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FAESP foca em turismo rural para desenvolver agronegócio de São Paulo

O programa de turismo rural foi lançado durante o Global Agribusiness Forum; presidente Tirso Meirelles cobra diálogo do governo com o setor.  

6 minutos de leitura 28/06/2024 - 10:10

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Sabrina Nascimento | Atualizado às 15h44 do dia 28/06/2024

Presidente da  FAESP, Tirso Meirelles, durante o GAFFFF, em São Paulo. Foto: FAESP/Divulgação
Presidente da FAESP, Tirso Meirelles, durante o GAFFFF, em São Paulo. Foto: FAESP/Divulgação

São Paulo vai ganhar, em breve, um programa de turismo rural que deve desenvolver o agronegócio e aproximar a população da cidade com o campo. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (FAESP) lançou o Manual do Turismo Rural de São Paulo durante o Global Agribusiness Forum (GAFFFF), nesta quinta-feira, 27 .

O estado tem cerca de 1.200 propriedades rurais cadastradas e dez rotas gastronômicas já mapeadas. O presidente da FAESP, Tirso Meirelles, conversou com o Agro Estadão sobre o projeto e outros temas, como Reforma Tributária e Plano Safra. Confira a entrevista abaixo.

Agro Estadão – Acabamos de acompanhar o lançamento do Manual do Turismo Rural de São Paulo, aqui no Global Agribusiness Forum. Como essa iniciativa irá colaborar com a promoção do turismo rural no estado?
Tirso Meirelles Nós desenvolvemos um primeiro Manual do Turismo Rural para que nós possamos fortalecer, criar as condições necessárias para demonstrar ao cidadão urbano a importância do turismo rural, onde você tem gastronomia, artesanato, onde você tem um esporte de lazer, as rotas de turismo religioso. Então você tem uma gama de procedimentos que você precisa dar as condições específicas para levar conectividade para a propriedade rural, para que você dê infraestrutura para que você possa criar hoteis e pousadas para receber esse público. Isso traz uma renda muito grande.

Agro Estadão – Como os produtores rurais do estado irão se beneficiar com essa iniciativa?
Tirso Meirelles – Junto com o turismo rural, nós trazemos a conectividade para o EAD, para rastreabilidade dos produtos, para a venda do produto direto do produtor para o consumidor urbano. Então você abre um leque à segurança, né? A partir disso, tem um ponto muito importante, que são os arranjos produtivos, locais onde você junta a vocação daquele município, daquelas pequenas propriedades, médias propriedades e você foca na gastronomia. Você foca em todos a piscicultura, a cavalgada. Cada um faz um pouquinho e você torna o local um grande centro de turismo. Esse é o ponto importante que nós estamos lutando para fazer isso, para que a gente possa criar, inclusive as pequenas agroindústrias. Então é um fortalecimento do agro com turismo.

Agro Estadão – Que ações que já estão em andamento e quais são planejadas?
Tirso Meirelles – Nós já estamos com 100 propriedades preparadas para fazer esse trabalho todo. Agora nós vamos fazer uma visita nas propriedades rurais, verificar a força de mão de obra, verificar a vocação dessas propriedades rurais, fortalecer a implantação do Código Florestal e verificar a possibilidade de fazer os arranjos produtivos. Então, nós vamos fazer uma parceria entre a Secretaria do Turismo e Secretaria de Agricultura, por intermédio do governo do estado, com o governador Tarcísio Freitas, eu e a FAESP, Senar e Sebrae, onde nós vamos visitar as propriedades rurais para que a gente possa fazer esse levantamento e fazer as políticas públicas voltadas para esse desenvolvimento.

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Agro EstadãoEm relação às discussões que envolvem o agro no âmbito federal, como a FAESP tem acompanhado e se mobilizado quanto à reforma tributária e os impactos previstos no setor?
Tirso Meirelles
Muito preocupado, muito preocupado, porque no início do lançamento da reforma tributária nós ficamos com muita indecisão. Inclusive, tinha pedido para que fosse postergado um pouco, porque da forma que estava sendo feita, a sociedade não foi avisada, a sociedade não viu como ia ser a reforma tributária. E hoje você vê, nós já tivemos um aumento no primeiro semestre de 12% dos combustíveis e o IVA parece que vai passar de 27%, que vai ser um dos maiores do mundo. Então isso é uma preocupação muito grande. Estamos muito reunidos, a cadeia produtiva, como o comércio, o serviço, a indústria, unidos aqui em São Paulo para conversarmos, dialogarmos e também estamos ligados muito à Frente Parlamentar da Agricultura (FPA) no Congresso Nacional, como também na CNA e no IPA Instituto de Pesquisa Pensar do agro, para que a gente possa fazer o melhor possível para a solidez e a sustentabilidade do nosso país. O país não pode errar nessa reforma tributária, que já começou errado; e depois nós não fizemos a reforma administrativa. 

Agro Estadão – Há cerca de duas semanas, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolveu parte da MP 1227 ao governo federal. A medida limita a compensação de crédito das contribuições ao PIS/Pasep e à Cofins. Como a FAESP tem acompanhado o tema? Ainda é um ponto de alerta?
Tirso Meirelles – Ainda estamos em alerta com a MP 1224 que eles mandaram agora para que a gente pudesse desonerar o processo da cadeia produtiva da folha de salário que foi encaminhado. E existe uma diminuição dos custos por caso. Aonde você tem uma maior quantidade de pessoas empregadas… não é por aí. Mandaram essa medida provisória sem avisar o setor produtivo. Só o agro ia perder R$ 30 bilhões, então ia quebrar o processo como um todo. Parou o processo de exportação do Brasil. Então, o governo não pode ter a sensibilidade de tomar as medidas sem conversar com o setor. Foi o que aconteceu com o leite e com o arroz. E agora, com essa medida provisória que realmente revoltou parte do do Senado, o presidente do Senado devolveu parte dessa medida provisória. Mas estamos na discussão para que isso não aconteça mais.

Agro EstadãoComo está a expectativa para o Plano Safra, taxa de juros, seguro rural?
Tirso Meirelles – Os recursos, sendo os mesmos recursos do ano passado, está ótimo. O importante é o aspecto da desburocratização para chegar ao pequeno e médio produtor. Se libera o recurso, mas não chega nas pessoas que precisam, aqueles que estão labutando, que precisam tirar o recurso com juros melhores para que ele possa eficazmente produzir. Para você ter uma ideia, o nosso Plano Safra é anual, e nos Estados Unidos, ele é praticamente de dez em dez anos. Por que nós temos de fazer anualmente? Por que não se faz uma programação mais consolidada, com aspecto de investimento a longo prazo, para que nós possamos fazer o processo de desenvolvimento sustentável do país? Hoje a nossa matriz energética é 47% renovável, do mundo é 13%. Nós temos 66% das nossas florestas intactas – o mundo não tem mais isso. Nós estamos fazendo a melhor produção sustentável do mundo e, mesmo assim, nós não somos reconhecidos por tudo o que nós estamos fazendo, mas estamos lutando, estamos demonstrando, estamos dialogando com o governo. O governo precisa ser um pouco mais sensível.

Agro Estadão – E o que precisa ser feito para tornar esse processo menos burocrático?
Tirso Meirelles – O que precisa é que, quando anunciar, o governo faça uma reunião junto com os seus órgãos de distribuição de recursos, como Banco do Brasil, Caixa Econômica, Banco Central, junto com o setor produtivo, e demonstre efetivamente os formatos para deliberar o mais rápido possível. E, se tiver alguma dificuldade numa agência no interior do Estado, que seja automaticamente recebida, para receber as reclamações e deliberar os recursos. Os recursos precisam ser liberados naquele momento ou no momento da comercialização, ou no momento que você tem de plantar. No momento da colheita, você precisa daquele time. Agora, quando atrasa todo esse processo, embola tudo e diminui o lucro. E aí fica difícil o produtor ter lucratividade, se manter no seu negócio, certo?

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