Economia
Arroz: “Não seríamos irresponsáveis de sinalizar um falso abastecimento”, afirma secretário do RS
Tarifa zero para importação causa “desconforto e estranheza” ao governo do RS; Ministro Fávaro reforça que compra acontecerá se perdas se confirmarem

Sabrina Nascimento | Atualizada em 22/05/2024 às 18h42
22/05/2024 - 15:53

A decisão do Governo Federal, nesta semana, de zerar a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de arroz de fora do Mercosul não foi recebida de forma positiva pelo governo do Rio Grande do Sul, tampouco, pelos produtores de arroz. As entidades reforçam a garantia de abastecimento nacional.
Ao Agro Estadão, o secretário adjunto da Secretaria de Agricultura do RS, Márcio Madalena, disse que a medida causa “desconforto e estranheza”.
“Não há risco de desabastecimento. Apesar da catástrofe, nós havíamos colhido mais de 80% do nosso arroz no estado e a área que não foi devastada, ainda a ser colhida, nos garante uma boa produção, semelhante à safra anterior”, garantiu Madalena.
Levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) apresentado em reunião extraordinária da Câmara Setorial do Arroz na terça, 21, reforça a fala do secretário.
Mesmo com as perdas pelas inundações, os dados mostram que o RS deve colher em torno de 7,1 milhões de toneladas do cereal na safra 2023/2024. Volume próximo ao registrado na temporada anterior quando foram produzidas 7,2 milhões de toneladas de arroz. “O que comprova que o arroz gaúcho é suficiente para abastecer o mercado brasileiro, sendo desnecessária a importação do grão”, afirma o Instituto em nota.
Aos olhos do governo estadual, o incentivo à importação do cereal ocorre na contramão do movimento nacional onde “há o estímulo para o consumo de produtos gaúchos em outros estados”, visando o fortalecimento econômico do RS.
Segundo o secretário, “se houvesse [risco de desabastecimento] nem o governo, nem o setor produtivo teriam a irresponsabilidade de sinalizar um falso abastecimento”. “Nós temos muito compromisso com a questão da segurança alimentar”, destaca.
Integrantes da cadeia produtiva também consideram preocupante a medida do Governo Federal, que tem validade até o fim de 2024.
“A TEC vai acabar desestimulando o produtor e teremos nova redução da área cultivada no Estado”, afirma Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). “Para vender arroz a R$ 4,00, o produtor vai receber abaixo do custo de produção, não vai se pagar”, completa.
Ministro da Agricultura diz que importação será avaliada conforme as perdas
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, voltou a defender a medida do Governo Federal durante debate na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, 22. Segundo ele, a intenção é combater a especulação e a quantidade comprada dependerá de avaliação sobre as perdas na safra do Rio Grande do Sul.
“O volume que entrar será para controlar a especulação, depois vamos segurar e proteger os produtores brasileiros”, assegurou Carlos Fávaro. Segundo o ministro, os agricultores gaúchos também serão incentivados no Plano Safra 2024-2025.
O ministro ainda criticou a elevação dos preços do arroz em até 30%, após a decisão de comprar 1 milhão de toneladas do cereal. “É triste, mas tem gente querendo ganhar dinheiro nas costas dessa tragédia”.
O deputado federal Afonso Hamm (PP-RS) disse que a compra do arroz causa angústia e preocupação nos produtores rurais e que ela deveria ser pensada para o futuro. “Quando faltar, lá na frente, quando terminar o estoque, quem sabe em janeiro ou fevereiro”, afirmou.
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Economia
1
Fruto do céu: descubra os benefícios do araticum
2
China suspende importação de carne bovina de três empresas brasileiras
3
Já comeu algo que deixou sua boca dormente? Conheça o Jambu
4
Conheça o cavalo mais bonito do mundo, o cavalo dourado
5
Baunilha: entenda como é o cultivo e o valor de mercado
6
Carne bovina: o que está por trás da suspensão chinesa?

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Economia
Colheita de culturas de verão avança no RS com resultados diversos
De acordo com informativo da Emater/RS, regiões com chuvas mais intensas apresentam recuperação parcial das lavouras

Economia
Exportação mundial de café em janeiro diminui 13,29%, aponta OIC
Volume representa uma queda de 13,29% na comparação com igual mês de 2024, segundo relatório mensal da organização

Economia
Produção global de algodão em 2024/25 deve aumentar 6,51%, diz Icac
Para o Brasil, conselho estima produção de 3,70 milhões de toneladas, aumento de 15,6% ante a temporada anterior

Economia
Café: grupo Montesanto Tavares pede recuperação judicial com dívidas de R$ 2,1 bi
Grupo atribui crise financeira à combinação de fatores como a alta expressiva nos preços do café e a desvalorização do real
Economia
Vendas de soja da safra 2024/25 pelos EUA atingem 352,9 mil t, mostra USDA
Para a temporada 2025/26, as vendas foram de 54,9 mil toneladas, tendo México, Japão e Tailândia como principais compradores
Economia
USDA: EUA vendem 909,1 mil t de milho da safra 2024/25
Crescimento foi impulsionado por compras da Japão, México, Coreia do Sul, Colômbia e Portugal
Economia
EUA vendem 338,7 mil t de trigo da safra 2024/25, revela USDA
Volume representa avanço de 26% ante a semana anterior, mas recuo de 25% em relação à média das quatro semanas prévias
Economia
FGV Agro: produção agroindustrial cresce 2% em 2024, mas 2025 preocupa setor
Crescimento foi impulsionado por alimentos, bebidas e produtos não-alimentícios, mas cenário econômico acende alerta para este ano