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Boi gordo: mercado perde força enquanto exportações alcançam recordes

Novembro registra maior média diária de embarques da história, enquanto frigoríficos se programam para férias coletivas

Redação Agro Estadão

05/12/2025 - 11:41

As indústrias frigoríficas de maior porte já operam com escalas de abate completas para as próximas duas semanas, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Em vários estabelecimentos, funcionários já relatam férias coletivas a partir do dia 20, além de períodos mais longos de recesso para viagens de fim de ano.

Segundo os pesquisadores, com a programação adiantada, compradores têm pressionado os valores pagos pela arroba. A alta oferta relativa e a falta de urgência para preencher as escalas fazem com que alguns frigoríficos só atendam os pecuaristas quando há real necessidade de animais. “Ou seja, o grosso do mercado tem se mantido em instabilidade. Em um ou outro caso, no entanto, demonstrando falta de interesse de compra, tem frigorífico propondo valores bem menores”, destaca o Cepea, em boletim.

Nesse contexto, conforme o Cepea, em Dourados (MS), o boi gordo, negociado a R$ 325 no início da semana, chegou a receber oferta de R$ 310 por parte de um comprador, sem intenção clara de fechar negócio. Em Colíder (MT), houve caso de oferta de R$ 10 a menos por arroba para fêmeas. Os pesquisadores alertam que na maior parte das operações, porém, mantiveram-se os preços-base praticados.

Contraste na ponta vendedora

Pelo lado da oferta, pecuaristas também demonstraram baixo interesse em vender. De acordo com o Centro de Estudos, escritórios de compra e venda de gado já operam em ritmo reduzido diante da aproximação das festas de fim de ano.

No mercado de reposição, contudo, o movimento segue aquecido: garrotes com peso próximo ao de bezerros têm sido negociados acima de R$ 3.400 por cabeça. Bezerros em São Paulo e Mato Grosso variam entre R$ 2.700 e R$ 3.200. “Em Mato Grosso do Sul a média atual está cerca de 15% maior que a do ano passado em termos reais”, apurou o Cepea.

Demanda aquecida

No atacado, a demanda por carne bovina aumentou em dezembro. A carcaça casada — forma de comercialização da carne bovina — registrou média de R$ 22,78 na quinta-feira, 04, na grande São Paulo. Além do bom desempenho no varejo, as exportações seguem aquecidas há três meses.

Dados divulgados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mostram que as exportações de carne bovina in natura alcançaram em novembro a maior média diária da história: 16,762 mil toneladas enviadas por dia.

Embora o mês não tenha superado o recorde de outubro por ter menos dias úteis, o volume total, de 318,5 mil toneladas, foi o segundo maior da série histórica. “O resultado impressiona ainda mais considerando que os envios à China e EUA recuaram no mês. Os dois destinos que tiveram forte incremento foram Rússia e Indonésia. Ambos compraram o maior volume de carne bovina brasileira da série histórica, com 20 mil e 14 mil toneladas, respectivamente”, destacam os pesquisadores do Cepea.

O Centro destaca que, com um mês restante para o encerramento do ano, o desempenho de novembro elevou os embarques acumulados de 2025, que já superam em 10% todo o volume exportado em 2024.