Economia
Inadimplência afeta 8,1% dos produtores rurais no 2º trimestre
Arrendatários são o grupo com maior taxa de atraso nos pagamentos, enquanto o RS apresenta o menor índice de produtores inadimplentes

O percentual de produtores inadimplentes cresceu segundo dados divulgados nesta quarta-feira, 12, pela Serasa Experian. A estimativa indica que, no segundo trimestre de 2025, o atraso no pagamento das dívidas atinge 8,1% da população rural. Na comparação com o primeiro trimestre houve uma alta de 0,4 ponto percentual (7,8% de inadimplência) e em relação ao mesmo período do ano passado, esse aumento foi de 1,1 ponto percentual (7% de inadimplência).
Na análise do head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, esse crescimento é explicado por um cenário que envolve juros altos, sobe e desce dos preços das commodities e crises climáticas nos centros de produção agrícolas. O resultado é um deterioramento da capacidade de pagamento dos produtores.
“A Selic causa um efeito perverso. Cada ano ela torna o dinheiro mais caro. Então, você vai precisar de mais custeio para plantar e utilizar insumos na mesma quantidade de terra, e o preço desse custeio vai ser mais caro”, comentou durante o Congresso Nacional de Crédito no Agronegócio (Conacredi Agro) 2025, que está sendo realizado em São Paulo nesta quarta-feira, 12.
Os dados levam em consideração dívidas atrasadas em mais de 180 dias. Além disso, o cálculo é feito sobre uma população rural de 10,5 milhões de pessoas físicas detectadas em bases de dados como os registros do Cadastro Ambiental Rural (CAR), no Cadastro Federal de Imóveis Rurais (CAFIR), no Sistema Integrado de Informações sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços (SINTEGRA) e no Cadastro Positivo.

Na estratificação por segmentos, os arrendatários e participantes de grupos econômicos ou familiares foram os produtores com maior nível de inadimplência, cerca de 10,5%. Nos grandes proprietários, a fatia com atrasos foi de 9,2%. Aproximadamente 7,8% dos médios proprietários estão inadimplentes e assim como 7,6% dos pequenos proprietários.
“O que chama a atenção é o crescimento [da inadimplência] desse grupo [arrendatários], principalmente nos últimos três trimestres, tem sido bem alto. Outro ponto que eu chamo a atenção aqui é a parte de grandes produtores, a gente tem uma alta também. […] Muitos daqueles produtores que decidiram fazer expansão nos anos de bonança, principalmente fizeram investimentos, agora estão recebendo a conta depois de uma carência de dois ou três anos e começam a pagar também esses financiamentos, o que piora ainda a situação”, destacou.
Os bancos e instituições financeiras representam a maior parte dos credores, cerca de 7,2%. Já empresas como agroindústrias, atacadistas, revendas de máquinas e insumos e seguradoras têm um índice baixo de representatividade, que não passa de 0,3%.
Rio Grande do Sul é o estado com menor inadimplência
O levantamento da Serasa Experian também aborda a inadimplência rural por Estado. O Rio Grande do Sul apresentou o menor nível, com 4,9% da população rural. Já o Amapá foi a unidade da Federação com maior taxa de produtores em atraso, com 19,5%.
Confira o índice por Estado:
- Rio Grande do Sul: 4,9%
- Santa Catarina: 5,6%
- Paraná: 5,7%
- São Paulo: 6,7%
- Minas Gerais: 6,8%
- Espírito Santo: 7,4%
- Bahia: 7,5%
- Sergipe: 7,8%
- Mato Grosso do Sul: 7,9%
- Goiás: 8,6%
- Rio de Janeiro: 9,1%
- Paraíba: 9,7%
- Mato Grosso: 10,1%
- Rondônia: 10,2%
- Pernambuco: 10,4%
- Maranhão: 10,7%
- Piauí: 10,8%
- Alagoas: 11,0%
- Ceará: 11,1%
- Tocantins: 11,4%
- Distrito Federal: 11,4%
- Acre: 11,7%
- Pará: 12,4%
- Rio Grande do Norte: 12,6%
- Roraima: 13,0%
- Amazonas: 13,9%
- Amapá: 19,5%
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