Economia
Exportações de amendoim até agosto registram recorde de 180 mil toneladas
Com 86% da produção nacional, Estado de São Paulo consolida liderança e amplia presença no mercado internacional

Redação Agro Estadão
06/10/2025 - 16:58

O amendoim brasileiro alcançou um marco inédito em 2025. Após um período de retração nas vendas externas, o produto voltou a ganhar fôlego e registrou resultados expressivos. De janeiro a agosto deste ano, foram embarcadas mais de 180 mil toneladas, movimentando US$ 222 milhões em exportações — um avanço de 26% em relação ao mesmo intervalo de 2024, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola (IEA-Apta), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA).
A safra atual exportada é integralmente composta por grãos produzidos em território paulista. Entre os principais destinos, estão Rússia (22%), China (21%), Argélia (11%) e Países Baixos (7%), este último atuando como porta de entrada para o mercado europeu. O crescimento das vendas à China, que somaram 35 mil toneladas, chamou a atenção dos especialistas pelo ritmo acelerado.
De acordo com Renata Martins Sampaio, pesquisadora do IEA, a forte demanda chinesa foi determinante para o bom desempenho das exportações brasileiras. “A China é, ao mesmo tempo, a maior produtora e consumidora mundial de amendoim, respondendo por cerca de 35% da produção global. Mesmo assim, sua colheita não tem sido suficiente para atender ao consumo interno, o que abre espaço para o produto brasileiro”, explica.
Atualmente, o Brasil produz cerca de 1 milhão de toneladas por ano, destinadas principalmente aos segmentos de confeitaria e extração de óleo. Com isso, o País figura entre os seis maiores exportadores globais de amendoim de alta qualidade.
Óleo de amendoim ganha força
Outro destaque da safra 2024/2025 é o avanço nas exportações de óleo de amendoim, que cresceram mais de 170%, totalizando 98 mil toneladas — a maior parte destinada à China (87%) e à Itália (13%). O produto vem ganhando espaço no mercado internacional por seu sabor marcante, pureza e propriedades nutricionais.
Segundo a nutricionista Sizele Rodrigues, da Coordenadoria de Segurança Alimentar (Cosali/SAA), o óleo é naturalmente rico em gorduras poli-insaturadas, como o ômega 6, benéfico para o sistema cardiovascular e imunológico. “Além disso, é fonte de vitamina E e antioxidantes, como o resveratrol, associado à prevenção de doenças degenerativas, como o Alzheimer”, destaca.
Produção paulista
Com 86% da produção nacional, São Paulo reforça seu protagonismo no setor. O estado colhe, em média, 700 mil toneladas por ano, com destaque para os municípios de Tupã (13,6%), Marília (12,7%) e Jaboticabal (12,2%).
Para o secretário executivo da SAA, Alberto Amorim, os resultados são fruto de uma combinação entre pesquisa científica, inovação e gestão integrada. “O desempenho do amendoim paulista é motivo de orgulho. Além dos recordes de produção e exportação, o setor se apoia em uma base científica sólida, construída pelo Instituto Agronômico (IAC-Apta). As variedades desenvolvidas pelo instituto elevaram a competitividade da cultura e consolidaram São Paulo como referência mundial”, afirma.
Inovação e pesquisa fortalecem a cadeia produtiva
Reconhecido internacionalmente, o IAC, sediado em Campinas, é responsável por 80% das variedades cultivadas no Brasil, conforme explica o pesquisador Ignácio José de Godoy. As pesquisas do instituto abrangem desde o melhoramento genético até técnicas de manejo sustentável, com foco em produtividade, resistência a pragas e qualidade do produto.
Segundo ele, essas inovações têm garantido ao amendoim brasileiro maior valor agregado e competitividade no mercado externo, consolidando o país como um dos principais players globais no segmento.

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