PUBLICIDADE

Economia

Aumento do IOF encarece crédito rural e pressiona custos no campo

Com impacto direto no financiamento privado do setor agropecuário, imposto preocupa produtores e cooperativas

Nome Colunistas

Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com | Atualizada no dia 03/06/2025 às 16h40

02/06/2025 - 15:37

Operações de crédito privado passam a vigorar com nova alíquota do IOF - Foto: Adobe Stock
Operações de crédito privado passam a vigorar com nova alíquota do IOF - Foto: Adobe Stock

O aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) deve pressionar diretamente o custo do crédito rural — essencial para o financiamento da produção agropecuária. O impacto recai, sobretudo, sobre produtores que atuam como pessoa jurídica, cooperativas e empresas rurais.

O efeito, no entanto, não atinge o crédito rural oficial, vinculado ao Plano Safra — que é isento de IOF. Porém, boa parte do financiamento do setor vem de fontes privadas, como linhas captadas por cooperativas, agroindústrias e empresas de insumos. Nessas operações, vale a nova alíquota, que passou de 0,38% para 0,95%, com teto de 3,95%, conforme o decreto nº 12.466.

CONTEÚDO PATROCINADO

O impacto é duplo: encarece tanto o custo de capital das empresas do setor — que dependem desses recursos para manter suas atividades — quanto o financiamento que elas oferecem aos produtores rurais. “Isso acaba chegando na ponta da cadeia produtiva, elevando o custo de produção no campo”, afirma Claudio Brisolara, economista do Sistema Faesp. De acordo com ele, se o produtor não consegue repassar esse aumento de custos ao preço dos alimentos, o risco é de retração na atividade, com impacto na oferta e na geração de empregos.

Para a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Sistema Faesp/Senar-SP), o crédito mais caro pode comprometer a rentabilidade no campo, reduzir a capacidade de investimento e afetar a competitividade do agro brasileiro. “A elevação desse imposto reduzirá a margem de lucro, a capacidade de investimento e pode desencadear uma redução na produtividade, comprometendo a segurança alimentar”, afirma Tirso Meirelles, presidente da entidade. Além de pressionar diretamente os produtores rurais, o aumento do imposto, segundo ele, pode ter efeitos colaterais, como a alta dos alimentos aos consumidores.

Além do mais, estudo do Departamento Técnico e Econômico do Sistema Faep, reforça o impacto indireto das mudanças no agronegócio. Isso, principalmente nas operações fora do crédito rural tradicional, como financiamentos com recursos livres, antecipações de recebíveis, aquisição de máquinas com linhas comerciais ou operações estruturadas por meio do Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), que podem sofrer repasse dos custos adicionais.

PUBLICIDADE

“Embora a medida não impacte diretamente a política agrícola em sua essência, estamos acompanhando esse tema porque pode aumentar o custo de capital para agentes do setor em momentos de maior dependência de fontes alternativas de financiamento”, destaca Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema Faep.

Diante desse cenário, a Organização das Cooperativas Brasileiras (Sistema OCB) assinou, na última semana, um manifesto conjunto com outras entidades do setor produtivo, pedindo ao Congresso Nacional a anulação do decreto do Governo Federal que elevou as alíquotas do IOF. 

A superintendente do Sistema OCB, Tania Zanella, reforça que o posicionamento busca proteger a saúde financeira do setor cooperativista e de toda a economia real. “O aumento do IOF vai na contramão do que o país precisa. Temos cooperativas que atuam em segmentos essenciais, como saúde, agro, crédito e infraestrutura. Precisamos de medidas que incentivem o investimento, a inovação e a geração de empregos. A previsibilidade fiscal é condição básica para isso”, afirma.

Levantamento das entidades aponta que as mudanças no IOF devem elevar em R$ 19,5 bilhões os custos das empresas até o fim de 2025, com aumento estimado de R$ 39 bilhões em 2026.

Siga o Agro Estadão no WhatsApp, Instagram, Facebook, X, Telegram ou assine nossa Newsletter

PUBLICIDADE

Notícias Relacionadas

IBGE: estoque de produtos agrícolas totalizou 79,4 milhões de t ao fim do 1º semestre

Economia

IBGE: estoque de produtos agrícolas totalizou 79,4 milhões de t ao fim do 1º semestre

Maiores estoques, segundo o instituto, foram de soja, com 48,8 milhões de toneladas, seguida por milho, arroz, trigo e café

Banco do Brasil registra baixa adesão à linha subsidiada de renegociação de dívidas

Economia

Banco do Brasil registra baixa adesão à linha subsidiada de renegociação de dívidas

Banco do Brasil concentra maior parte dos R$12 bi em crédito controlado; renegociações avançam com recursos livres nos primeiros 21 dias

Mapa ordena recolhimento de azeites de oliva fraudados

Economia

Mapa ordena recolhimento de azeites de oliva fraudados

Análises laboratoriais confirmaram a adulteração dos produtos com outros óleos vegetais, resultando em inadequação para o consumo

Serasa vê persistência da inadimplência no agro em 2026

Economia

Serasa vê persistência da inadimplência no agro em 2026

Com margens apertadas e crédito restrito, é esperada, conforme a instituição, uma reorganização das operações no campo

PUBLICIDADE

Economia

Pressão da indústria e inflação levam governo Trump a revisar tarifa sobre café

Presidente do Cecafé diz que o momento é “o mais favorável em meses” para negociação; em outubro, embarques de café caíram 20%

Economia

Boa Safra triplica faturamento com outras culturas e aposta em sorgo e milho

Líder nacional na produção de sementes de soja, empresa movimentou R$ 109 milhões no terceiro trimestre com milho, sorgo, trigo, feijão e forrageiras

Economia

Recuperações extrajudiciais são “nova dor de cabeça” do agro, apontam especialistas

Busca por acordos entre endividados e credores fora do âmbito judiciário leva preocupação aos agentes do mercado de crédito rural

Economia

Estoques elevados de soja podem frear compras da China

Reservas de soja nos portos chineses atingiram recorde de 10,3 milhões de toneladas em 7 de novembro, segundo operadores internacionais

Logo Agro Estadão
Bom Dia Agro
X
Carregando...

Seu e-mail foi cadastrado!

Agora complete as informações para personalizar sua newsletter e recebê-la também em seu Whatsapp

Sua função
Tipo de cultura

Bem-vindo (a) ao Bom dia, Agro!

Tudo certo. Estamos preparados para oferecer uma experiência ainda mais personalizada e relevante para você.

Mantenha-se conectado!

Fique atento ao seu e-mail e Whatsapp para atualizações. Estamos ansiosos para ser parte do seu dia a dia no campo!

Enviamos um e-mail de boas-vindas para você! Se não o encontrar na sua caixa de entrada, por favor, verifique a pasta de Spam (lixo eletrônico) e marque a mensagem como ‘Não é spam” para garantir que você receberá os próximos e-mails corretamente.