Economia
SuperAção Agro RS: reconstrução emergencial da atividade rural no RS deve durar três meses
CNA, Senar e Farsul devem atender 5 mil produtores rurais no primeiro momento; ao todo, 10 mil foram afetados pelas inundações no RS
Fernanda Farias | fernanda.farias@estadao.com
31/05/2024 - 18:01
Após quatro dias percorrendo mil quilômetros nas regiões atingidas pelas enchentes e inundações no Rio Grande do Sul, o diretor-geral do SENAR conta que o cenário é devastador. “Deprime a gente”, disse Daniel Carrara enquanto se deslocava de carro até Florianópolis (SC), de onde partiria em um voo para Brasília (DF). Ao Agro Estadão, Carrara contou que sobrevoou regiões que ainda não foram acessadas por terra e que muitas propriedades rurais foram totalmente destruídas.
“O mais importante é botar nosso pessoal na rua pra ajudar o produtor. É esse auxílio emergencial de alimentação, medicação, limpeza de propriedade. Tem produtor que só de receber um abraço começa a ficar satisfeito”, disse Carrara. Segundo o diretor, a prioridade é ajudar a estruturar a casa para aqueles que perderam tudo, com a aquisição de fogões, geladeiras e colchões. E também garantir a alimentação dos animais que sobreviveram.
“Estamos adquirindo três mil bolas de feno de Santa Catarina para o pessoal do leite, porque eles vão perder os animais se não colocarem comida lá”, avaliou. Além disso, muitos produtores de leite nem conseguirão voltar para a atividade, porque não existe mais solo para plantar pasto.
Plano emergencial vai atender propriedades em 109 municípios
Neste primeiro momento, cinco mil propriedades rurais devem ser atendidas. São locais que ficam nas regiões mais afetadas dos Vales e da Serra. Além dos 200 técnicos do SENAR do Rio Grande do Sul, mais 300 profissionais de outros estados devem participar das ações. A chegada deles está prevista para começar em dez dias.
“Vamos trazer técnicos das cadeias produtivas mais afetadas [suinocultura, avicultura, gado de leite e vitivinicultura], mas também técnicos da área de eletrificação rural, construção, mecanização agrícola, porque muitas máquinas ficaram submersas. Então a demanda é de muita coisa a ser feita”, avaliou Carrara.
O diretor explica que em algumas propriedades o trabalho de recuperação já começou e em outras, os técnicos estão fazendo o diagnóstico. Segundo ele, as ações emergenciais devem se concentrar nos próximos três meses.
O SENAR disponibilizou R$ 100 milhões para essa operação chamada de SuperAção Agro RS. Daniel Carrara disse que este é um bom valor para começar, mas não vai resolver tudo. “Não é possível estimar quando as atividades serão retomadas a pleno. Muitos estão com suas terras cobertas de lama e os próximos meses são de inverno, o que dificulta o plantio”, completou.
“Com certeza, nós não vamos resolver todos os problemas, mas vamos minimizar o impacto em cada produtor que nos procurar com as suas necessidades mínimas, básicas para que ele possa reestruturar a sua propriedade e começar a operar”, disse o presidente da Federação da Agricultura do Rio Grande Sul (Farsul), Gedeão Pereira, em vídeo de avaliação publicado pelo sistema CNA/Senar.
Diferencial é a vontade de recomeçar
Impactado pelo que viu e ouviu nos quatro dias de expedição pelas regiões destruídas, o diretor-geral do SENAR chama a atenção para uma característica marcante do produtor rural do Rio Grande do Sul. “É impressionante a força dos gaúchos”, comentou ao Agro Estadão.
“Vamos devolver aos gaúchos toda a dedicação que eles já fazem pelo agro do nosso país, ao abrirem fronteiras novas, levaram essa disposição do gaúcho desde o sul até o norte. O Brasil deve devolver a esse estado e a esses produtores o que eles merecem”, concluiu.
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