
Teresa Vendramini
Produtora Rural, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Rota Bioceânica: Oportunidade Histórica para o Agronegócio Brasileiro
O mercado asiático é um dos principais parceiros comerciais do Brasil e isso não é novidade para ninguém
14/02/2025 - 08:00

Só em 2024, exportamos mais de 73 milhões de toneladas de soja e 1,33 milhão de toneladas de carne bovina para a China, por exemplo. Mas o que poucos sabem é o impacto dos custos logísticos no transporte dos produtos brasileiros até o outro lado do mundo. Um trajeto que pode levar de 30 a 45 dias, dependendo da rota, do tipo de navio e das condições climáticas. Agora, imagine encurtar esse caminho e reduzir em até 17 dias a chegada dos produtos brasileiros aos nossos parceiros asiáticos.
Esse é um dos benefícios da Rota Bioceânica, também chamada de Rota de Integração Latino-Americana (RILA). Para quem não está familiarizado, eu explico: está em construção uma estrada transnacional que atravessará Brasil, Paraguai, Argentina e Chile. A rodovia, com mais de 3.400 km, vai ligar o nosso centro-oeste brasileiro aos portos do Chile, criando um elo direto entre o Atlântico e o Pacífico e ampliando o acesso aos mercados asiáticos.
A obra promete fortalecer o setor produtivo brasileiro, descongestionar o Porto de Santos e reduzir os custos logísticos. Estudos da Empresa de Planejamento e Logística (EPL) indicam que essa nova alternativa poderá encurtar em 9,7 mil quilômetros a rota marítima das exportações brasileiras para a Ásia. Atualmente, muitos produtos saem pelos portos de Santos e Paranaguá – com a Rota Bioceânica, os portos chilenos de Iquique, Antofagasta e Mejillones serão estratégicos.
Além de proporcionar mais competitividade aos produtos brasileiros no mercado internacional, sobretudo ao agronegócio, a Rota Bioceânica levará desenvolvimento e renda por todo o seu trajeto. Novos investimentos em infraestrutura, pólos industriais e logísticos e a geração de empregos serão algumas das consequências positivas.
Entre as cidades beneficiadas diretamente estão Porto Murtinho (Brasil), Carmelo Peralta (Paraguai), Loma Plata e Mariscal Estigarribia (Paraguai), além de Tartagal (Argentina). A nossa Três Lagoas, em Mato Grosso do Sul, será um dos principais pólos exportadores e se consolidará como ponto estratégico nessa nova rota comercial, atraindo investimentos e gerando novas oportunidades.
O governo de Mato Grosso do Sul está à frente desse projeto. Por isso, Campo Grande será palco, nos dias 18 e 19 de fevereiro, do Seminário Internacional da Rota Bioceânica, reunindo autoridades dos quatro países envolvidos para discutir temas essenciais, como o funcionamento das alfândegas e o desenvolvimento econômico das regiões afetadas.
Essa iniciativa representa um grande passo para a integração econômica da América do Sul e para a consolidação do Brasil como um dos principais players do mercado agropecuário global. Resta acompanhar o andamento das obras e garantir que os desafios sejam superados para que essa nova era logística se concretize.
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