Clima
Lavouras do RS e PR já refletem impactos das chuvas e geadas
Áreas com plantio de grãos são as mais afetadas; frio deve continuar, mas sem grandes chances de geadas generalizadas

Paloma Santos | Brasília
04/07/2025 - 11:04

A estabilidade climática desta semana trouxe alívio aos produtores do Rio Grande do Sul. Após sucessivos episódios de chuva, o tempo firme previsto até a próxima quarta-feira, 9, abre espaço para o avanço no plantio das culturas de inverno. No entanto, o frio e a umidade excessiva do solo ainda prejudicam o calendário agrícola e lavouras de hortaliças.
De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar publicado nessa quinta-feira, 3, “um sistema de alta pressão deverá atuar em todo o Rio Grande do Sul, com predomínio de sol até quarta-feira, 09, mantendo temperaturas baixas e geadas em locais como São José dos Ausentes e Jaquirana. As temperaturas devem permanecer baixas, mas sem atingir valores negativos”, diz o boletim.
A mínima prevista em áreas mais elevadas é de 2 °C, mas com sensação térmica de −6 °C em regiões mais altas em municípios como Bom Jesus, Capão do Tigre, São José dos Ausentes, Bom Retiro e Jaquirana. A partir do dia 9, uma frente fria poderá provocar chuvas fracas e isoladas.
Impactos das chuvas

Segundo a Emater/RS, a semeadura do trigo chegou a 50% da área projetada: “os produtores aceleraram a operação para aproveitar o tempo firme entre os dias 23 e 27 de junho”. O índice é inferior à média para o período nas últimas cinco safras, que era de 80%. A estimativa é de cultivo em 1.198.276 hectares, com produtividade prevista de 2.997 kg/ha.
A cultura da canola também sofreu com o excesso de umidade. Em Manoel Viana, por exemplo, “avalia-se a substituição da cultura”, já que o prazo de plantio estabelecido pelo Zarc foi encerrado há mais de dez dias.
Produção de folhosas e pastagens também foram afetadas
Nos hortigranjeiros, a combinação de frio e umidade impactou a oferta e a qualidade. Folhosas, como alface, rúcula, salsa e cebolinha, sofrem com o apodrecimento e a ocorrência de doenças fúngicas e bacterianas, especialmente em cultivos não protegidos. Em Soledade, “as perdas podem chegar a 50%”, especialmente para áreas com brócolis e couve-flor.
Na pecuária, o excesso de umidade e a falta de luz atrasam o crescimento das pastagens e comprometem a alimentação dos rebanhos, com perdas acima do normal mesmo onde o pastejo ainda é possível. Em São Gabriel, a situação é mais grave: já houve mortes por desnutrição. Segundo a Emater, “os alagamentos e a recorrência de eventos de precipitação intensa têm ocasionado perdas de nutrientes por lixiviação e erosão, reduzindo a produtividade e a qualidade das pastagens”.
Geadas e chuvas reduzem qualidade de lavouras no PR

No Paraná, a onda de frio também impactou as principais lavouras do estado, segundo o Boletim Conjuntural, divulgado também na quinta, pelo Departamento de Economia Rural (Deral). As geadas provocaram prejuízos, especialmente em áreas de grãos. O relatório de apontou uma piora nas condições do milho safrinha 2024/25. Na semana passada, 71% da área a ser colhida estava em condição boa, já nesta semana o percentual caiu para 68%. O Deral aponta ainda que as chuvas do final de junho atrasaram a colheita.
“Os danos estão evidentes, já que muitas lavouras estavam em floração”, destaca o boletim ao tratar da situação do trigo no Norte do estado devido ao excesso de umidade. Segundo o relatório, as lavouras em más condições subiram para 7%, o que representa mais de 50 mil hectares com desempenho comprometido. O relatório aponta ainda que “embora o frio deva continuar nas próximas semanas, não há previsão de novas geadas com potencial de danos para o trigo nesta primeira quinzena de julho”.

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