PUBLICIDADE

Inovação

Embrapa quer usar planta da tequila para produzir etanol

Agave tequilana, suculenta de folhas azuladas, vira alternativa para produção de biocombustível e insumo sustentável no Semiárido

Nome Colunistas

Redação Agro Estadão*

30/08/2025 - 08:00

Pesquisa busca, com a agave, impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética no país. Foto: Embrapa Algodão/Divulgação
Pesquisa busca, com a agave, impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética no país. Foto: Embrapa Algodão/Divulgação

A Agave tequilana — planta também conhecida como agave azul — é usada em larga escala no México para a produção de tequila. Mas, no Brasil, ela vem ganhando outras funções:: pode virar biocombustível, contribuir para o sequestro de carbono e ainda ser usada em ração animal.  

Uma pesquisa conduzida pela Embrapa em parceria com a empresa Santa Anna Bioenergia planeja usar a agave como fonte de energia renovável adaptada ao Semiárido, impulsionar a bioeconomia e contribuir para a transição energética no país.

CONTEÚDO PATROCINADO

De acordo com a estatal, o estudo, que deve durar cinco anos, também analisa outras variedades do gênero Agave mantidas no Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa para produção de biomassa. Entre elas, a Agave sisalana (sisal), utilizada principalmente para a produção de cordas, tapetes, carpetes e na construção civil.

O estudo também pretende promover o melhor aproveitamento dessas plantas, considerando que, atualmente, apenas 4% da biomassa da folha da Agave sisalana é utilizada no processo de industrialização.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil é o maior produtor mundial de Agave sisalana, com 95 mil toneladas de fibra produzidas em 2023. Cerca de 95% da produção nacional se concentra no estado da Bahia, onde a cultura é uma das principais fontes de renda do chamado Território do Sisal. A Paraíba ocupa o segundo lugar no ranking nacional de produção da fibra de sisal em uma área de aproximadamente cinco mil hectares.

PUBLICIDADE

Uma planta adaptada ao clima quente e seco

Tarcísio Gondim, pesquisador da Embrapa Algodão, destaca que, além dos aspectos econômicos e ambientais, a pesquisa tem uma importante contribuição social.  “Essa inovação tecnológica pode contribuir para mitigar desigualdades regionais e enfrentar a precarização das áreas sisaleiras do Nordeste brasileiro”, explica.

Para o pesquisador Tarcísio Gondim, estudo pode contribuir para reduzir desigualdades regionais. Foto: Embrapa Algodão/Divulgação

Embora o ciclo do Agave seja mais longo que o da cana-de-açúcar, a principal vantagem dele é a adaptação às condições semiáridas. Isso porque suas folhas armazenam água, funcionando como uma reserva para enfrentar os períodos de estiagem. A planta também adota uma estratégia especial de fotossíntese: em vez de abrir os poros durante o dia, quando a perda de água seria maior, ela faz isso à noite, aproveitando temperaturas mais amenas. Além disso, suas raízes profundas conseguem buscar umidade em camadas inferiores do solo.

“O ciclo da agave pode levar cerca de cinco anos ou mais para atingir a fase de colheita. No entanto, o escalonamento das áreas de plantio ao longo do período permitirá a estabilização da produção de biomassa para fins energéticos, garantindo competitividade na exploração comercial no Semiárido”, justifica o pesquisador. 

De acordo com ele, para que isso se concretize, será necessário realizar mais estudos para avançar na padronização de cultivares, no manejo da cultura, nos tratos culturais, na fertilidade do solo, na mecanização do cultivo e no processamento integral da biomassa.

Segundo o zootecnista Manoel Francisco de Sousa, da Embrapa Algodão, “os resíduos do processo de produção de etanol a partir da Agave tequilana também podem atuar como importante aporte forrageiro na alimentação de ruminantes, especialmente na época de escassez de forragens no Semiárido”.

PUBLICIDADE

Primeiras mudas já foram plantadas

No primeiro semestre, pesquisadores da Embrapa realizaram uma missão no México, a fim de identificar oportunidades de colaboração em pesquisas sobre a produção de biomassa para obtenção de biocombustíveis, sequestro de carbono e aproveitamento dos resíduos da planta para alimentação animal.

As primeiras 500 mudas de Agave tequilana Weber var. Azul, oriundas do México, já passaram pelo processo de quarentena. Atualmente, a equipe de pesquisadores brasileiros  realiza estudos de avaliação da espécie em Jacobina (BA), onde está sendo instalada a primeira Unidade de Referência Tecnológica (URT) de Agave tequilana. Outras duas URTs serão implantadas nos municípios de Alagoinha e Monteiro, na Paraíba, totalizando 1.800 mudas de Agave tequilana na primeira etapa do projeto.

*Com informações da Embrapa

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Concurso nacional vai premiar invenções da agricultura familiar

Inovação

Concurso nacional vai premiar invenções da agricultura familiar

Iniciativa buscar reconhecer máquinas e equipamentos criados para reduzir esforço no campo e ampliar renda de pequenos produtores

Novo nematoide é descoberto em planta comum de Minas Gerais

Inovação

Novo nematoide é descoberto em planta comum de Minas Gerais

Equipe brasileira identifica gênero inédito em folhas de corda-de-viola — trepadeiras comuns em áreas tropicais

Embrapa terá primeira unidade internacional mista de pesquisa

Inovação

Embrapa terá primeira unidade internacional mista de pesquisa

Instalação terá duas sedes e previsão de funcionar pelos próximos cinco anos

Sistema antigranizo: prefeitos do RS querem tecnologia para evitar perdas no agro

Inovação

Sistema antigranizo: prefeitos do RS querem tecnologia para evitar perdas no agro

Após prejuízos milionários, cidades gaúchas se mobilizam para instalar tecnologia usada em Santa Catarina há décadas; veja como funciona

PUBLICIDADE

Inovação

Castanha-do-brasil vira farinha “turbinada” e rende proteína texturizada

Pesquisa revela que ingrediente amazônico pode substituir a farinha de trigo em produtos plant-based com boa aceitação do público

Inovação

Pesquisa quer transformar algas marinhas em atum vegetal; entenda

A economia ligada ao mar movimenta cerca de US$ 1,5 trilhão ao ano, com expectativa de dobrar até 2030, aponta a Embrapa

Inovação

Safra de soja 27/28 deve ter nova geração de semente com maior controle de daninhas e lagartas

Testes começam na próxima safra, mas ainda faltam autorizações nos países exportadores, o que empurra a comercialização para mais adiante

CONTEÚDO PATROCINADO

Manual do irrigante: conheça o guia para quem quer irrigar com precisão e produtividade

Desenvolvido pelos especialistas da Netafim, o manual reúne fundamentos essenciais no processo de se tornar um irrigante no Brasil

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.