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Economia

China amplia espaço ao café do Brasil, mas substitui os EUA?

Especialista analisa o potencial do mercado chinês após 183 empresas brasileiras serem autorizadas a exportar café ao país

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com | Atualizada às 14h40

04/08/2025 - 11:26

Foto: Adobe Stock
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Apesar do otimismo com a habilitação para exportação para a China de 183 empresas brasileiras de café — em meio ao tarifaço de Donald Trump —, o setor observa algumas limitações nesse novo canal. A medida, anunciada pela Embaixada Chinesa no Brasil por meio das redes sociais, entrou em vigor no dia 30 de julho e terá validade de cinco anos.

Imagem: Redes Sociais/Reprodução

No entanto, os dados mostram que, embora a China esteja expandindo sua demanda por café — especialmente entre as faixas mais jovens e urbanas, com alta de consumo em torno de 20% ao ano nos últimos dez anos —, o país ainda está longe de compensar a possível perda de mercado causada pelas tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos (EUA).

Somente em junho deste ano, a soma das importações chinesas do grão de todos os países foram de 439 mil sacas, um salto de 152% na comparação com o mesmo mês de 2023, conforme dados da alfândega local. Esse número, apesar de expressivo, representa apenas 54,7% do total de sacas enviadas pelo Brasil aos EUA no mesmo período (803.004).

No primeiro semestre deste ano, as compras totais chinesas de café recuaram 6,4% em comparação com os seis primeiros meses de 2024. Entretanto, em junho, houve um avanço de 45,7% nas compras. Considerando como o Brasil como origem, a China foi o 11º principal destino do café brasileiro no período. “É claramente um movimento para se aproximar, para mostrar que eles [chineses] têm esse mercado… Mas não é um mercado que conseguiria absorver, por exemplo, o volume que o Brasil manda para os Estados Unidos, que é de cerca de 8 milhões de sacas por ano”, explica Fernando Maximiliano, gerente de inteligência de café da StoneX

Segundo ele, as novas habilitações são vistas com bons olhos, ao ampliarem as possibilidades para o setor, mas não há expectativa de que a China absorva tudo o que hoje é exportado para os norte-americanos. Um ponto a se observar nesse cenário é a posição chinesa no ranking de importadores do produto brasileiro. Em 2023, a China foi o sexto maior comprador, com 1,48 milhão de sacas. Em 2024, porém, caiu para a 14ª posição, com 939 mil sacas. Já em 2025, até o momento, subiu para a 11ª posição, com 529,7 mil sacas nos primeiros seis meses do ano.

O especialista reforça que, há alguns anos, o consumo de café vem crescendo na China e em outros países da Ásia — tradicionalmente ligados ao chá —, impulsionado principalmente pela demanda das gerações mais jovens. 

De acordo com Maximiliano, investimentos em propaganda e na expansão das redes de cafeterias contribuem para a valorização da cultura do café no país. “Na China, essa mudança de comportamento é puxada por uma população mais jovem, que vê o café como algo moderno, ligado a um estilo de vida mais globalizado. É um processo lento, que passa por gerações”, afirma, ponderando que, mesmo com o potencial, é volume absorvido atualmente pela China ainda é distinto do volume nos EUA, maior consumidor mundial da bebida. 

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