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Economia

Decisão da Coca-Cola nos EUA é boa para o açúcar brasileiro?

A bebida adoçada com açúcar de cana teria benefício limitado às exportações brasileiras, que ocorrem dentro de uma cota anual para os EUA

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

26/07/2025 - 08:00

Especialista recomenda cautela sobre oportunidades para o açúcar brasileiro - Foto: Adobe Stock
Especialista recomenda cautela sobre oportunidades para o açúcar brasileiro - Foto: Adobe Stock

A Coca-Cola confirmou nesta semana que pretende lançar, entre setembro e dezembro deste ano, uma nova versão de sua tradicional bebida nos Estados Unidos, desta vez adoçada com açúcar de cana. “Como parte do nosso programa de inovação constante, planejamos lançar no outono americano um produto que contenha açúcar de cana dos EUA, ampliando nossa linha de bebidas sob a marca registrada Coca-Cola”, disse a empresa em comunicado. 

Atualmente, a Coca-Cola adoça suas bebidas nos EUA com xarope de milho de alta frutose, diferente da sacarose extraída da cana-de-açúcar usada em países como o Brasil. 

Com o anúncio da companhia, houve questionamentos sobre como a ação pode mudar a demanda mundial por açúcar e os efeitos no Brasil. 

Hoje, o Brasil exporta açúcar para os EUA por meio de um sistema de cotas tarifárias, que permite a entrada de até 150 mil toneladas por ano com imposto reduzido ou zerado. Em 2024, por exemplo, usinas das regiões Norte e Nordeste exportaram 146,6 mil toneladas para o mercado americano dentro desse limite.

Analista recomenda cautela

A mudança anunciada pela Coca-Cola pode, à primeira vista, parecer uma oportunidade para o Brasil aumentar suas exportações. No entanto, especialistas recomendam cautela.

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Ao Agro Estadão, Carlos Murillo Barros de Mello, Head de Açúcar e Etanol da HeadPoint Global Markets, lembrou que a decisão da Coca-Cola está relacionada a um pedido do presidente Donald Trump para apoiar os produtores norte-americanos. Além disso, a decisão ocorre após pressões de órgãos reguladores americanos diante das crescentes preocupações com os impactos dos ultraprocessados na saúde da população.

Mello lembra, no entanto, que mudanças na fórmula da Coca-Cola não são novidade. Ao longo das últimas décadas, a empresa e seus concorrentes já alteraram entre açúcar de cana e xarope de milho diversas vezes, geralmente influenciadas pelos preços das duas matérias-primas. “Atualmente, o milho está mais barato do que o açúcar no mercado internacional, o que ainda favorece o uso do xarope. Por isso, é provável que essa nova Coca-Cola com açúcar de cana seja vendida a um preço um pouco mais alto nas prateleiras”, explica.

Diante disso, o impacto para o Brasil ainda é incerto. Mello aponta que é cedo para estimar se haverá aumento na demanda por açúcar brasileiro. “Há várias etapas a serem vencidas. Primeiro, é preciso entender qual será a estratégia da Coca-Cola, se esse produto será lançado em grande escala ou em tiragem limitada. Segundo, é preciso avaliar a aceitação do consumidor americano: ele estará disposto a pagar mais por uma bebida com açúcar de cana?”, questiona. 

Outro ponto relevante, explica o analista, é o posicionamento político dos EUA. “Trump sempre demonstrou grande preocupação com a balança comercial americana. Se a demanda por açúcar de cana aumentar significativamente, é provável que haja pressão para que a Coca-Cola priorize fornecedores domésticos, como os produtores da Flórida, em detrimento de importações do Brasil ou do México”, salienta. 

Confira a íntegra da avaliação do especialista no vídeo a seguir:

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