Segurança cibernética é estratégica para o agro brasileiro | Agro Estadão
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Celso Moretti

Engenheiro Agrônomo, ex-presidente da Embrapa

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Segurança cibernética é estratégica para o agro brasileiro

O emprego de ferramentas digitais, como drones, sensores, internet das coisas (IoT), inteligência artificial (IA) e computação em nuvem tem crescido de forma significativa

18/10/2024 - 08:00

Foto: Adobe Stock
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O tema agricultura digital já foi abordado nesta coluna anteriormente. Se por um lado o emprego de ferramentas digitais traz maior agilidade e competitividade para o setor, por outro traz também riscos de ataques cibernéticos.   

O mês de outubro marca o início do “Mês de Conscientização sobre a Segurança Cibernética”, uma campanha que teve sua primeira edição em 2004 nos Estados Unidos, promovida pela Cybersecurity and Infrastructure Security Agency (agência americana de segurança cibernética e infraestrutura – em tradução livre). Desde então, se espalhou por diversos países e comunidades, que anualmente promovem, neste mês, a conscientização sobre a cibersegurança, diante do aumento das ameaças e do risco cibernético.

Para os mais atentos, o tema não é novo. O uso de artefatos maliciosos (ransomware) que restringem acesso a dados e sistemas já foi empregado diversas vezes contra empresas do agro e do setor de alimentos no Brasil. Os dados são criptografados e o acesso é bloqueado até que o pagamento de um resgate (ransom) seja realizado. Estima-se no mundo que em 2023 algo em torno de US$ 1 bilhão tenham sido pagos como resgate a ataques cibernéticos, enquanto que US$ 8 trilhões foram despendidos em ações e gastos para prevenção e mitigação.

O ciberataque do tipo ransomware é o mais prevalente no agronegócio, segundo a Agência de Segurança Cibernética da Comunidade Europeia. Nos EUA, relatório do Bureau Federal de Investigação (FBI) indica o setor de infraestrutura crítica de alimentos e agricultura como o sétimo mais atacado por grupos de cibercriminosos. Dados no Brasil são extremamente limitados e dispersos. Faltam pesquisas e um recorte para o agro.  

Somente na última semana de setembro, segundo uma consultoria de monitoramento em inteligência de ameaças, ocorreram três grandes ataques a instituições públicas e privadas no país, com pedido de resgate. Uma tem destaque no agro.    

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Um caso emblemático de ataque foi o da JBS, maior processador de proteína animal do mundo. A multinacional brasileira sofreu ataque cibernético do grupo russo REvil em maio de 2021, o que levou o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a fazer uma declaração à imprensa e atuar conjuntamente com a Casa Branca e o Departamento de Segurança Nacional dos EUA. O ataque paralisou as plantas nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, por quase uma semana, fato este que motivou a JBS a pagar um resgate recorde, à época, no valor de US$ 11 milhões em criptomoedas a fim de proteger o mercado e seus consumidores. É considerado ainda hoje o segundo maior resgate conhecido na infraestrutura crítica de agricultura e alimentos. 

A transformação digital no campo, via crescente conectividade rural e emprego das tecnologias digitais e sistemas cibernéticos, bem como nos demais agentes econômicos (indústrias de máquinas e equipamentos, agroindústrias processadoras e empresas de serviços) integrantes das cadeias produtivas do agronegócio, trazem consigo inúmeros avanços, mas também uma nova classe de riscos, advindos de incidentes e ataques cibernéticos. 

Assim como o agro vem se antecipando há décadas contra a ocorrência de pragas e doenças com alto potencial de dano e adotando soluções que permitem a mitigação e a adaptação a mudanças climáticas é urgente que o setor, em conjunto com outros atores públicos e privados, avance de forma consistente na prevenção e estabelecimento de rotinas contra a ocorrência de ataques cibernéticos. O potencial de causar desabastecimento, processos inflacionários e insegurança alimentar é devastador. 

Para um setor que responde por quase 30% do PIB, um terço dos empregos formais e a uma parcela significativa das exportações brasileiras, estar preparado para enfrentar tais desafios é uma questão de segurança nacional.    

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