Economia
Comprimido contra a “febre do leite” é nova aposta da Boehringer no Brasil
A hipocalcemia subclínica pode acometer cerca de 50% das vacas no pós-parto e resultar em perda de produtividade nas fazendas

Redação Agro Estadão
08/04/2025 - 15:59

Atualmente, o Brasil tem mais de 15,6 milhões de vacas em lactação, produzindo em média 7,4 mil litros de leite por dia, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse volume, no entanto, é considerado baixo por alguns especialistas que apontam a hipocalcemia subclínica, conhecida popularmente por febre do leite, como um dos fatores que comprometem o desempenho produtivo dos animais.
A hipocalcemia subclínica é uma condição em que a vaca apresenta níveis de cálcio no sangue abaixo do ideal, mas sem sinais visíveis. A doença ocorre geralmente nas vacas leiteiras logo após o parto, podendo atingir 50% dos animais, especialmente os de alta produção, porque o organismo ainda está se ajustando à grande demanda de cálcio para a produção de leite.
Visando o combate da hipocalcemia e uma maior produtividade, a Boehringer Ingelheim, empresa alemã com atuação há 20 anos no Brasil, lançou no mercado brasileiro nesta terça-feira, 08, o Bovikalc. O produto é um suplemento nutricional desenvolvido para combater a hipocalcemia em vacas leiteiras no período de transição — três semanas antes e após o parto — considerado crítico em relação à perda de cálcio dos animais.
Segundo a companhia, hoje, cerca de 5 milhões de vacas no Brasil têm alto risco de desenvolver a febre do leite. “Hipocalcemia é uma doença silenciosa. Poucas fazendas conseguem mensurar o impacto que a doença tem. Então, ele [o produtor] não percebe que essa vaca pode dar uma retenção de placenta, isso vai dar uma infecção no trato reprodutivo, essa vaca vai demorar em emprenhar e pode ter uma mastite”, afirmou Roulber Silva, gerente de marketing e técnico de grande animais da Boehringer.
Reforço de cálcio
O Bovikalc é apresentado em forma de um comprimido grande administrado pela boca das vacas com o auxílio de um aplicador específico. O produto contém 43 gramas de cálcio em duas formas: cloreto de cálcio, de rápida absorção, contribuindo para a reposição no curto espaço de tempo, e o sulfato de cálcio, de liberação lenta, para uma reposição prolongada.
Segundo o médico veterinário e gerente técnico de grandes animais da Boehringer, Eduardo Pires, essa combinação garante um efeito para estabilizar os níveis de cálcio no sangue do animal. “Ele [o Bovikalc] tem um revestimento, como se fosse uma gordura para facilitar o deslizamento e evitar que ocorra algum tipo de irritação na mucosa. Então, é para facilitar a deglutição e também pensando no bem-estar do indivíduo”, ressaltou Pires.
Além da composição, o formato de administração também é um diferencial, uma vez que, os comprimidos vão direto para o rúmen do animal, evitando o risco de aspiração, como ocorre com soluções líquidas. Pneumonias por aspiração são extremamente perigosas, segundo os especialistas.
Aplicação
Com produção na Dinamarca, o produto já é utilizado em outros países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Holanda, França, Reino Unido, Argentina e Uruguai.
No Brasil, o custo será de R$ 175 para o tratamento completo com dois comprimidos, que se desintegram após cerca de 30 minutos. Além disso, a cada 60 vacas tratadas o criador ganha o aplicador do Bovikalc, em caso da aquisição de doses únicas, o aplicador deverá ser comprado pelo produtor.
A recomendação padrão é aplicar 2 comprimidos, sendo o primeiro comprimido logo após o parto e repetir a dose entre 12 e 24 horas depois. Em casos específicos — como vacas mais velhas, de alta produção leiteira ou com histórico de hipocalcemia —, pode-se estender o protocolo com mais aplicações entre 24 e 48 horas após o parto.

Por ser um suplemento nutricional, o produto não exige prescrição veterinária. No entanto, os especialistas reforçam que o uso deve ser alinhado com o veterinário e nutricionista da fazenda. “Nosso objetivo é somar às estratégias já existentes, como as dietas pré-parto, que reduzem a incidência da hipocalcemia clínica, mas ainda deixam até 30% dos animais suscetíveis à forma subclínica”, pontuou o médico veterinário e gerente técnico de grandes animais da Boehringer.

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Conheça a cagaita, uma fruta do Cerrado com muitos usos e benefícios
2
Conheça 5 raças de cavalo criadas no Brasil
3
Brasil já está no limite da capacidade de exportação de soja para China, diz Aprosoja
4
Alta do preço do ovo: entenda como é a cadeia de produção e por que os valores estão subindo
5
Já provou uvaia — fruta brasileira amarelinha, ácida e saborosa?
6
Manejo, raças e produtividade: um raio-x das maiores fazendas leiteiras

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Balança comercial tem superávit de US$ 1,512 bilhão na 3ª semana de abril
O resultado se deu, entre outros fatores, devido ao crescimento de US$ 19,89 milhões (5,4%) em Agropecuária

Economia
Abics: consumo de café solúvel cresce 6,2% no 1º trimestre e exportação, 7,9%
Foram consumidas 5,558 mil toneladas do produto no País entre janeiro e março deste ano, o equivalente a 240.851 sacas de 60 kg

Economia
Conab: País colheu 92,5% da área de soja; retirada do milho verão está em 68,2%
Em relação ao mesmo momento da safra passada, quando 83,2% das lavouras de soja estavam colhidas, há avanço de 9,3 pontos percentuais

Economia
Embrapa: custo de produção de frangos de corte cai em março mas o de suínos sobe
Custo do frango de corte caiu para R$ 4,86 no Paraná, 0,17% menos em relação a fevereiro, enquanto o de suíno vivo subiu 0,78%
Economia
Grupo Safras retifica valor da dívida para R$ 1,78 bilhão
O grupo havia solicitado a proteção judicial no dia 4 de abril, e recebeu prazo de 15 dias para corrigir e complementar a petição inicial
Economia
Itaú BBA vê cenário positivo para máquinas agrícolas em 2025
Conforme a instituição financeira, safra cheia deve estimular renovação do parque de máquinas e implementos agrícolas dos produtores
Economia
Mercado Halal: carnes abrem caminho, mas agro pode exportar outros produtos
Brasil busca diversificar sua oferta de alimentos para o mercado halal global, que movimenta em torno de US$ 1,5 trilhão por ano
Economia
BRF anuncia nova fábrica na Arábia Saudita com investimento de US$ 160 mi
Unidade será construída em Jeddah, em parceria com a HPDC, com capacidade para produzir 40 mil toneladas anuais de alimentos