Economia
Apesar de efeitos climáticos, arrecadação com seguro rural deve avançar apenas 1%
Conforme CNseg, desempenho está atrelado à lentidão no desembolso de recursos subvencionados pelo governo federal

Rafael Bruno | São Paulo | rafael.bruno@estadao.com
25/09/2024 - 14:49

Apesar dos inúmeros prejuízos no campo, com enchentes, seca e queimadas, os rendimentos com operações de seguro rural devem crescer apenas 1% em 2024, estima a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). O número representa uma queda de 22,1% ante estimativa de dezembro de 2023 e de 6,1% frente ao estimado em junho deste ano.

De acordo com o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, as queimadas que atingiram inúmeras pastagens e lavouras no Brasil e os eventos climáticos extremos, como enchentes no Rio Grande do Sul, tiveram baixo impacto nas expectativas porque o número de afetados com seguro contratado é baixo.
No RS, por exemplo, apenas 2,1 mil acionamentos agrícolas ocorreram neste ano, com total indenizatório de R$ 177,7 milhões (até 20/09). Oliveira chama atenção para o número extremamente baixo em comparação com os prejuízos estimados para o setor decorrentes apenas das enchentes, que devem passar de R$ 3 bilhões, segundo estimativa da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul).
Entretanto, os efeitos climáticos extremos contribuíram para elevar o custo de produção, colocando a agricultura em um período de adversidades. “O clima seco combinado às altas temperaturas e aos fortes ventos propiciam a ocorrência de queimadas. O fogo, além de prejudicar as plantações, impacta na fertilidade do solo, que acaba necessitando tratamento especial, acarretando, assim, no aumento dos custos de produção”, comentou o presidente, durante coletiva de imprensa nesta quarta, 25.
CNseg critica lentidão no desembolso da subvenção ao seguro rural
Com custos elevados e baixa subvenção do governo, a procura por seguro rural segue aquém da necessidade do setor. “O que tem afetado o seguro é o desembolso do governo federal para a subvenção do seguro rural, que neste ano está bem mais lento que no ano passado. Neste ano, dos cerca de R$ 1 bilhão de reais para subvenção, o governo liberou, até mês passado, aproximadamente 300 milhões. Em outubro de 2023 quase todo o recursos daquele ano já havia sido liberado”, afirma Oliveira.”, disse Oliveira.
Neste ano, o valor destinado ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) ficou abaixo de R$ 1 bilhão. Para 2025, o governo federal confirmou o valor de R$ 1,06 bilhão, mas pode sofrer cortes e contingenciamentos.
Além da subvenção ao seguro rural, o presidente da CNseg destaca que a procura do produtor rural ainda é baixa. “A percepção do produtor não tem acompanhado as mudanças climáticas. Olha a seca em Mato Grosso, um dos estados com menor nível de contratações”.
Conforme dados do CNseg, no primeiro semestre deste ano, Mato Grosso – maior produtor de grão do país – ocupou o 7° lugar entre os dez estados que mais contrataram seguros no período.

Dyogo Oliveira afirma que a entidade tem trabalhado para levar essa “conscientização” ao setor, quanto à importância do seguro, assim como as seguradoras têm estado atentas às mudanças climáticas e à necessidade de revisitar modelos atualmente aplicados frente a uma maior demanda por produtos.
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