PUBLICIDADE

Economia

Balança comercial: soja e milho puxam queda das exportações agropecuárias em agosto

Preços das commodities influenciaram recuo de 19% do setor; já os embarques de carnes bovina e suína seguem em alta

Nome Colunistas

Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com

06/09/2024 - 08:09

Foto: Adobe Stock
Foto: Adobe Stock

A balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 4,8 bilhões em agosto, queda de 49,9% em comparação com igual mês de 2023 (9,6 bilhões). Os dados, que contabilizam a diferença entre as exportações e as importações, foram divulgados pela da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Ao todo, o Brasil obteve US$ 29,08 bilhões com os embarques do mês, 6,5% menos que o registrado em agosto do ano passado. Já as importações cresceram 13%  e totalizaram US$ 24,25 bilhões.

Cenário semelhante é observado sobre a agropecuária, que teve queda de 19,1% na receita de produtos exportados,  totalizando US$ 6,18 bilhões. Enquanto o empenho sobre importações saltou 18,7%, atingindo R$ 440 milhões.

Vale destacar que os dados da Secex apresentados consideram os produtos primários da agropecuária “in natura”, como soja, milho não moído, café não torrado, algodão em bruto,  animais vivos e etc. Já as carnes bovina, suína e de aves, assim como suco de frutas e açúcar, se enquadram na indústria de transformação.

Preços internacionais em queda impactam comercialização

Em agosto, as principais baixas das exportações agropecuárias partiram de milho e soja. Foram embarcadas 8,04 milhões de toneladas da oleaginosa, recuo de 4,1% sobre agosto de 2023. Em receita, (US$ 3,5 bilhões) a queda foi 16,4%.

PUBLICIDADE

No caso do milho, em igual comparação, o volume caiu de 9,36 milhões de toneladas para 6,06 milhões de toneladas, recuo de 35,2%. Baixa mais significativa foi observada na receita de US$ 1,18 bilhão no mês, queda de 47%.

“Quando se olha essa perspectiva de exportações que estão teoricamente com um déficit, a gente vê que a agropecuária  teve uma queda de receitas em função de preço [de commodities no mercado futuro]?” comenta Raphael Mandarino, diretor geral da AgResource Brasil. 

O analista complementa, contextualizando os efeitos das cotações internacionais sobre as exportações de grãos do Brasil. “Essa queda, obviamente, se deu muito por conta de Chicago, se deu muito pela ideia de precificação mais baixa. No acumulado [do ano], há um certo tempo os prêmios vinham negativos e a agora começaram a entrar, digamos, num campo zerado/positivo. Assim sendo, a gente entende que as exportações tiveram piores remunerações em função dessa precificação”, diz Mandarino.

Quanto ao restante deste semestre, o especialista acredita que os preços devem ficar abaixo da média dos últimos cinco anos, especialmente a soja. Para o milho, há uma indefinição um pouco maior por conta do cenário de menor disponibilidade do grão. 

“O apetite da exportação foi impactado pelo cenário doméstico, que acabou ficando com boa parte desse milho.”

Raphael Mandarino, diretor geral da AgResource Brasil. 

O resultado da agropecuária no oitavo mês do ano não foi pior devido aos bons números de café não torrado, que teve um incremento de 33,5% em receita (US$ 653,66 milhões);  algodão em bruto (+4,6% | US$ 187,67 milhões); e  Animais vivos (+31,4% | US$ 91,83 milhões). Com aumento de volume exportado de 4,9%, 7,1% e 69,4%, respectivamente.

PUBLICIDADE

Embarque de carnes bovina e suína cresce; aves registra queda

Em agosto o Brasil embarcou 217,4 mil toneladas de carne bovina fresca, refrigerada ou congelada, incremento de 17,4% sobre igual mês de 2023. Em receita a alta foi de 15,4%, com rendimento de US$ 964,23 milhões. 

O bom resultado é explicado por conta da margem para exportação, que ainda segue positiva diante do dólar em um patamar elevado em relação ao real, conforme explica o analista da Scot Consultoria, Pedro Gonçalves. 

“Mesmo com um pagamento mais barato da carne de exportação, que hoje é negociada na faixa dos US$ 4,4 mil [por tonelada] a margem segue positiva e acaba compensando. Numa conta rápida, é como se o frigorífico hoje comprasse 15 quilos de carne [uma arroba] por R$ 250 [preço médio do ‘boi China’ em SP] e vendesse os mesmos 15 quilos por R$ 370, praticamente”, explica o analista.

“É claro que nessa conta a gente desconsidera os gastos em transformar o boi vivo na carne in natura para exportar, mas ainda assim, indica uma margem positiva! E por isso as unidades frigoríficas querem manter compras em alta, manter o funcionamento acelerado das unidades, para aproveitar esse bom momento, e isso traz impacto direto para essas altas”, contextualiza Pedro Gonçalves.

Quanto aos próximos meses, o analista da Scot diz que a demanda internacional deve continuar em alta. “Nosso principal ‘concorrente’, os Estados Unidos, estão com o menor volume de gado da sua história, o que eleva o preço da arroba por lá e muito! Hoje cotada em US$ 103 por arroba. Enquanto, aqui no Brasil fica na faixa de US$ 43 por arroba. Então nossa competitividade fica maior”, explica.

PUBLICIDADE

“A disponibilidade baixa deles [EUA], faz com que compradores venham comprar daqui, incluindo os próprios americanos! E, historicamente, o segundo semestre tem um volume maior de carne bovina exportada em relação ao primeiro”.

Pedro Gonçalves, analista da Scot Consultoria

O especialista ainda ressalta que o primeiro semestre deste ano foi recorde entre os primeiros semestres da série histórica e que julho começou “acelerado”, com um volume de 237,3 mil toneladas embarcadas (recorde mensal em volume). 

“Num comparativo somado de janeiro a julho, 2024 está 32%, aproximadamente, mais acelerado do que foi 2023 – esse que foi o recorde em volume de carne bovina exportada”, conclui.

Resultado positivo também para as vendas de carne suína fresca, refrigerada ou congelada, com 106,03 mil toneladas embarcadas, crescimento de 6,1% sobre agosto de 2023. Em receita, as exportações da proteína renderam US$ 260,8 milhões, incremento de 9,7%.

Já as exportações de carne de aves recuaram 11,4% em volume, com 356,44 mil toneladas enviadas ao exterior. Em receita a queda foi menor, de 1,9%, totalizando US$ 738,33 milhões.

Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

Setor de máquinas aposta no mercado de capitais como alternativa ao Plano Safra

Economia

Setor de máquinas aposta no mercado de capitais como alternativa ao Plano Safra

Indústria busca mudanças regulatórias junto ao Banco Central e à Comissão de Valores Mobiliários para ampliação da captação de recursos financeiros

Soja volta ao centro da disputa entre EUA e China

Economia

Soja volta ao centro da disputa entre EUA e China

Secretária de Agricultura diz que armazéns chineses não estão cheios e Trump promete cobrar Xi Jinping em reunião da Apec

Argentina exporta 9% mais produtos agropecuários até agosto

Economia

Argentina exporta 9% mais produtos agropecuários até agosto

Resultado positivo reflete medidas adotadas pelo governo da Argentina para reduzir impostos e simplificar o processo de exportação

Índice de Preços de Alimentos da FAO cai 0,69% em setembro

Economia

Índice de Preços de Alimentos da FAO cai 0,69% em setembro

Milho, arroz e trigo tiveram redução nos preços, enquanto as carnes têm alta recorde; veja mais produtos

PUBLICIDADE

Economia

Sem China, agricultores dos EUA esperam apoio de US$ 10 bi na próxima semana

Trump diz que parte da receita com as tarifas irá para agricultores afetados; secretário do Tesouro promete detalhes do auxílio na terça-feira

Economia

Exportação mundial de café em agosto cai 3,73%, a 11,35 milhões de sacas

Números são da Organização Internacional do Café (OIC); no acumulado dos 11 meses do ano comercial, embarques tiveram alta de 0,2%

Economia

Com mercado reaberto, frango brasileiro volta à vitrine na União Europeia

Pavilhão brasileiro na Alemanha reunirá empresas e cooperativas de aves, suínos e ovos, informa a ABPA

Economia

Castanha brasileira ganha o mercado da Costa Rica

Além da castanha, a Costa Rica compra cereais, farinhas e produtos do complexo soja do Brasil

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.