Economia
De colchão de soja a linhas de crédito especiais: os negócios na Fenasoja 2024
Expectativa da organização é superar os R$ 1,2 bilhão negociados na edição anterior, em 2022

Fernanda Farias* | Santa Rosa (RS) | fernanda.farias@estadao.com.br
07/12/2024 - 10:22

A versatilidade da soja além do óleo, combustível ou alimento. Quem visita a Fenasoja 2024, em Santa Rosa (RS), comprova isso descansando em um colchão de soja feito especialmente para comemorar os 100 anos do grãos no Brasil.
O colchão tem três níveis de espuma e a que fica em contato com o corpo, no pillow top, foi produzida com soja. Extremamente confortável e macio, o colchão foi pensado pelos donos de uma loja de móveis e colchões que existe há 34 anos no município. Segundo a empresária Cassiane Perondi, a novidade tem deixado os visitantes curiosos.
“O pessoal pensa que vai ter grãos de soja dentro do colchão, que vai ser tipo um massageador. E quando deitam, percebem que não é semente!”, conta. “Aí eles dizem que não imaginavam que um produto nosso, a soja, pudesse formar uma espuma”, completa.
Para a feira, foram produzidas 50 unidades. Até esta sexta-feira, 42 colchões foram vendidos. “Se o pessoal gostar, vamos produzir mais”, diz a empresária. O projeto foi desenvolvido ao longo de dois anos com a indústria de colchões parceira da loja, que fica em Bento Gonçalves (RS).
A espuma tradicional é feita com polímeros plásticos derivados do petróleo. O gestor comercial da CBP, Mauricio de Araujo, explica que a espuma Biofoam® é produzida com um componente extraído da soja que é uma alternativa sustentável e renovável.


“Em termos de desempenho, a espuma de soja é equivalente às espumas tradicionais, oferecendo o mesmo nível de conforto e durabilidade. O grande diferencial está no seu impacto ambiental: é uma solução mais sustentável, feita com matéria-prima renovável, que contribui para a preservação do meio ambiente, sem comprometer a qualidade, o suporte ou o conforto”.
Exporural representa 95% do faturamento da feira
Neste ano, o espaço Exporural cresceu e o número de expositores passou de 25 para 57. Para isso, o espaço disponível também aumentou e ocupa 60 mil metros quadrados no parque da Fenasoja. A comercialização na área representa 95% do faturamento da feira, tradicionalmente.
A Fenasoja termina neste domingo, 08, com a aposta de superar os negócios fechados na edição anterior, realizada em 2022. O presidente da comissão da Exporural, Fabiano Soltis, conta que a procura está concentrada em tratores, semeadoras e drones para pulverização.
“Esperamos ultrapassar com folga os R$ 1,2 bilhão negociados na última edição. Apostamos nesse contexto de retomada”, afirma Soltis, referindo-se à recuperação das lavouras e plantações após as enchentes de maio no Rio Grande do Sul.
A expectativa nos negócios é reforçada com a disponibilização de linhas de crédito específicas para a Fenasoja pelas instituições financeiras patrocinadoras: Sicredi, Cresol, Caixa, Banco do Brasil e Banrisul.
Linhas de crédito especiais
Para comemorar os 100 anos da Soja no Brasil, algumas instituições financeiras lançaram linhas de crédito especiais. A Cresol, por exemplo, oferece condições inéditas para financiamento de veículos, construção ou reforma, energia renovável e implementos agrícolas, com prazo de até 100 vezes e taxas de juros a partir de 0,39% + CDI. Até sexta-feira, 06, foram protocolados mais de R$ 20 milhões em negócios.
O Sicredi União, que atende 39 municípios no Rio Grande do Sul e 22 no Espírito Santo, tem uma linha de crédito com até 30% de desconto para qualquer produto do portfólio. O benefício vale para operações fechadas até o dia 10 de dezembro. O desconto máximo é 30% e vai depender do prazo de financiamento, do score médio do associado.
“Nos primeiros três dias de feira fizemos 50% do valor total protocolado na edição anterior, que somou R$ 20 milhões”, explicou o presidente do Sicredi União, Sidnei Strejevitch. Segundo ele, a cooperativa – uma das 104 do Sicredi no país – vem crescendo 20% ao ano no volume de crédito disponibilizado. A expectativa para 2025 é chegar a R$ 10 bilhões.
*Jornalista viajou a Santa Rosa (RS) a convite da Fenasoja.
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