Clima
Aprosoja-MT redobra alerta com safra após 29 municípios decretarem situação de emergência
Excesso de chuva compromete a colheita da soja e a semeadura do milho safrinha e do algodão

Sabrina Nascimento | São Paulo
29/01/2025 - 13:00

O clima segue desafiando os produtores de Mato Grosso. Em decorrência do excesso de chuva, 29 municípios do estado decretaram situação de emergência até a terça-feira, 28. Diante do cenário, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja MT) reforça a perspectiva de atraso na colheita da safra de soja 2024/2025.
“Isso de certa forma já era esperado, pelo atraso de semeadura no plantio da safra 24/25 que também começou em ritmo muito lento. Porém, temos um fator que não contávamos, que é a grande quantidade de chuva. Nos últimos 20 dias, a chuva veio com força no estado, chuva em grandes volumes, e com muita frequência, impossibilitando os trabalhos no campo”, disse em nota, Luiz Pedro Bier, vice-presidente da Aprosoja-MT.
Acompanhamento do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgado na última sexta-feira, 24 indica conclusão dos trabalhos em apenas 4,22% da área semeada. O quadro configura um atraso significativo frente ao mesmo período do ano passado (13,01%) e também em relação à média dos últimos cinco anos, que é de 21,51%.
“Nós vemos algumas regiões, por exemplo, a região leste, falando que o ciclo normal da soja de 115 dias está passando para 120 dias, porque tem pouca luz solar, muita nebulosidade. O grão não consegue terminar o seu ciclo, ele começa a ficar vegetando”, informa Diego Bertuol, diretor administrativo da Associação Brasileira dos Produtores de Soja de Mato Grosso (Aprosoja MT).
Segundo Bertuol, alguns talhões estão há mais de 15 dias em processo de dessecação, resultando em até 20% de grãos avariados. Além disso, tem produtor enviando aos armazéns grãos com mais de 30% de umidade. “O que gera desconto de mais de 50% da carga”, afirma, reiterando que o agricultor enfrentou perdas por seca na safra passada e encara desvalorização do preço de comercialização.
Colheitadeiras avançam à medida que a chuva oferece uma trégua
Conforme o Agro Estadão registrou há cerca de 10 dias, um dos agricultores com dificuldade para iniciar a colheita de soja era Laércio Lenz, de Sorriso, município no norte de Mato Grosso. Ele tinha planejado iniciar sua colheita na segunda-feira, 13, mas devido a chuva, precisou adiar a entrada das máquinas na lavoura por cerca de uma semana.
Lenz relata que, nos últimos dias, o intervalo maior das chuvas tem permitido o progresso da colheita. “De uns três dias para cá estamos trabalhando bem e colhemos algo em torno de 600 hectares ao todo”, conta o produtor.
Alerta também para a safrinha de milho em Mato Grosso
Com o atraso nos trabalhos da soja, há um sinal amarelo ligado para a semeadura do milho 2ª safra no maior estado produtor de grãos do país. Os dados do Imea apontam para 1,15% da área cultivada, ante 11,23% no ano passado e 11,17% na média dos últimos cinco anos.
De acordo com relato do produtor e delegado da Aprosoja-MT, Cleverson Bertamoni, de São José do Rio Claro, diante do atraso de 20 a 30 dias na região, o que compromete a janela de plantio do milho safrinha. “Os produtores estão preocupados, porque já adquiriram as sementes de milho, já adquiriram o fertilizante, todos os insumos para a segunda safra e agora não tem como voltar atrás, talvez vai ter que plantar fora da janela”, sinaliza.
Conforme Bertamoni, apesar de ser uma ação arriscada, ela será necessária, uma vez que os insumos adquiridos não podem ser devolvidos. Além disso, a venda antecipada do cereal foi realizada a um preço inferior, o que acarretaria perda ao produtor caso ele não semeie.
Leia aqui como o clima está afetando a safra no sul do país.

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