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Tirso Meirelles

Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp)

Esse texto trata de uma opinião do colunista e não necessariamente reflete a posição do Agro Estadão

Opinião

Crédito Rural: prudencial e fundamental

A falta de acesso a um seguro agrícola abrangente e eficaz é outra demanda urgente

27/10/2024 - 08:00

Foto: FAESP/Divulgação
Foto: FAESP/Divulgação

Em 2024, o setor agropecuário brasileiro enfrenta um aumento significativo no número de pedidos de renegociação e na inadimplência do crédito rural. Esse fenômeno tem sido impulsionado por diversos fatores, refletindo as dificuldades econômicas e climáticas que atingiram o campo, de Norte a Sul do país. Entre os principais motivos, está a combinação de uma safra prejudicada por eventos climáticos, como secas, altas temperaturas e enchentes, que afetaram diretamente a produtividade agrícola. A queda na produção comprometeu a capacidade dos produtores de gerar receita suficiente para honrar suas dívidas, especialmente em regiões que sofreram perdas severas.

Outro fator agravante para o aumento da inadimplência foi o elevado grau de alavancagem ou endividamento dos produtores rurais. Nos últimos anos, muitos agricultores recorreram ao crédito para financiar seus investimentos e aumentar a produção. Apesar das políticas de juros subsidiados do governo, o aumento da taxa Selic e o encarecimento geral dos insumos agrícolas têm pressionado as margens dos produtores. Isso dificultou o pagamento das parcelas dos financiamentos rurais, especialmente para aqueles agricultores que dependem fortemente de crédito para sustentar suas operações.

Além disso, a acentuada desaceleração na economia global, agravada pelas tensões internacionais e crises comerciais, também impactou o setor agrícola, gerando incertezas quanto à expansão da demanda externa e dinâmica dos preços internacionais. 

Com o cenário de receita de exportações menos vibrante e menor competitividade, muitos produtores se depararam com preços menores das commodities agrícolas. O mercado de grãos, carne e outros produtos agropecuários enfrentou oscilações negativas de preços que impactaram diretamente o faturamento e margens das propriedades agropecuárias. 

A falta de acesso a um seguro agrícola abrangente e eficaz é outro problema que agrava a situação. Embora existam opções de seguro rural, muitos produtores ainda não têm acesso a produtos de seguro eficientes para proteger suas lavouras contra eventos climáticos extremos. Sem um seguro adequado, os agricultores ficam mais vulneráveis e têm maior dificuldade em manter sua capacidade de pagamento em tempos de crise. 

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Por fim, as políticas de renegociação de dívidas e a burocracia nos programas de refinanciamento também têm dificultado o alívio financeiro. A médio prazo, é essencial que sejam adotadas políticas públicas que garantam maior previsibilidade econômica e proteção contra eventos climáticos, além de uma revisão das condições de acesso ao crédito para o setor agrícola. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp) tem reiterado junto às esferas de governo da necessidade de uma atenção especial aos produtores que já foram penalizados pela crise climática.

Embora existam iniciativas para renegociar ou prorrogar os prazos de pagamento, a demora no processamento desses pedidos, a falta de informações claras e disposição por parte das instituições financeiras fazem com que muitos agricultores não consigam ajustar suas finanças rapidamente, postergando a resolução do problema e o ajuste a este ciclo de baixa. Vale lembrar que os créditos são pagos com o fruto da venda de suas culturas e, quando há quebra, ou quando colheitas são dizimadas, os parcos recursos ficam ainda mais restritos. Isso porque, além de buscar recursos para reinvestir na plantação, comprando novas sementes, eles precisam garantir a sobrevivência das famílias e pensar em formas de conseguir novo crédito para pagar o que havia sido contratado. 

O crédito rural é fundamental para a modernização e o crescimento da agropecuária, mas seu uso deve ser prudente, dentro de um certo limite de endividamento, caso contrário, pode se transformar em uma ignição para a corrosão do patrimônio, sobretudo no contexto atual de elevadas taxas de juros.

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