Preço do cacau dispara e impulsiona expansão da produção no Brasil | Agro Estadão Preço do cacau dispara e impulsiona expansão da produção no Brasil | Agro Estadão
PUBLICIDADE

Economia

Preço do cacau dispara e impulsiona expansão da produção no Brasil

Produto teve alta de até 282%; país ainda enfrenta desafios em produtividade para atender à demanda interna

Nome Colunistas

Paloma Custódio | Brasília | palmoacustodio@estadao.com.br

06/03/2025 - 08:00

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

O preço do cacau registrou alta de 189%, com picos de até 282%, nos últimos 12 meses anteriores a dezembro de 2024, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Alimentação (Abia). Essa valorização da amêndoa tem impulsionado o interesse dos produtores pela cultura. Ao Agro Estadão, a presidente-executiva da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Anna Paula Losi, disse que é possível observar uma expansão da área de cultivo de cacau no Brasil, inclusive em regiões onde o fruto não era tradicionalmente produzido.

“O produtor que tinha cacau para vender no ano passado, provavelmente ganhou bastante dinheiro. Nos últimos cinco anos, a média de preço ficou em torno de US$ 3 mil dólares a tonelada. E, no ano passado, a média ficou em mais de US$ 8 mil dólares a tonelada”, afirma. “Mas qual é a grande questão? Temos uma produtividade baixa no Brasil. Então, em muitos desses momentos de alta de preço, os produtores não tinham cacau para vender”.

Redução da oferta global de cacau

Anna Paula explica que a disparada do preço do cacau em 2024 foi causada pelo déficit global de mais de 400 mil toneladas na oferta das amêndoas. Além disso, a concentração da produção em poucos países torna o mercado mais vulnerável a fatores climáticos e à incidência de pragas, agravando o cenário. “Quase 70% da produção global de cacau fica na África, sendo que mais de 50% estão em dois países: Costa do Marfim e Gana”. O aumento da demanda mundial de cacau e a perspectiva de que o preço mais alto da amêndoa perdure também contribuem com o encarecimento.

No Brasil, a indústria processadora recebeu 179.431 toneladas de amêndoas de cacau em 2024, uma queda de 18,5% em relação a 2023. Os dados são do SindiDados – Campos Consultores e foram divulgados pela AIPC. O desempenho negativo é resultado de fatores climáticos adversos e a incidência de pragas, como a vassoura-de-bruxa e a podridão-parda, que comprometeram severamente a produção nacional. 

As importações de amêndoas de cacau diminuíram significativamente, passando de 43.106 toneladas, em 2023, para 25.501 toneladas, em 2024. Já as exportações de derivados de cacau cresceram, totalizando 50.257 toneladas, um aumento de 6,2% em relação a 2023. Segundo a AIPC, este avanço destaca a crescente competitividade dos derivados brasileiros no mercado externo.

PUBLICIDADE

Espaço para o Brasil atender à demanda de cacau

A presidente-executiva da AIPC afirma que o Brasil tem espaço para crescer e atender à demanda de cacau da indústria. “A África é um grande produtor, mas praticamente não consome cacau. A Europa e os Estados Unidos, que são os grandes ‘lojeiros’ do mundo, são 100% dependentes de exportação. Já o Brasil é um dos poucos países do mundo que tem todos os elos da cadeia: produção de amêndoas, indústria moageira e um consumo muito importante”.

No entanto, o Brasil ainda não é autossuficiente para atender à demanda interna. Segundo a AIPC, enquanto a produção média foi de 190 mil toneladas de cacau nos últimos cinco anos, a capacidade da indústria processadora é de 275 mil toneladas. Enquanto a Costa do Marfim, o maior produtor mundial, coloca no mercado, anualmente, 1,8 milhão de toneladas por ano, o Brasil, ocupando a sexta posição no ranking. Não chega nem a 200 mil toneladas/ano. “Estamos muito longe do terceiro maior produtor, que é o nosso vizinho Equador, que produz 400 mil toneladas anualmente”, destaca Anna Paula.  

A estimativa da AIPC é que a safra 2024/25 feche em 170 a 180 mil toneladas de cacau, mas supere a marca de 200 mil toneladas no ciclo 2025/26.

Plano Inova Cacau 2030

Em 2023, a cadeira produtiva, liderada pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), lançou o Plano Inova Cacau. O objetivo é alcançar uma produção anual de 400 mil toneladas de cacau até 2030 para atender à demanda interna e voltar a ter potencial exportador de amêndoas. Os detalhes sobre as estratégias para fomentar o desenvolvimento sustentável das regiões produtoras de cacau no Brasil podem ser conferidos na página do Ministério da Agricultura.

Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

RS: colheita de soja atinge 5% da área e a de milho chega a 69%

Economia

RS: colheita de soja atinge 5% da área e a de milho chega a 69%

Levantamento da Emater-RS aponta que trabalhos avançam de forma desigual entre as regiões gaúchas

Anfavea aponta incertezas e descarta ganhos para indústria com tarifas dos EUA sobre aço

Economia

Anfavea aponta incertezas e descarta ganhos para indústria com tarifas dos EUA sobre aço

Alta nos custos de financiamento e diesel também preocupam o setor, especialmente o mercado de caminhões pesados

Embrapa: custo de produção de frangos de corte e de suínos aumenta em fevereiro

Economia

Embrapa: custo de produção de frangos de corte e de suínos aumenta em fevereiro

Alta foi verificada no Paraná e em Santa Catarina, principais produtores e exportadores do setor

Governo publica decreto que facilita comércio interestadual de leite, mel e ovos

Economia

Governo publica decreto que facilita comércio interestadual de leite, mel e ovos

A medida faz parte do pacote anunciado por Lula para reduzir a inflação dos alimentos.

PUBLICIDADE

Economia

Com investimento de R$ 50 milhões, Oxbo inaugura fábrica em MG

Nova unidade conta com 96 mil metros quadrados e está localizada em Uberaba, no triângulo mineiro

Economia

Começa a valer taxa zero para importação de 10 alimentos

Medida é vista pelo setor com pouco impacto prático na inflação dos produtos

Economia

Moagem de cana na 2ª quinzena de fevereiro cai a 283 mil t

As vendas de etanol totalizaram 2,80 bilhões de litros em fevereiro, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica)

Economia

Exportação de genética avícola cresce 5,4% em receita

México liderou as compras em fevereiro, dados são da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA)

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.