Teresa Vendramini
Produtora Rural, ex-presidente da Sociedade Rural Brasileira
Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão
Opinião
Geopolítica da carne
México elevou em 198% as compras de carne bovina em 2025 e pode habilitar 14 novos frigoríficos do Brasil
10/09/2025 - 10:00

No dia 9 de julho, o Brasil recebeu, em sobressalto, a carta dos Estados Unidos que impunha 50% de tarifa sobre os produtos brasileiros destinados ao mercado norte-americano. Desde então, temos acompanhado um debate intenso e, muitas vezes, sem fim, sobre os caminhos para solucionar esse impasse. O mercado do boi gordo sentiu o impacto: os preços caíram e houve instabilidade no setor.
Mas o tempo, como os sábios bem sabem, mostrou caminhos alternativos e está ajudando a atenuar os efeitos iniciais. Hoje, os preços do boi gordo voltaram aos patamares anteriores à imposição das tarifas. Além disso, ampliamos nossas exportações e, surpreendentemente, mesmo sem os Estados Unidos, exportamos o segundo maior volume da série histórica. Dados da Abiec informam que, em agosto, vendemos 20% mais carne bovina em comparação com o mesmo período do ano passado.
Fortalecemos ainda as relações com outros corredores importantes, como México, Rússia, Chile, Filipinas e Egito. Para ter uma dimensão, apenas o México aumentou em 198% as compras de carne bovina no acumulado deste ano e ainda anunciou a possibilidade de habilitar 14 novos frigoríficos brasileiros.
Tudo isso é resultado de um trabalho contínuo que o Brasil vem realizando, antes e depois da porteira. Com gestão adequada, nossa pecuária se tornou mais produtiva e sustentável. Melhoramos a reputação sanitária do rebanho com o status de país livre de febre aftosa sem vacinação, conquista que certamente abrirá novos corredores comerciais. Temos o maior rebanho do mundo, oferta consistente e competitividade reconhecida internacionalmente.
A geopolítica da carne está, mais uma vez, em transformação. Foi assim com a chegada da China e a imposição do chamado “Boi China”, que trouxe grandes benefícios produtivos e nos fez olhar a pecuária de corte de outra maneira. Hoje, a provocação vem dos Estados Unidos, nos incentivando a diversificar mercados. E, adiante, virão outros desafios como o acordo entre União Europeia e o Mercosul.
O que precisamos ter sempre em mente é o nosso valor. Nossa pecuária é de qualidade, sustentável e competitiva. Somos perseverantes e produtivos. Cabe a nós erguer a cabeça e continuar trabalhando. Este é o perfil do brasileiro e, especialmente, do pecuarista, que, independentemente das próximas movimentações da geopolítica da carne, continuará produzindo e construindo caminhos para o setor.
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