
Marcos Fava Neves
Especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Olhar sobre o mercado Agro em fevereiro
Veja o que esperar dos principais mercados relacionados ao agronegócio em fevereiro

Começo aqui no Estadão um novo projeto de tentar contribuir com a tomada de decisão dos milhares de profissionais que atuam no Agro. Em nossa coluna, trarei fatos recentes, destacando evoluções do mercado, pontos de preocupação e recomendações.
Como estão os mercados neste fevereiro?
No mercado de grãos, o relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ampliou a previsão de produção do milho em 2023/24, para 1,235 bilhão de t, oferta 6,9% maior que a safra passada. Com isso, os preços seguem caindo, mesmo com as quebras na safra brasileira (a saca do milho estava em R$ 61,00 para entrega em Cooperativa de São Paulo em 05/02).
Soja e milho
Na soja, a produção global também deve crescer nesse ciclo em 6,3%, totalizando 399,0 milhões de t. No Brasil, a colheita já superou os 16,0% da área total (AgRural), bem superior aos 9,0% no mesmo período de 2023. Com isso, a área plantada de milho safrinha já alcança 27,0% e é a mais acelerada da história.
Em relação aos preços da soja, na minha visão devem ficar como estão pelos próximos dois a três meses, quando a atenção se volta para a safra americana, a menos que as perdas surpreendam. O milho tem mais chances de subir, caso a safrinha, que corre riscos, tenha mais problemas. Temos que seguir acompanhando as informações de colheita e plantios diariamente.
Algodão
No algodão, a produção global foi reestimada em 24,64 milhões de t no relatório de janeiro do USDA, queda de 3% em relação ao ciclo anterior. A semeadura no Brasil havia alcançado 77,0% até o final de janeiro, quase 13 pontos percentuais a mais do que no mesmo período de 2023. Em 05/02, a pluma era negociada a R$ 132,82/@, com base no indicador da Esalq/USP. Brasil deve ocupar mais espaço no mercado internacional, com uma grande produção.
Carnes
Nas carnes, as exportações de carne bovina começaram 2024 com desempenho superior ao do ano passado. Nos primeiros 20 dias úteis, o Brasil vendeu 757,8 milhões de t (+ 21,5%) a preços médios em US$ 4.508,50/t (+ 13,1%).
O USDA já havia previsto, no relatório mais recente (janeiro/2024) uma alta na produção global da carne bovina em 2024 (59,5 milhões de t; + 0,1%). No frango e na suína, o órgão prevê uma produção de 15,1 milhões de t (+1,3%) e 4,7 milhões de t (+ 4,5%), respectivamente.
Já nas exportações, o Brasil deverá embarcar 3,0 milhões de t da carne bovina (+3,1%; 24,7% do mercado), 4,9 milhões de t do frango (+3,4%; 35,4% de participação) e 1,5 milhão de t da carne suína (+6,3%; 14,7% de participação). Preços giram em torno de R$ 240,20/@ para o boi gordo (Cepea/B3); R$ 7,30/kg do frango congelado em São Paulo (Cepea/Esalq); e R$ 5,78/kg do suíno a retirar em Santa Catarina (Cepea/Esalq). O mercado internacional aponta ser melhor neste ano, quem sabe o preço da arroba recupera um pouco.
Açúcar e etanol
Finalmente, no açúcar e etanol: a atualização da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar), aponta para uma moagem de cana em 645,4 milhões de t (+ 18,9%), produção de açúcar em 42,1 milhões de t (+ 25,5%) e etanol em 31,8 bilhões de litros (+ 14,8%).
As vendas do açúcar começaram o ano aceleradas: foram 2,8 milhões de t embarcadas nos 20 primeiros dias de janeiro, média diária 55% superior à do mesmo período de 2023, com bons preços. Os impactos do clima na Índia e Tailândia, bem como restrições para exportações, têm sustentado estes bons valores.
No etanol, as vendas na primeira quinzena do ano cresceram 50%, totalizando 1,36 bilhão de litros (Unica). No hidratado, o crescimento das vendas foi de 93%, indicando uma provável recuperação de participação para o biocombustível, mas os preços não estão contribuindo para o valor do Consecana, que caiu muito em janeiro e deve fechar a safra ao redor de R$ 1,20/kg.
Fevereiro vem sendo bem agitado para o Agro, muita coisa em andamento. Tenham boas decisões!
Siga o Agro Estadão no Google News, WhatsApp, Instagram, Facebook ou assine nossa Newsletter

Newsletter
Acorde
bem informado
com as
notícias do campo
Mais lidas de Opinião
1
Veto presidencial prejudica setor agropecuário
2
Um outro Brasil
3
Política Agrícola: Câmbio e China
4
Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em fevereiro
5
O Brasil e seu NDC: ambição verde versus realidade
6
Novidades na pesquisa agropecuária e um problema antigo

PUBLICIDADE
Notícias Relacionadas

Opinião
Marcos Fava Neves: 5 pontos para ficar de olho no mercado agro em fevereiro
No segundo mês de 2025 será importante acompanhar as safras brasileira e argentina, além do cenário econômico e político mundial

Marcos Fava Neves

Opinião
O Brasil e seu NDC: ambição verde versus realidade
Não serão poucos os efeitos internacionais dos impactantes atos executivos assinados por Trump ao assumir novamente a presidência

Welber Barral

Opinião
Novidades na pesquisa agropecuária e um problema antigo
Um conjunto de ações em andamento deve contribuir para que diferentes setores da agropecuária brasileira sejam beneficiados com inovações neste e nos próximos anos

Celso Moretti

Opinião
Um outro Brasil
Há um país sensato que faz, que inova, que sua a camisa, que se envolve e que cobra o governo para fazer a sua parte na saúde, na educação, na segurança e no desenvolvimento

Francisco Turra
Opinião
Veto presidencial prejudica setor agropecuário
Neste artigo, a Faesp manifesta preocupação e repúdio à decisão do presidente da República envolvendo o seguro rural

Tirso Meirelles
Opinião
Política Agrícola: Câmbio e China
Produzir proteína em larga escala implica ficar mais exposto à dependência que o câmbio e o comércio internacional têm com relação à situação geopolítica. Trump rugindo será um gato ou um leão?

José Carlos Vaz
Opinião
Agro em janeiro: 5 pontos para ficar de olho
Dólar em patamares recordes, início do novo governo Trump e efeitos do clima nas lavouras; o que esperar de janeiro para o agronegócio

Marcos Fava Neves
Opinião
2024: setores público e privado juntos para fortalecer a transição energética
Este ano de 2024 acumulou boas notícias para o setor de biocombustíveis, em especial para a indústria de biodiesel, que completa 20 anos

Francisco Turra