, soja, tomate e algodão. Só nas plantações de milho, estima-se que ela pode provocar uma perda de 50% da cultura em lavouras mais afetadas.

“Ele (o vírus) está na natureza. A gente, na verdade, aproveita esse poder que a natureza tem, a gente seleciona, leva para o laboratório, multiplica e devolve lá para o agricultor utilizar no campo. E os vírus são muito específicos. Então, não faz mal para as abelhas, não causa problemas para o aplicador que está utilizando esse produto, não causa problema de resíduo nos alimentos que são levados à mesa do consumidor”, explica ao Agro Estadão a CEO da Life Biological Control, Cristiane Tibola.

O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo e responsável pelo estudo, Fernando Hercos, dá mais detalhes sobre o vírus. “São bem distintos de vírus humanos. São maiores e a contagem é feita com hemocitômetro. Além disso, eles não infectam células humanas. É amigável, porque além disso não deixa resíduo tóxico”, acrescenta.

Teste em lavoura de São Paulo comprovou menos aplicações de defensivos

De acordo com a fabricante, em termos de eficiência, o produto apresenta resultado de 80% no controle da praga, quando aplicado conforme as instruções. Tibola conta que isso pode aumentar para 90% a 95% dependendo das condições climáticas. “É recomendado aplicar ao final da tarde e quando não vai ter chuva nos próximos dias da aplicação”, complementa.

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O gerente técnico da Fazenda Lagoa Bonita, Sérgio Braun, testou em partes da lavoura de milho da propriedade em Itaberá (SP). A lavoura é de um milho especial, do qual se produz suplemento energético à base de plantas, o Waxy Maize. 

O resultado observado foi um espaçamento maior entre a aplicação de defensivos químicos – usados de forma complementar –  e, com isso, uma redução nos custos de produção. 

“A gente observou uma redução nos números de indivíduos nas plantas. Além disso, o intervalo de aplicação [de defensivos químicos] é maior quando a gente utiliza o produto”, diz o gerente.

Combatendo a lagarta-do-cartucho

O manejo do produto é fácil, de acordo com Cristiane Tibola. Ele vem em pó, o que facilita o armazenamento pelo produtor, e 50 gramas são suficientes para um hectare. O pó é diluído na água e pulverizado sobre o milho, o que pode ser feito por trator ou por avião. As lagartas comem as folhas com o vírus e depois de cinco a sete dias são exterminadas

Uma das vantagens do Destroyer é a atuação após a morte das lagartas. Ele permanece na plantação entre 15 e 30 dias após a aplicação, o que ajuda a combater a praga por mais tempo. Diferente de outros métodos, o baculovírus presente no produto atua de uma forma em que não há o rompimento do tecido que envolve a lagarta. Isso ajuda a manter o vírus de forma prolongada nas lavouras. 

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“O vírus, quando exposto à radiação solar, tem uma mortalidade muito rápida. Como não há rompimento do tegumento – uma espécie de pele – da lagarta, ele fica protegido por mais tempo. Então, a gente consegue ter uma um controle maior no campo”, esclarece a CEO da empresa.

Temperatura pode mudar manejo

Entender o ciclo da lagarta e monitorar a presença de pragas na lavoura são dois pontos que o pesquisador Fernando Hercos destaca na hora de aplicar o produto. Ele explica que a temperatura exerce influência no inseto, o que pode fazer com que mais aplicações sejam necessárias. 

“A lagarta vive muito pouco tempo no campo como lagarta, em média 16 dias. A função dela é manter a progênie. Com temperaturas mais elevadas, o metabolismo delas acelera, ou seja, a lagarta come mais, empupa mais cedo e vira adulta (mariposa) mais depressa”, esclarece. 

Nos experimentos realizados pelo pesquisador, as primeiras aplicações aconteceram entre sete e dez dias após a germinação do milho, especialmente nos meses mais quentes, como outubro, novembro e dezembro. Porém, isso pode variar dependendo do clima. “Para áreas com temperatura menor, é de 15 a 20 dias depois de germinar”, diz Hercos. 

Quanto ao limite de aplicações, o responsável pelo estudo aponta que depende do histórico de ocorrência do inseto. “Em média, são três aplicações sendo uma por semana”, pontua. “Mesmo assim, tem áreas que são muito quentes e é preciso fazer um monitoramento constante, pois as lagartas não dão trégua”, ponderou Hercos, que pesquisa o assunto há mais de 40 anos. 

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Avanço da biotecnologia

Com consumidores cada vez mais exigentes, Cristiane Tibola enxerga que o futuro da agricultura brasileira está atrelado a novas tecnologias, como o uso de defensivos naturais. “A grande aposta em inovação e tecnologia para produção de produtos biológicos é essencial para o momento que nós estamos passando não só no Brasil, mas também no mundo, para agricultura”, afirma.

A intenção da fabricante é se tornar referência no Brasil de produtos defensivos à base de vírus. Atualmente, a empresa já trabalha com mais cinco projetos relacionados ao manejo desses tipos de combatentes naturais de pragas. 

O pesquisador da Embrapa também sinaliza a importância dos trabalhos na direção dos de biodefensivos com vírus. Ele acredita que, no futuro, novas formulações poderão ser ainda mais eficazes. “Ele (baculovírus) entra como uma peça fundamental no manejo de pragas. É uma coisa fantástica”, enfatiza.

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