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Welber Barral

Conselheiro da Fiesp, presidente do IBCI e ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Swap EUA-Argentina como estratégia geopolítica

Apoio de Trump ao governo de Milei deixa claro que a ajuda é condicional e persiste enquanto houver convergência ideológica

20/10/2025 - 11:08

Foto: Adobe Stock
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A decisão recente dos Estados Unidos de conceder à Argentina uma linha de swap cambial de US$ 20 bilhões é um movimento de política externa com implicações econômicas, simbólicas e estratégicas.

O swap cambial, instrumento usual entre bancos centrais, permite ao país beneficiário acessar divisas fortes – como o dólar – mediante compromisso de recompra futura, a taxas pré-estabelecidas. Serve para prover liquidez temporária, atenuar pressões sobre reservas internacionais e conter expectativas de desvalorização desordenada.

No caso, o swap recém-anunciado pelo Secretário do Tesouro dos EUA funciona não apenas como mecanismo de estabilização cambial, mas também como salvaguarda política à administração Milei, diante de um cenário cambial pressionado, inflação persistente e baixa confiança do mercado.

É verdade que o governo argentino obteve um feito notável ao registrar superávit fiscal primário nos primeiros meses de 2025. No entanto, a política monetária segue fragilizada. O regime de bandas cambiais, com desvalorização mensal programada, revelou-se insuficiente frente à fuga de capitais e à dolarização informal da economia, características longevas da economia vizinha. E isto porque a escassez de reservas e a fragilidade institucional minam a credibilidade do modelo.

Ao mesmo tempo, o apoio dos EUA à Argentina pode ser compreendido em um contexto de reconfiguração regional. Milei é visto por Washington como um aliado em contraponto à influência chinesa e à instabilidade sul-americana. A ajuda financeira funciona como instrumento de alinhamento geopolítico, com contrapartidas implícitas em temas como segurança, energia e voto em organismos multilaterais. Contudo, o apoio é condicional. A retórica de Trump, que endossou a operação, deixa claro que a ajuda persiste enquanto houver convergência ideológica.

A movimentação reforça a importância de coordenação macroeconômica, previsibilidade regulatória e autonomia monetária. O Brasil, com reservas robustas e câmbio flutuante, está distante da vulnerabilidade argentina – mas não imune às turbulências regionais e às pressões dos ciclos políticos globais.

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A lição da experiência argentina não é novidade e já é sabida: estabilidade duradoura exige instituições sólidas, reformas consistentes e políticas públicas ancoradas em consenso social. Estes elementos não parecem se materializar hoje à margem do Rio da Prata.

O swap EUA-Argentina é um gesto de apoio bilateral que combina técnica financeira e sinalização política. Representa uma tentativa de estabilizar o curto prazo, mas seu êxito dependeria de avanços internos duradouros. Para a Argentina, trata-se de nova tentativa de modelo que já não funcionou. Para o Brasil, de uma advertência.

*Welber Barral – Sócio de Barral Parente Pinheiro Advogados, Doutor em Direito Internacional (USP).

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