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Fazenda Nova Aliança imprime legado centenário em cada xícara de café

Conheça a história de Juliana e Flávio, que produzem cafés de baixo carbono, com sustentabilidade que vai além da produção

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Sabrina Nascimento | Monte Santo de Minas (MG) | sabrina.nascimento@estadao.com

01/10/2025 - 05:00

Juliana e o marido, Flávio, mantêm a Fazenda Nova Aliança, em Monte Santo de Minas. Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão
Juliana e o marido, Flávio, mantêm a Fazenda Nova Aliança, em Monte Santo de Minas. Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão

Anualmente, no dia 1º de outubro, o mundo celebra o Dia Internacional do Café. A data lembra que o grão que desperta milhões de pessoas também é motor de economia, cultura e sustentabilidade. O Brasil, maior produtor e exportador mundial, não apenas lidera em quantidade, mas também vem se destacando na qualidade e na responsabilidade ambiental com a produção. É nesse cenário que a Fazenda Nova Aliança, em Monte Santo de Minas, no sudoeste de Minas Gerais, se apresenta como exemplo de tradição, inovação e cuidado com o planeta.

Entre montanhas verdes, a casa amarela, fincada logo na entrada e construída em 1917 pelo bisavô de Juliana Paulino da Costa, simboliza o legado familiar. Hoje, é Juliana e o marido Flávio Pereira de Mello quem mantêm viva essa história. Eles são a quinta geração à frente da fazenda, caminhando para a sexta geração com as suas duas filhas. 

Durante a pandemia, eles se mudaram de Campinas para a fazenda, acompanhando de perto cada etapa da produção. Transformaram a propriedade em uma escola viva, onde crianças e jovens, do ensino infantil ao superior, aprendem sobre café, tecnologia agrícola e preservação ambiental. “Eu começava dizendo pra eles coisas simples, que fosse do entendimento. ‘Se vocês vão no médico, o médico manda tomar uma aspirina. Vocês tomam uma ou duas? Uma’. Pois é, a planta também tem médico. E ele prescreve uma quantidade e a gente segue a recomendação”, explica Juliana. 

A cada visita de estudantes, compradores internacionais e amigos, o casal oferece mais que café: entregam narrativa, memória e cuidado com cada detalhe da produção. Lembrando de sua infância, como quem lembra do dia das minúcias do dia de ontem, Juliana recorda a importância do grão em sua trajetória. “O café sempre foi parte da minha vida. Cresci passando as colheitas aqui. Hoje, continuo esse legado com Flávio, que também virou apaixonado pelo café”, conta Juliana.

A fazenda tem 264 hectares, sendo 150 para a produção de café e 114 de reserva florestal. Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão

Entre as lavouras plantadas entre 990 e 1080 metros de altitude, os grãos carregam o gosto das memórias e tradições semeadas há anos. Quem prova o café da Nova Aliança pode degustar uma bebida feita com o grão arábica, doce, com finalização prolongada e notas de caramelo e chocolate. O grão produzido na Nova Aliança, no entanto, vai além da qualidade sensorial: busca provar que tradição e responsabilidade ambiental podem caminhar lado a lado.

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Atualmente, a fazenda conta com uma área de 264 hectares, sendo 150 dedicados à produção de café, e outros 114 de reserva florestal. Parte da área de reserva é de mata nativa adquirida exclusivamente para conservação, uma vez que as nascentes protegidas abastecem municípios vizinhos. Além disso, a energia no local é parcialmente solar, as residências contam ainda com fossas sépticas, e a coleta seletiva é rotina. 

Há também adoção de bioinsumos que substituem produtos químicos sempre que possível. “Para nós, sustentabilidade tem três pilares: ambiental, social e financeiro. Sem equilíbrio entre eles, nada se mantém”, explica Flávio, caminhando entre os talhões. 

A relação com os colaboradores reflete esse cuidado: muitos são filhos e netos de antigos trabalhadores. Na colheita, a equipe chega a 23 pessoas; fora dela, são 14. “Eles não são apenas funcionários. Fazem parte da nossa história”, salienta Juliana.

1º colheita de café baixo carbono

Em 2025, a Nova Aliança alcançou um marco inédito: a primeira colheita de cafés de baixa emissão de carbono. O resultado é fruto de uma parceria entre a Cooxupé, maior cooperativa de café do mundo, e a Yara Fertilizantes. 

As fazendas participantes do programa, como a Nova Aliança, utilizaram fertilizantes produzidos com até 90% menos emissão de gases de efeito estufa, impactando até 40% da pegada de carbono na xícara de café. “É pioneirismo. Estamos ajudando a construir um mercado que ainda não existe, mas que vai crescer muito nos próximos anos”, afirma Acácio Martins, especialista em sustentabilidade da Yara Brasil.

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Flávio contou que para o primeiro ano do projeto foram destinados 5 hectares de café. Porém, para a safra 2026, ele pretende dobrar a área. “O resultado foi muito bom. O adubo é o mesmo, mas a diferença está na forma como ele é produzido, sempre respeitando a natureza e reduzindo as emissões de gases do efeito estufa. Na verdade, todos os adubos que usamos já seguem esse padrão sustentável”, disse. 

Em 2025, foi feita a primeira colheita de cafés de baixa emissão de carbono na fazenda.
Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão

Mercado internacional

Em relação às exigências do mercado internacional, o produtor diz que os outros países não querem apenas os grãos, eles buscam no Brasil história e confiança. Segundo Flávio e Juliana, quando cada cliente da Inglaterra, Irlanda e Nova Zelândia — países para os quais o casal exporta café diretamente — visitam a fazenda, auditam cada detalhe: condições de trabalho, preservação ambiental e organização. 

Um dos clientes lançou cafés exclusivos com o nome da Nova Aliança. “A gente não conhecia a Inglaterra. A gente disse, ‘vamos, mas não vamos avisar que a gente vai’. Vamos tomar nosso café lá. Vamos beber. Eu falei: ‘a gente vai beber o nosso café, mas, assim, despretensioso”, relatou. “Chegamos a Londres. Aquelas casinhas de tijolinho, típicas que a gente vê nos filmes. Abrimos uma porta e entramos. Uma super cafeteria moderna. Tinha um espelho do chão ao teto, cobrindo toda a parede, para ver o andar de baixo. O andar de baixo era a torrefação. E ali, empilhadas, estavam nossas sacas de café. Ai, chorei”, complementou. 

Para Flávio, isso é o reconhecimento do trabalho semeado em décadas, símbolo do nome escolhido por eles para a fazenda. “Escolhemos Nova Aliança porque simboliza a aliança que eu fiz com a Juliana no dia do nosso casamento. E também porque eu sou católico e nas missas o padre diz ‘esse é o cálice da nova aliança que é derramada por vós’”, contou ao Agro Estadão. 

*jornalista viajou à Monte Santo de Minas (MG) a convite da Yara Fertilizantes

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