Cotações
Dólar tem alta de 27,3% em 2024; qual a perspectiva para 2025?
Projeções indicam que o cenário cambial de 2025 estará condicionado às políticas fiscais e monetárias do Brasil e dos EUA, com possíveis impactos na inflação global
Sabrina Nascimento | São Paulo
31/12/2024 - 05:30

O dólar comercial, que iniciou o ano de 2024 cotado a R$ 4,91, encerrou o último pregão nesta segunda-feira, 30, com a cotação de R$ 6,19. Ao longo do período, a moeda norte-americana acumulou uma valorização de 27,3% frente ao real.
O mês de dezembro marcou um novo recorde da cotação: R$ 6,26, registrado na quarta-feira, 18. Na ocasião, os especialistas da Markestrat informaram que a depreciação da moeda brasileira frente ao dólar refletiu o pessimismo do mercado financeiro em relação ao pacote de corte de gastos enviado pelo Governo Federal ao Congresso Nacional. Somou-se ao cenário a adoção de uma política monetária com juros mais baixos nos Estados Unidos, atraindo mais investidores.
Para o agronegócio, a alta do dólar desencadeou dois efeitos. De um lado, houve aumento da competitividade das exportações, com algumas commodities como soja e carne bovina, atingindo novos recordes e registrando incremento de receita. Do outro, a valorização elevou os custos de insumos dolarizados, como fertilizantes e defensivos. Diante do quadro, alguns produtores postergaram as compras de produtos para a safra 2024/25.
Perspectivas para o dólar em 2025
O último boletim Focus do Banco Central divulgado na segunda-feira, 30, prevê um câmbio médio de R$ 5,96 no encerramento de 2025. O relatório reúne projeções de mercado para indicadores econômicos.
Segundo a Markestrat, alguns fatores devem ditar a taxa de câmbio no novo ano: as políticas fiscais e monetárias do Brasil e dos Estados Unidos (EUA) e as políticas externas adotadas por Donald Trump, eleito para mais um novo mandato na maior economia do mundo.
“A depender do protecionismo adotado pelo novo presidente americano, a inflação nos EUA poderia sofrer uma inflexão para cima, o que poderia exigir do Federal Reserve (Banco Central dos EUA), em um caso extremo, a elevação das taxas de juros no país. Se esse cenário se concretizar, o dólar certamente teria uma forte valorização em 2025, desencadeando um efeito cascata na inflação mundial”, detalha a consultoria em relatório.
Para o Brasil, as perspectivas cambiais estão ligadas diretamente à política fiscal e monetária interna. A combinação de um déficit primário elevado e a dificuldade de implementar um efetivo controle de despesas públicas cria um ambiente propício para a desvalorização do real. Com mais saídas do que entradas nas contas do Tesouro Nacional, o excesso de liquidez no mercado monetário exerce pressões inflacionárias adicionais.
Devido à desvalorização do Real e à possibilidade de aumento das taxas de juros nos EUA, o câmbio no Brasil poderia sofrer uma forte alta. “Se considerado que o Banco Central brasileiro só tem poder de interferência na política monetária via taxa de juros, é provável que o país possa ter uma Selic em patamares de 15%, o que seria nocivo ao capital produtivo dado o seu novo custo”, ressaltam os especialistas da Markestrat. Segundo o boletim Focus, a taxa Selic deve encerrar 2025 em 14,75%, ante o patamar de 12,25% no final de 2024.
Siga o Agro Estadão no Google News e fique bem informado sobre as notícias do campo.
Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Cotações
1
Preço dos ovos recua e atinge menor valor desde janeiro
2
Milho reage com demanda dos biocombustíveis: o que esperar no curto prazo?
3
Valorização do bezerro pressiona relação de troca com boi gordo
4
Óleo de soja supera farelo na margem da indústria pela primeira vez
5
Soja inicia outubro com recuperação de preços no mercado interno
6
Boi gordo: demanda interna aquece e indica leve recuperação dos preços
PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas
Cotações
Encontro Trump-Xi Jinping anima mercados e eleva preços da soja
Líderes de EUA e China se reúnem na próxima semana; no Brasil, milho para novembro encerra com forte queda
Cotações
Hortaliças registram queda nos principais mercados atacadistas em setembro
Maior queda foi verificada para a alface, com redução de 16,01% na média ponderada das cotações, explicada pela boa oferta da folhosa
Cotações
Futuros do café avançam mais de 8% no mês diante de baixa oferta
Enquanto isso, complexo soja mostra estabilidade e laranja amplia perdas com demanda externa enfraquecida
Cotações
Soja: prêmios sobem no Brasil e China adia compras, informa agência
Prêmios da soja brasileira seguem firmes em US$ 2,8–2,9 por bushel, acima dos praticados nos EUA, em torno de US$ 1,7 por bushel
Cotações
Preço da arroba do boi gordo deve avançar na reta final de 2025
Demandas interna e externa aquecidas devem impulsionar as cotações e câmbio pode determinar as exportações
Cotações
Feijão: mercado interno segue em baixa, enquanto exportações batem recorde
Chuvas em outubro e enfraquecimento do consumo interno limitam negócios, mesmo com avanço das vendas externas lideradas por Mato Grosso
Cotações
Ciclo de alta: futuros do boi gordo se aproximam de R$ 330 na B3
Mercado de reposição acompanha movimento de alta e preço do bezerro avança 1,32% em uma semana
Cotações
Milho reage com demanda dos biocombustíveis: o que esperar no curto prazo?
Markestrat Group aponta que recuperação dos preços do milho ocorre em meio a um cenário de maior demanda interna