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Economia

Serasa vê persistência da inadimplência no agro em 2026

Com margens apertadas e crédito restrito, é esperada, conforme a instituição, uma reorganização das operações no campo

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Sabrina Nascimento | São Paulo | sabrina.nascimento@estadao.com

13/11/2025 - 05:00

Inadimplência da população rural foi debatida durante o Conacredi Agro 2025. Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão
Inadimplência da população rural foi debatida durante o Conacredi Agro 2025. Foto: Sabrina Nascimento/Agro Estadão

A inadimplência no agronegócio, que vem em trajetória de alta desde 2023, deve continuar nesse movimento em 2026. A avaliação é de Marcelo Pimenta, head de agronegócio da Serasa Experian.

Pimenta explicou ao Agro Estadão, durante o Conacredi Agro 2025, que a inadimplência ganhou força depois de um ciclo de investimentos estimulados por preços recordes e crédito barato no período da pandemia de Covid-19. “Houve um momento de forte euforia, com aumento de margens e expansão de áreas, mas esse cenário se inverteu. Hoje, temos commodities mais baratas e juros mais altos, o que pressiona o caixa de muitos produtores”, disse.

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Dados recentes da datatech do Serasa mostram que, no segundo trimestre deste ano, 8,1% da população rural estava inadimplente — acima dos 7% registrados no mesmo período do ano passado. O indicador reflete o avanço dos atrasos de pagamento entre produtores e empresas do setor, que enfrentam um cenário de margens apertadas. 

Segundo Pimenta, não há sinais, ao menos no curto prazo, de alívio desse quadro. “Mesmo que a taxa de juros recue para 14% ou 13% no ano que vem, ela ainda continuará alta, exigindo uma reestruturação financeira do setor”, afirmou.

Reorganização no campo

Os efeitos da restrição de crédito e do custo financeiro elevado devem se refletir em um processo de reorganização no campo. O especialista lembra que, durante a pandemia, grandes grupos investiram fortemente no setor. Agora, alguns vão precisar desmembrar ou vender ativos, mas isso não significa retração do agro. “Grupos mais bem estruturados e capitalizados tendem a absorver essas áreas, principalmente por meio de arrendamento”, pontuou Pimenta.

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Ele lembra que instrumentos como barter — troca de insumos por parte da produção — e os Fundos de Investimentos nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, os chamados Fiagros, continuam sendo alternativas importantes para manter o fluxo de crédito, especialmente em um ambiente de maior seletividade dos agentes financeiros.

Perspectiva

Para 2026, a expectativa é de continuidade da inadimplência elevada no agro, mesmo com alguma desaceleração no ritmo de crescimento. “O que a gente observa é estabilização das recuperações judiciais, mas com um nível ainda alto de endividamento e restrição de crédito. O desafio é reconstruir confiança entre produtores e credores”, sinalizou. 

Segundo o dirigente, embora o número de recuperações judiciais deva se estabilizar, a atenção do mercado se volta agora ao impacto das recuperações extrajudiciais. Conforme o Agro Estadão noticiou, especialistas acreditam que o mecanismo que permite que devedores negociem acordos diretamente com seus credores, sem interferência judicial, é a nova dor de cabeça do setor

Diante do cenário, Pimenta defende que o instrumento da recuperação extrajudicial precisa ser debatido e regulado com clareza para evitar distorções. “Hoje, temos cerca de três recuperações judiciais para cada 10 mil operações de crédito. É pouco, mas o efeito é grande. Cada caso gera mais exigência de garantias e demora na liberação de crédito, e o resultado é perverso: menos acesso e custos mais altos. […] Então, se houver uma migração em massa para esse tipo de renegociação [extrajudicial], o crédito pode secar ainda mais. É tudo o que estamos tentando evitar”, afirmou. 

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