PUBLICIDADE

Economia

CNI aponta desafios para indústria se adequar à nova lei dos bioinsumos

Confederação destaca a importância de um marco regulatório claro para alinhar segurança e qualidade entre indústrias e pequenos produtores

Nome Colunistas

Paloma Custódio | Brasília

26/12/2024 - 08:15

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontou os desafios para o setor industrial se adequar às novas exigências do marco regulatório dos bioinsumos. A lei foi sancionada na última terça-feira, 24, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Entre as dificuldades, o superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, apontou o processo de registro de biofábricas e de novos produtos, algo que pode ser complexo e demorado. 

“Outro desafio consiste na adaptação a cenários competitivos, já que a entrada de novos agentes no mercado, inclusive de startups e de produtores on farm, pode trazer mudanças significativas no cenário competitivo, exigindo flexibilidade e adaptação por parte das indústrias para manter sua relevância”, disse ao Agro Estadão. Na avaliação do superintendente, a nova regulamentação vai exigir investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e infraestrutura.

O presidente do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo), Clorialdo Levrero, avalia que a adaptação às novas regras do marco dos bioinsumos será natural. “Na realidade, já existe regulamentação para a maioria dos produtos [de nutrição vegetal], porém não abrange todos eles. Portanto, o grande desafio é que a regulamentação estabeleça regras claras, abrangentes e seguras”, disse à reportagem.

Sinergia entre a indústria e produção on farm

Na avaliação da CNI, existe um potencial na coexistência entre a indústria e a produção on farm de bioinsumos. Davi Bomtempo explica que o interesse da CNI na regulamentação da produção nas próprias fazendas é que um marco legal claro pode estabelecer padrões de segurança e qualidade.

“Por um lado, a produção localizada pode atender a necessidades específicas e promover práticas sustentáveis diretamente nas propriedades rurais. Por outro, a produção industrial pode fornecer produtos eficazes em larga escala, com pesquisa e desenvolvimento para inovação contínua e diversificação do portfólio, considerando as diferentes aplicações de bioinsumos na agropecuária”, acrescenta.

PUBLICIDADE

Com a nova lei, a produção realizada dentro das fazendas para consumo próprio (on farm) fica dispensada de registro, mas estará sujeita a um cadastro simplificado, ficando a critério do órgão de defesa agropecuária a dispensa desse cadastramento. 

Já os locais onde os bioinsumos são produzidos para fins comerciais, chamados de biofábricas, deverão ter registro obrigatório no órgão federal de defesa agropecuária. Importadores, exportadores e comerciantes de bioinsumos também deverão realizar o registro. 

O que falta definir

Mesmo com a sanção da lei, para o setor industrial, ainda falta definir alguns pontos, por meio de regulamento, entre eles:

  • classificação, especificações, parâmetros mínimos e outras exigências para registro de bioinsumos, consideradas a finalidade e a categoria de cada produto; 
  • registro de biofábricas, importadores, exportadores e comerciantes de bioinsumos; 
  • cadastro simplificado das unidades de produção de bioinsumos; 
  • cobrança da Taxa de Registro de Estabelecimento e Produto da Defesa Agropecuária aplicada à avaliação e alteração de registros que demandam análises técnicas de bioinsumos produzidos ou importados para fins comerciais, assim como aos estabelecimentos que produzem ou importam esses insumos; 
  • regras de suspensão e cancelamento de registro de produtos cuja produção, importação ou comercialização não tenha sido iniciada em até cinco anos após o registro; 
  • prazos e regras de transição para que todos os segmentos possam adequar-se aos procedimentos estabelecidos na lei, considerando as peculiaridades de cada categoria de produto.

Outro ponto importante elencado pela CNI é a aplicação de incentivos para microempresas, cooperativas e agricultura familiar que produzem bioinsumos. Para Davi Bomtempo, incentivos bem estruturados podem estimular a participação de pequenos produtores no mercado, promover a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e melhorar a distribuição de renda no campo. 

“Também servem como uma forma de fortalecer a integração entre diferentes segmentos do setor agropecuário, por isso o diálogo e a cooperação contínuos entre a indústria, o governo e os pequenos produtores são fundamentais para maximizar os benefícios e mitigar eventuais assimetrias”, complementa.

PUBLICIDADE

Na avaliação do presidente da Abisolo, Clorialdo Levrero, “é importante que haja condições para a adoção das tecnologias por todos os segmentos. Entendemos que o acesso por todos os níveis da cadeia produtiva deve ser contemplado nas políticas públicas”.

Essas questões deverão ser definidas com apoio do Conselho Estratégico do Programa Nacional de Bioinsumos, do qual a CNI faz parte fornecendo subsídios técnicos e experiência do setor industrial.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Além da soja, agro brasileiro avança com a disputa EUA–China

Economia

Além da soja, agro brasileiro avança com a disputa EUA–China

Conflito entre as duas maiores economias do mundo impulsiona exportações brasileiras de carne bovina e milho para o gigante asiático

Renegociação de dívidas pelo Desenrola Rural alcança R$ 11,971 bilhões

Economia

Renegociação de dívidas pelo Desenrola Rural alcança R$ 11,971 bilhões

Valor é referente a um período des sete meses: de 24 de fevereiro, quando o programa começou, a 24 de setembro

Uso da malha hidroviária no Brasil cresce apenas 1,39% em dois anos

Economia

Uso da malha hidroviária no Brasil cresce apenas 1,39% em dois anos

Ciclo anterior do levantamento, feito pela Antaq, mostrou uma expansão de, aproximadamente, 5% nas hidrovias brasileiras

Cacau e fruticultura impulsionam recorde de produção agrícola na Bahia

Economia

Cacau e fruticultura impulsionam recorde de produção agrícola na Bahia

Produção estadual cresceu 8,4%, atingindo R$ 47,3 bilhões, segundo o IBGE

PUBLICIDADE

Economia

10 anos depois, acusados por adulterar leite no RS são condenados

Operação Leite Compen$ado 8, deflagrada em 2015, revelou esquema de adulteração com produtos químicos e lavagem de dinheiro no norte do Estado

Economia

China e EUA reacendem guerra comercial e abalam mercado agrícola

Soja e milho encerram a semana com quedas de até 1,52%, refletindo a guerra comercial; Trump anuncia tarifa de 100% à China.

Economia

Exportações de tabaco em 2025 devem superar 2024 e atingir cerca de US$ 3 bi

De janeiro a setembro, volumes exportados atingiram 376.907 toneladas, 19,23% a mais em relação ao mesmo período do ano passado

Economia

Camil: lucro cai 33% no trimestre — veja o que pesou no resultado

Empresa investe mais e amplia volumes vendidos, mas receita e rentabilidade recuam no Brasil

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.