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Clima pode fazer o alface desaparecer do Brasil até o fim do século; entenda

Segundo estudo da Embrapa, cultivo da folhosa mais consumida no Brasil enfrentará risco climático elevado ou muito elevado até 2100

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Redação Agro Estadão*

05/10/2025 - 08:00

Cultivo da alface pode ser prejudicado pelas mudanças climáticas. Foto: Adobe Stock
Cultivo da alface pode ser prejudicado pelas mudanças climáticas. Foto: Adobe Stock

Apreciada pela versatilidade, a alface é presença garantida nas saladas do dia a dia e nos sanduíches brasileiros. Mas plantar a hortaliça em campo aberto pode se tornar inviável nas próximas décadas. Projeções da Embrapa Hortaliças, em Brasília, apontam que, até 2100, praticamente todo o território nacional enfrentará risco climático alto ou muito alto para a produção da folhosa mais consumida do País.

O estudo utilizou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e modelos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Foram analisados dois cenários: um otimista, em que as emissões de gases de efeito estufa são parcialmente controladas, e outro pessimista, de crescimento contínuo das emissões. 

“Compreender como as mudanças climáticas podem afetar a produção de alface, em um país tropical como o Brasil, é essencial para desenhar estratégias de adaptação. Isso permite antecipar impactos e evitar prejuízos”, disse o engenheiro ambiental Carlos Eduardo Pacheco, pesquisador da Embrapa.

Projeções do clima

As projeções apontam que o verão será o período mais crítico. As temperaturas poderão superar 40°C em grande parte do País, bem acima do ideal para o desenvolvimento da alface, que exige clima ameno e umidade equilibrada. Entre 2071 e 2100, no cenário otimista (RCP 4.5), 79,6% do território terá risco alto e 17,4% muito alto. No cenário pessimista (RCP 8.5), 87,7% da área nacional estará sob risco muito alto.

Projeções para a Embrapa em cenário pessimista | Fonte: Embrapa
Projeções para a alface em cenário otimista | Fonte: Embrapa

“Os mapas evidenciam a urgência de pensarmos em sistemas produtivos adaptados ao clima, especialmente para hortaliças, que são mais sensíveis do que grandes culturas como milho ou soja”, afirma Pacheco. As estratégias estudadas incluem o desenvolvimento de variedades mais tolerantes ao calor e sistemas de produção adaptados, como cultivo em estufas, plantio direto de hortaliças e uso de bioinsumos.

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O engenheiro agrônomo Fábio Suinaga, também da Embrapa, explicou que as altas temperaturas ameaçam a germinação e a qualidade da planta. “Do ponto de vista evolutivo, a alface depende de temperatura amena e boa umidade para se desenvolver plenamente. Esses números projetados são preocupantes porque a adaptação da espécie às altas temperaturas é mínima, especialmente se considerar que as sementes exigem temperaturas inferiores a 22°C para germinar”, diz.

Para enfrentar o problema, a Embrapa tem apostado em cultivares mais resistentes, como a BRS Mediterrânea. Segundo Suinaga, essa variedade permanece menos tempo no campo e apresenta sistema radicular vigoroso, o que ajuda no aproveitamento de água e nutrientes. O produtor Rodrigo Baldassim, de São José do Rio Pardo (SP), afirma que a BRS Mediterrânea representa 80% de sua produção. “Ela aguenta melhor as altas temperaturas quando comparada a outros materiais comerciais”.

Os próximos passos da pesquisa incluem ampliar o mapeamento climático para outras hortaliças, como tomate, batata e cenoura, e usar modelos mais recentes do IPCC. Também está prevista a adoção de inteligência artificial para acelerar a geração de novos mapas de risco climático.

A folhagem queridinha do Brasil

Originária da Europa e da Ásia, a alface pertence à família Asterácea, como a alcachofra, o almeirão e a chicória ou escarola. É conhecida desde 500 anos antes de Cristo. Os teores de nutrientes variam um pouco entre os vários tipos de alface, mas todos fornecem vitaminas A, B1 e B2. A folhagem também é uma importante fonte de sais minerais, com destaque para o manganês. 

Segundo dados do IBGE, a produção brasileira de alface alcançou 671,5 mil toneladas, movimentando R$ 1,2 bilhão, segundo o censo agropecuário de 2017, quando o País contava com mais de 108 mil estabelecimentos produtores, sendo São Paulo o maior polo de cultivo. Os mapas do IBGE mostram concentração de valor de produção no Sudeste e no Sul, justamente as regiões que também enfrentarão risco elevado nas próximas décadas.

*Com informações da Embrapa

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