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Com recursos do CrediturSP, São Paulo vai investir em rota do café e turismo rural
Programa de incentivo ao crédito para turismo recebeu aporte de R$ 2 bilhões; projetos de lazer no campo devem ser lançados em dezembro

Sabrina Nascimento | São Paulo
12/11/2024 - 15:29

O governo do estado de São Paulo prepara o lançamento de projetos voltados ao lazer no campo ainda neste ano. Entre os destaques, estão o programa de promoção do turismo rural e a rota do café, com o objetivo de valorizar o patrimônio histórico e cultural do estado ligado à cafeicultura.
As iniciativas devem ser contempladas com recursos do Creditur SP, programa de incentivo ao crédito para turismo. Na última semana, o governador do estado, Tarcísio de Freitas, anunciou um aporte de R$ 2 bilhões ao programa. Além disso, apresentou a academia do Turismo SP, que prevê 100 mil vagas em cursos gratuitos no setor, até 2026.
Em conversa com o Agro Estadão, o secretário de Estado de Turismo e Viagens de São Paulo, Roberto de Lucena, detalhou as iniciativas do governo para o turismo rural. Lucena já foi secretário de turismo de SP em 2015 e 2016.
Confira a entrevista abaixo.
Agro Estadão – Como o governo de São Paulo olha para o turismo, especificamente, o rural?
Secretário de Turismo de São Paulo, Roberto de Lucena – O turismo é uma cadeia econômica que ativa e compreende 52 setores, que produzem 2,4 milhões de empregos diretos e indiretos em São Paulo atualmente. Toda essa cadeia representa quase 10% do PIB do estado. E nós estamos falando em aproximadamente R$ 300 bilhões. Em 22 meses de governo, São Paulo já transferiu para os municípios turísticos do estado R$ 534 milhões. Sabendo que isso ainda é menos do que nós precisamos, considerando a velocidade com que São Paulo pretende avançar no desenvolvimento do turismo, o governador determinou a criação de um programa de crédito específico para o setor, chamado CrediturSP. Esse programa, lançado há exatamente um ano, tinha a pretensão de garantir R$ 1 bilhão ao ano para o setor, contando com a parceria público-privada. No fechamento do primeiro ano do CrediturSP, nós superamos a meta e garantimos R$ 2 bilhões ao setor. O governo também lançou a Academia do Turismo, uma ação que garante 22 mil vagas em diversas frentes, como resposta às preocupações do crédito turístico, em função da mão de obra capacitada. E estamos nos preparando agora para, até o final do ano, lançarmos também o Programa de Turismo Rural.
Agro Estadão – Como vai funcionar o Programa de Turismo Rural?
Roberto de Lucena – Em parceria com a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) e o SENAR, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, e o SENAC e com o SEBRAE, nós já mapeamos mais de mil propriedades no estado de São Paulo prontas e capacitadas para receber o turista. Então, nós estamos no processo de consolidação dessa capacitação, de preparação, já com mais de 300 propriedades mapeadas que já atuam no turismo rural. E, com restaurantes no campo, com pousadas, e hotéis fazendas, com a oportunidade de visitação à fazenda produtiva, um programa amadurecido com a Faesp, que tem nos dado todo o suporte e apoio técnico. E nós estaremos, muito provavelmente até dezembro, em todas as condições de fazermos esse lançamento, entregarmos ao governador e fazermos esse lançamento do programa de turismo rural do estado de São Paulo.
Agro Estadão – E esse programa, ele vai receber recursos do CrediturSP?
Roberto de Lucena – Com certeza, esse crédito também poderá ser enquadrado para o turismo rural, para as atividades e desenvolvimento do turismo rural. É só uma questão de enquadramento, mas, certamente, os investimentos e projetos para o desenvolvimento do turismo rural poderão ser enquadrados.
Agro Estadão – Hoje, já se sabe o volume de recursos que serão destinados ao turismo rural?
Roberto de Lucena – Nós temos todo o volume de recursos no macro, e ele, na verdade, vai concentrando projetos. Então, os bons projetos para o turismo, seja naquele parque aquático, seja naquele hotel fazendo, naquela pousada, todo empreendimento turístico, que seja de interesse do turismo e para o desenvolvimento do setor, ele pode ser enquadrado no total dos créditos do CrediturSP. Além do que, nós também contaremos com a possibilidade de que parte do Fundo Especial da Agricultura possa ser utilizado. A Secretaria de Agricultura está definindo quanto será destinado para o desenvolvimento de atividades de turismo rural. Eu preciso lembrar também do artesanato, que é muito importante, além das rotas gastronômicas rurais que estão sendo desenhadas.
Agro Estadão – Só para esclarecer, o programa do turismo rural é diferente do guia de turismo rural lançado em junho deste ano durante o Global Agribusiness Forum?
Roberto de Lucena – Naquele momento, nós não lançamos o programa de turismo rural. Nós lançamos o guia de turismo rural, onde nós já apresentamos uma parte dessas mil propriedades catalogadas. Naquele dia, nós apresentamos aproximadamente 300 propriedades. Então, com o lançamento do programa, que deverá ser anunciado pelo governador, nós estaremos ampliando o guia, atualizando o número maior de propriedades rurais abertas para o turismo, e de empreendimentos que deverão ser contemplados. A previsão de lançamento é dezembro, pela metade do mês.
Agro Estadão – Existe alguma rota ou região de turismo rural que vai receber, neste primeiro momento, um olhar mais especial?
Roberto de Lucena – Não, nós estamos desenvolvendo várias rotas de turismo rural em todo o estado. Nós vamos fazer um planejamento de tempo, que deverá compreender os próximos dez anos, para que a gente esteja atuando nessas diversas regiões. Mas, eu quero destacar uma intenção especial nossa para o Vale do Ribeira e também para o Pontal do Paranapanema, que são estrategicamente importantes para nós e que queremos desenvolver o turismo rural com o apoio da Faesp. São duas regiões pressionadas no seu IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), em função de uma série de limitações, mas que têm um grande potencial para o desenvolvimento econômico social através do turismo. No Vale do Ribeira, por exemplo, nós temos fazendas abertas à vegetação, empreendimentos como o Palmitolândia, o distrito turístico e ecológico, onde existem diversas oportunidades de desenvolvimento do turismo rural. Nós temos também os quilombos nessa região, que entram no nosso mapa do turismo rural. Nós acreditamos muito no desenvolvimento dessas duas áreas, que têm o menor IDH do estado. O turismo rural poderá, dentro do turismo, ser um grande expediente para nós traçarmos e apoiarmos as nossas regiões.
Agro Estadão – E com o lançamento deste programa, a princípio previsto para dezembro, como se enxerga o turismo rural em 2025?
Roberto de Lucena – Em franco desenvolvimento. São Paulo é um estado industrial, mas é um estado rural. E nós temos aqui, muito mais do que isso, um aspecto cultural, um aspecto gastronômico, nos meios de hospedagem. Nós temos muitas oportunidades, muita coisa extraordinária que já acontece. Recentemente, por exemplo, o governador lançou as rotas de vinhos de São Paulo e, certamente, elas vão compor o programa do turismo rural. São 66 vinícolas em todo o estado de São Paulo – uma cadeia pujante, vibrante, de franco desenvolvimento. Deveremos lançar também em dezembro a rota do café. Nós já temos mapeado, em atividade, uma rota de queijo. E, estaremos incluindo dentro do programa do turismo rural essa rota tão fundamental, tão importante.
Agro Estadão – A rota do café se concentraria na região da Alta Mogiana paulista?
Roberto de Lucena – A rota pega todo o estado, todas as regiões que são produtoras de café. Ela também deve contemplar o aspecto cultural, de repercussões, de dobramentos do Museu do Café. Estamos desenhando um belíssimo trabalho.
Agro Estadão – Essa iniciativa, especificamente da rota do café, faz parte da intenção do governo estadual de resgatar a história e a importância do café para o estado de São Paulo?
Roberto de Lucena – Total. Nós estamos principalmente trabalhando junto com a Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Secretaria de Turismo, Secretaria de Cultura, inicialmente. Evidentemente, além do turismo da rota do Café, existe o objetivo de valorização dos produtos de São Paulo, de resgate do que o café representou e representa para a sociedade.
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