Economia
Após tarifa, ovos brasileiros deixam de ser enviados aos EUA
Sem acordo, indústria aguarda negociações, mas busca alternativas, como os mercados do Chile e Angola

Redação Agro Estadão
20/08/2025 - 16:16

Duas semanas após a implementação da tarifa de 50% para as exportações brasileiras, a indústria de ovos interrompeu o envio da proteína aos Estados Unidos. A informação foi confirmada nesta quarta-feira, 20, pelo presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin. “Estão esperando o que vai acontecer, se a gente entra na lista de exceções ou em uma negociação de redução de tarifas”, disse.
Santin explica que o Brasil não possui um acordo com os Estados Unidos para exportação de ovos. Por isso, não houve uma interrupção formal, apenas a suspensão dos embarques. “O Brasil não possui um acordo de exportação de ovos para os Estados Unidos; possuímos uma licença de envio diante da demanda que surgiu por lá”, explicou o dirigente, se referindo ao crescimento das compras de ovos desde abril de 2024, após os casos de Influenza Aviária que dizimaram o plantel de aves em granjas norte-americanas.
Sobre o excedente, o dirigente informou que as indústrias fizeram remessas acima da programação antes da implementação da tarifa, no último 6 de agosto, formando uma espécie de “colchão” de oferta de ovos no mercado norte-americano. Outra alternativa apontada por ele “é reabertura do mercado chileno, que pode acontecer ainda nesta semana, e as tratativas com Angola” para comprar a proteína brasileira.
O volume exportado aos Estados Unidos de janeiro a julho representou um crescimento de mais de 1.400% em comparação ao que foi comprado pelos norte-americanos no mesmo período do ano passado, somando mais de 18 mil toneladas embarcadas. Esse volume representou 63% das remessas brasileiras, que somaram um pouco mais de 30 mil toneladas exportadas no mesmo período.
Apesar dos números, a ABPA explica que as exportações de ovos representam apenas 1% da produção nacional, que deve fechar o ano em 62 bilhões de unidades, alta de 7,5% no comparativo com 2024.

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