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Inovação

Biorreator de R$ 1 mil cobre até 10 hectares com bioinsumos

Tecnologia criada pela Universidade Federal de Lavras (UFLA) busca impulsionar práticas de agricultura sustentável

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Paloma Santos | Brasília

13/06/2025 - 08:00

Equipamento funciona como uma fábrica de microrganismos - Foto: Marcela de Souza Pereira/Arquivo pessoal
Equipamento funciona como uma fábrica de microrganismos - Foto: Marcela de Souza Pereira/Arquivo pessoal

Uma pesquisa da Universidade Federal de Lavras (UFLA) está promovendo um avanço significativo na autonomia de pequenos e médios agricultores. Um biorreator de baixo custo, financiado com recursos da Finep, permite a produção local de bioinsumos — como bactérias fixadoras de nitrogênio —, fundamentais para a fertilização natural do solo.

A agrônoma e doutoranda Marcela de Souza Pereira, uma das responsáveis pela pesquisa, explica que o projeto nasceu da constatação da dificuldade que pequenos e médios agricultores têm no acesso aos bioinsumos. “As bactérias fixadoras de nitrogênio são amplamente utilizadas nas commodities, mas não existem inoculantes comerciais para leguminosas de menor expressão econômica. A indústria não vê vantagem em produzi-los devido à baixa demanda”, afirma ao Agro Estadão.

CONTEÚDO PATROCINADO

Enquanto biorreatores comerciais podem custar de R$ 50 mil a R$ 100 mil, o modelo desenvolvido na UFLA tem custo inferior a R$ 1 mil. O equipamento funciona como uma fábrica de microrganismos, onde ocorre a multiplicação das bactérias. Foi construído com materiais simples e de fácil acesso — a maior parte comprada pela internet. “É um custo muito irrisório quando a gente compara com esses de grande porte”, destaca Marcela.

O item mais caro foi uma panela de pressão usada para esterilização. A pesquisadora explica que o sistema inclui meio de cultura para alimentar os microrganismos, agitação constante e injeção de oxigênio, feita com bomba de aquário. Para a movimentação do meio, foi usada agitação magnética com ímã de neodímio. Tudo foi pensado para ser acessível e fácil de montar.  

Além do biorreator, a equipe criou um meio de cultura alternativo, que reduziu em cerca de 70% o custo em relação aos meios comerciais. Enquanto os meios comerciais custam, em média, 2,50 reais por litro de meio, o novo meio formulado na pesquisa tem um custo surpreendente de apenas 73 centavos por litro de meio. Isso porque são utilizados ingredientes acessíveis como glicerol e levedo de cerveja, que tornam a produção eficiente e mais econômica.

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Equipe criou um meio de cultura alternativo, que reduziu em cerca de 70% o custo em relação aos meios comerciais – Foto: Marcela de Souza Pereira/Arquivo pessoal

Validação no campo

O projeto foi testado em oficinas realizadas com agricultores do assentamento Quilombo Grande, do MST, em Campo do Meio (MG). Durante as atividades, os participantes foram capacitados a produzir seus próprios inoculantes com resultados equiparáveis aos obtidos em laboratório.

“Eles mesmos fizeram essa multiplicação. E eles obtiveram os mesmos resultados que a gente obteve em laboratório. Foi um marco muito importante para a gente nessa pesquisa, porque, mesmo em condições não científicas e feitas por pessoas comuns, conseguimos ter uma produção muito eficiente”, comemorou.

Segundo Marcela, o biorreator, embora considerado de pequeno porte, é capaz de atender áreas consideráveis. “A gente fala que é um biorreator de pequena escala, mas o volume que ele está produzindo consegue fazer uma inoculação em 10 hectares. Para um pequeno produtor, 10 hectares é uma área muito grande.”

Tutorial gratuito

A equipe da universidade está criando um repositório digital, que estará disponível, dentro de aproximadamente um mês, no site https://biosbrasil.ufla.br. O conteúdo vai incluir listas de materiais, tutoriais em vídeo e instruções completas para que qualquer agricultor possa replicar a tecnologia.

Sustentabilidade

A pesquisadora destaca que o projeto responde tanto à necessidade de redução de custos no campo quanto à urgência por práticas mais sustentáveis. O uso de bioinsumos substitui fertilizantes químicos, contribuindo para a saúde do solo, economia dos produtores e preservação ambiental.

Ela ressalta o caráter social da iniciativa, que busca oferecer não só tecnologia, mas protagonismo ao agricultor familiar. “Essa iniciativa não trata apenas de aumentar a produção de alimentos, mas de promover uma agricultura que respeita o meio ambiente e contribui para a segurança alimentar. Com essas ferramentas, pequenos produtores têm a chance de se tornar protagonistas de uma mudança significativa na forma como alimentamos o mundo”, conclui.

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